quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O mundo é um moinho... 100 anos de Cartola!




"...Preste atenção o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó..."


Ele foi/é uma prova viva que a classe trabalhadora pode superar o embrutecimento, a ignorância, a insensibilidade, a reificação, a alienação que a burguesia tenta nos relegar. Viva os 100 anos de Cartola!



Crônica: Cartola é 100

Ou como o Guima, numa tarde ensolarada carioca, ajudou o amigo paulista a recontar algumas passagens da história de um dos maiores nomes da música brasileira

Aldo Gama,

da Redação do jornal Brasil de Fato


Encontrei com o João Guimarães – o Guima, não o Rosa – em um bar ali nas proximidades dos arcos da Lapa, numa dessas tardes cariocas de calor sufocante. Enquanto disputávamos um lugar no balcão lotado, o Guima desferiu uma gentil cotovelada em minhas costelas:

– Corre que eu achei uma mesa vagando!


E fomos atravessando o salão, entupido de gente, com ele me rebocando pela camisa enquanto entoava o mantra “com licença, perdão, desculpa, ôpa, obrigado, desculpa...” até uma mesinha perto da janela.


Sentados e acomodados, partimos para os comes e bebes. Ele foi de bolinho de bacalhau, eu pedi de carne. Ele riu e eu mudei de idéia.

– Comer carne aqui é de uma valentia...– completou.


O garçom, que acompanhava a conversa sem muito interesse, concordou com a cabeça.

– Mas diga lá, como vão as coisas em São Paulo.

– Muito trabalho...

– O quê? – Interrompeu – Trabalho em São Paulo? Não acredito!

– Esse estereótipo...

– Tá bom, mas diga lá o que te traz ao Rio.

– Preciso escrever sobre o centenário do nascimento do Cartola. Você chegou a conhecê–lo, não?

– Rapaz, não vou dizer que éramos amigos, mas...

– Ai, não começa com cascata que o negócio é serio.

– Tá bom.

– Ele era da Mangueira, não era?

– As pessoas confundem. Principalmente os paulistas, né? – Provocou. – Ele é um dos fundadores da Escola, mas não é de lá. Ele nasceu no Catete, em 1908, depois foi pras Laranjeiras e só foi morar no Morro da Mangueira aos onze anos de idade.

– Agenor de Oliveira, não é ?

– Na verdade Angenor. Erro do cartório que ele só descobriu quando foi casar com a Dona Zica, em 1964.

– E como é que você guarda essas datas, hein?

– Aprendi apontando o jogo do bicho. – respondeu com um sorriso insano. – Ou foi me preparando pro concurso de Miss Niterói. Sabe Deus...

– E por que Cartola?

– Jovem ainda, trabalhando como ajudante de pedreiro, usava um chapéu coco para proteger o cabelo do cimento. Os amigos chamavam aquilo de cartola e o apelido pegou.

– E quando é que ele vai se envolver com a música?

– Ih, desde menino. Aqui no Rio, o samba...

– Pô, será que eu vou ter que lembrar que você é mineiro?

– Mas carioca de adoção! Chefia, mais uma por favor!

– E a música?

– Olha só: ele já era ligado aos ranchos em Laranjeiras. Um deles era o Arrepiados, que ele gostava tanto que levou suas cores, o verde e rosa, pra Mangueira. Mas também tem o verde e grená do fluminense, então... No Morro, ele participou da criação do Bloco dos Arengueiros, em 1925. Esse foi o embrião do Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira.

– Primeira Escola de Samba ou primeira estação da Central do Brasil?

– Aí vai uma imprecisão histórica. Ou justiça poética. Porque a Mangueira não é nenhum nem outro. A primeira escola de samba foi a Deixa Falar, embora a Mangueira tenha sido a primeira a oficializar uma data de fundação, em 28 de abril de 1928. Já quanto à estação de trem, a D. Pedro II é de 1866.

– E o Cartola já era músico profissional nessa época?

– Olha, a carreira dele é, para alguns historiadores, uma metáfora da história do próprio samba, com épocas de sucesso e abandono. Ele teve que parar de estudar cedo. Mal tinha completado o primário quando a mãe morreu e ele teve que trabalhar. Viveu de uma série de biscates, como gráfico, auxiliar de pedreiro... Profissionalização mesmo só pra meados dos anos 60.

– Mas ele já não era famoso antes?

– Ele foi famoso, primeiramente, no Morro, entre os sambistas. Aliás, o primeiro samba-enredo da Mangueira, Chega de demanda, de 1928, é dele. Mas a primeira gravação é de 1929, do Francisco Alves. O Mário Reis passou para ele um samba que tinha comprado do Cartola, Que infeliz sorte, por 300 mil-réis. Aí ele começa a vender outras composições...

– Mas como se sabe que a música era dele?

– Ao contrário de muitos compositores da época, o Cartola vendia os direitos da gravação e não os de autoria. Agora, sucesso mesmo, popular, é em 1933, quando o Francisco Alves lança Divina dama.

– Ele foi contemporâneo de Noel Rosa, não foi?

– Foram amigos, inclusive. Noel passou algum tempo em sua casa e fez a segunda parte do samba Diz qual foi o mal que te fiz, mas não quis assinar, deixando os direitos para o parceiro.

– Mas quando é que ele...

– Ah, você quer saber do nariz?

– Como é que é?

– Nada, nada. Garçom, outra gelada, faz favor!

– Bom mas e o sucesso...

– Ih, mas que mania, rapaz. Vamos com calma. – Disse com a voz já meio amolecida – Não quer saber das mulheres?

– Bom, eu não escrevo para revista de fofoca.

– Ah, paulisssssta! Mas um poeta como esse depende de suas musas, não? Quando a mãe dele morreu, ele tinha uns 15. Abandonou os estudos para trabalhar e começou a conhecer a boemia. Tanto que, lá pelos 17, seu pai o deixa por conta própria. Aí, soltinho, caiu na esbórnia. Bebiba, namoradas... Tanto descuido e acabou doente. A mulher que morava no barraco ao lado do seu acabou por cuidar dele. Deolinda era sete anos mais velha, casada e com uma filha de dois. Mas uma coisa levou à outra e eles acabaram juntos.

– Sem tiro?

– Aparentemente... Ficaram juntos até a morte dela, em 1947. Mas temos que falar dos anos perdidos também..

– Como assim?

– Em 1946, ele teve meningite e sumiu de cena. A Deolinda cuidou dele e morreu no ano seguinte. Ele então se envolveu com uma mulher chamada Donária. E como o Cartola mesmo disse, largou tudo por ela, a Mangueira, a música, e estava morando no Caju. Aí, em 1952, ele e a Dona Zica se reencontraram. Ele estava na pior, bebendo muito, o nariz...

– Que mania com nariz, rapaz!

– Mas nesse caso faz sentido. O nariz dele parecia uma couve flor por causa de uma doença chamada rosácea.

– Nas fotos ele aparece normal, mas com uma mancha escura.

– É que ele ganhou uma cirurgia do Pitanguy ali pelo começo dos anos 60.

– Mas a Zica começou a namorar com ele em 52...

– Prova de que era amor mesmo. Garçom, mais uma aqui!

– E quando terminam esses anos perdidos?

– Não há uma data precisa, mesmo porque quando ele se junta com a Zica começa a se recuperar, bebendo menos... Voltando pra Mangueira, voltando pra música. Aí, em 1956, ele foi reconhecido pelo Sérgio Porto enquanto lava carros. O Sérgio o ajudou a arrumar um emprego e ele foi voltando, aos poucos, a ficar em evidência.

– Esse Sérgio é o Stanislaw Ponte Preta?

– Isso. Mas tinham outros que não deixavam seu nome ficar esquecido, como o historiador Lúcio Rangel, que o chamava de Divino...

– Como o Ademir da Guia? – Interrompi.

– ...E muitos outros. – Ignorou – Aí, em 1963, ele inaugura o Zicartola, que para muitos é um marco na história do samba, porque contava com apresentações dos melhores sambistas do morro que eram assistidos por uma nova geração. Aliás, Cartola dizia que tinha pago o primeiro cachê do Paulinho da Viola...

– Foi o auge?

– Só o começo. A coisa esquenta mesmo nos anos 70. Muito tardiamente, em 1974, ele lança um disco individual, com uma série de clássicos. O trabalho recebeu prêmios, rendeu vários shows e ele conheceu uma popularidade inédita na carreira. Gravou ainda outros três discos em estúdio.

– Tem aquelas bem manjadas, como a do moinho.

– Rapaz, outro dia eu ouvi na internet, na página da Beth Carvalho, uma gravação do Cartola mostrando As rosas não falam pra ela. Depois ele toca O mundo é um moinho, mas diz que não é pra ela, que ela ia “queimar a música” e tal. Mas ela gravou a primeira em 1976 e foi um super sucesso. Aí a outra ela gravou no ano seguinte e, me parece, funcionou muito bem. Aliás, garçom, mais uma faz favor. E traz um conhaque também.

– Você não tem que voltar pro trabalho?

– O Cartola gostava de beber cerveja com conhaque. Eu acho uma boa escolha. E olha só: ele nasceu no dia que morreu o Machado de Assis... Os dois mulatos, imortais... Mas falando nisso, tem o Sargentelli e as mulatas... É isso, vamos ver as mulatas do Sargentelli!

– Acho melhor irmos...

– Quando o primeiro disco saiu, ele já tinha 66 anos. Morreu em 1980, de câncer. O primeiro disco do Balão Mágico é de 1982...

– Tá ficando tarde. Vamos indo. Garçom?

– Mais uma!

– A conta!

O Guima me olhou contrariado, meio com raiva, meio com sono. E logo já não lembrava de nada. Pagamos a conta e foi minha vez de rebocá-lo até o ponto de ônibus que, por sorte, passou logo.

– O Nélson Sargento disse que o Cartola não existiu, que foi um sonho que tivemos. – Disse quando finalmente sentamos e começamos a chacoalhar rumo a Vista Alegre.

– Você não comeu o bolinho de carne, não é?

– Não. – Respondi.

– Sorte... – Emendou fechando os olhos.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Cultura revolucionária


Perguntas de um trabalhador que lê

Bertold Brecht

Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros estão nomes dos reis.
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilônia, tantas vezes destruída,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos do triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A cantada Bizâncio
Só tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as Índias.
Sozinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe da Espanha
Chorou.E ninguém mais?
Frederico II ganhou a Guerra dos Sete Anos.
Quem mais a ganhou?

Em cada página uma vitória.
Quem cozinhava os festins?

Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantas histórias.
Quantas perguntas.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Lições do colapso da Wall Street (por James Petras)




O colapso em curso do mercado de acções e a perda de centenas de milhares de milhões de dólares administrados pelos bancos de investimento da Wall Street ilustra as armadilhas e ciladas do capitalismo de livre mercado que confronta toda a população trabalhadora dos Estados Unidos.

1. A quase bancarrota da Segurança Social. A tentativa da Casa Branca e dos principais congressistas republicanos e democratas, há apenas três anos atrás, de "privatizar" a Segurança Social – essencialmente entregando a administração e fundos de investimento de milhões de milhões (trillions) da Segurança Social à Wall Street – com o argumento de que investidores privados acumulariam mais, teria levado à bancarrota de todo o fundo da Segurança Social. A privatização teria permitido aos principais bancos de investimento especularem e alavancarem instrumentos financeiros ainda mais arriscados com os resultados desastrosos que estamos hoje a testemunhar. Enquanto fundos privados de pensão vão à falência – a Segurança Social continua. Foram as pensões privadas que foram à bancarrota – não o fundo da Segurança Social administrado publicamente, ao contrário do que diziam peritos e críticos da Segurança Social. Evidentemente a actual derrocada privada argumenta em favor do controle público e da sua administração de programas de pensão.

2. Todos os principais fundos de pensão privados para empregados públicos e privados , incluindo TIAA CREF, CALPERS e pensões de sindicatos de trabalhadores perderam algo entre 23% e 30% desde Janeiro e mostram crescimento negativo ao longo dos últimos cinco anos. Evidentemente, a ligação de fundos de pensão ao mercado de acções reduziu severamente os padrões de vida dos aposentados, forçando muitos a permanecerem na força de trabalho com mais de 70 anos e para além disso ou a afundarem na pobreza. Pensões ligadas a actividade produtiva financiada publicamente evitariam as perdas e riscos implícitos em investir no mercado de acções.

3. As decisões estratégicas bipartidárias de converter os EUA numa economia de "serviços", em oposição a uma economia manufactureira avançada e diversificada, é a causa raiz do colapso do sistema financeira dos EUA e da emergente recessão a longo prazo. A partir da década de 1960, a elite política adoptou diretrizes que promovem as finanças, o imobiliário e os seguros, os chamados sectores FIRE que aumentaram rendas, redirigiram subsídios, proporcionaram concessões e subsídios fiscais e destruíram ou deslocaram a indústria. A reconversão da economia FIRE outra vez a uma economia manufactureira equilibrada e ao estado previdência, essencial para reverter o colapso da economia dos EUA, exigirá uma grande reviravolta política.

4. A fuga maciça do capital de sectores produtivos para o FIRE foi acompanhada pelo enorme incremento do capital para o exterior, tornando a economia interna super dependente dos "serviços", particularmente volátil e de arriscados "serviços financeiros" e também com consumidores altamente endividados.

A conversão dos EUA de uma economia diversificada para uma monocultura "FIRE" aumentou a probabilidade de um colapso geral se e quando o mercado financeiro/imobiliário vier abaixo. A recuperação e o crescimento sustentado só pode ocorrer com o retorno de uma economia diversificada, a retenção do capital que foge para o estrangeiro em grande escala, o investimento público a longo prazo e incentivos para os sectores produtivos e de serviço social.

5. A busca da edificação do império baseado no poder militar , a expensas de joint ventures e acordos comerciais recíprocos com países com mercados em expansão, recursos estratégicos e grandes populações, criou enormes défices orçamentais e comerciais e alienou fontes potenciais de mercados e mercadorias estratégicas.

Milhões de milhões de dólares de gastos militares em guerras coloniais prolongadas, custosas e infindáveis divergiram fundos da aplicação em avanços tecnológicos e manufacturação de alta tecnologia, a qual teria reduzido custos e melhorado a competitividade nos mercados. Igualmente importante, ao comutar a expansão do mercado interno orientado pelo mercado para conquista além mar orientada pela lógica militar, todo o eixo do poder económico foi comutado do capital industrial para o financeiro. O capital financeiro, essencial ao financiamento dos défices orçamentais do governo, incidiu preferencialmente nas despesas militares, cresceu de influência – a Wall Street a cintura do aço como eixo do poder em Washington.

6. A ascendência do militarismo e do capital financeiro facilitou o aumento da influência de uma virulenta configuração de poder que promove os interesses de hegemonia regional especificamente de um estado colonialista-militarista, um lobby político anteriormente marginal – a configuração de poder Israel-sionista (Zionist power configuration, ZPC).

Os construtores do império orientado pela lógica militar viram na ZPC um aliado estratégico na busca das suas conquistas globais; a ZPC viu uma porta aberta para altos poderes e múltiplas oportunidades para promover a agenda expansionista de Israel através da sua influência em Comités do Congresso, campanhas eleitorais e nomeações directas da Casa Branca. A ascensão da ZPC ao escalão de topo do poder foi ajudada e encorajada pelo aumento do apoio financeiro que eles recebiam de membros em posições estratégicas na maior parte das instituições financeiras lucrativas. A ZPC foi beneficiária económica da bolha especulativa: foi a maciça infusão de contribuições financeiras que permitiu à ZPC expandir amplamente o número de funcionários a tempo inteiro – especialmente na promoção de guerra americanas no Médio Oriente, acordo desequilibrados de livre comércio (em favor de Israel) e apoio inquestionado à agressão israelense contra o Líbano, a Síria e a Palestina. A recuperação económica está dependente do fim da ruína orçamental do imperialismo militar. Isso não acontecerá a menos que haja uma substituição geral da elite alimentada com a metafísica do pode global baseado no militarismo.

Nenhuma recuperação económica é possível agora ou no futuro previsível enquanto o Congresso e o executivo dos EUA proporcionar salvamentos de milhão de milhões de dólares a especuladores insolventes da Wall Street, financiar orçamentos de 700 mil milhões de dólares de gastos de guerra sempre em expansão e enquanto intermediários do poder sionista ditarem as políticas no Médio Oriente.

As lições do passado contam-no muito acerca dos caminhos que deveríamos e não deveríamos tomar.

A Segurança Social ainda existe precisamente porque o público dos EUA rebelou-se e derrotou a sua tomada pela Wall Street e ele continuou a ser um programa administrado publicamente. O sistema financeiro entrou em colapso porque a economia dos EUA "especializou-se" numa única cultura – as finanças – a expensas de uma economia produtiva diversificada. O sistema político está totalmente desacreditado porque é dirigido por uma elite política fracassada a qual descaradamente representa e actua no interesse de uns poucos milhares de oligarcas financeiros; um par de centenas de oligarcas militaristas e umas poucas dúzias de apaixonadas organizações sionistas.

A "elite do poder" só é poderosa enquanto for capaz de manipular, intimidar e seduzir mais de três centenas de milhões de cidadãos levando-os a pensar que eles são indispensáveis para as suas vidas. A esmagadora rejeição popular da privatização da Segurança Social e do salvamento da Wall Street sugere que a oligarquia dominante não é invencível.

Movimentos sociais exigem petróleo sob controle dos brasileiros

Na vigília contra os leilões do petróleo e gás brasileiros, balões imensos e faixas explicavam o motivo da manifestação com a frase "O petróleo tem que ser nosso".

A chuva e o frio sobre o Rio de Janeiro não impediram que o Sindipetro-RJ e outras entidades representativas dos movimentos sociais, entre as quais o MST, realizassem, de 16 a 19 de setembro, abrigadas numa lona de circo, em frente à sede da Petrobrás, a vigília em defesa do pré-sal nas mãos do povo brasileiro, sob o lema "O petróleo tem que ser nosso". Intelectuais e lideranças políticas também participaram das atividades.

Além do abraço à Petrobrás na abertura da manifestação, na vigília contra os leilões do petróleo e gás brasileiros, realizados pelo governo federal, balões imensos e faixas explicavam o motivo da manifestação com a frase "O petróleo tem que ser nosso".

Da programação, constaram atividades culturais e debates, ocasião em que o cacique Xohã fez uma oficina de pintura corporal e artesanato indígena. Não faltaram os contadores de história, sessões de cinema com debates, bem como debates sobre conjuntura nacional e a questão do petróleo com a participação, entre outros, do engenheiro Paulo Metri, de Francisco Soriano, diretor do Sindipetro-RJ, do advogado Modesto da Silveira.

O economista Carlos Lessa e o engenheiro Fernando Siqueira participam de outro debate sobre "A questão do petróleo, um projeto para o Brasil". A crise na Bolívia também esteve na pauta das discussões com as participações do vice-presidente da Casa da América Latina, Ivan Pinheiro e o professor boliviano, radicado no Brasil, Carlos Romero.

No último dia da vigília, os manifestantes entregaram cartas aos presidentes da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, Luciano Coutinho, do BNDES e à direção da Agência Nacional do Petróleo (ANP), com as reivindicações dos trabalhadores reunidos em torno do Fórum Nacional contra a Privatização do Petróleo e Gás, segundo informou a Agencia Petroleira de Notícias. Uma roda de samba encerrou a vigília. Desde a sexta-feira, 12 de setembro, out-doors da campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso foram afixados, em Brasília, em pontos estratégicos do Rio de Janeiro, na Avenida Brasil e na Rodovia Washington Luiz. A mesma mensagem foi espalhada em várias linhas de ônibus (bus-doors), no Rio, Niterói e Baixada Fluminense. A campanha também veiculou publicidade em rádios e em avião (faixa circulando na orla, no final de semana).
Para os organizadores das manifestações, a campanha está sendo coroada de êxito e continuará pressionando o governo federal para que desista de uma vez por todas em prosseguir os leilões do petróleo e gás e que finalmente essas riquezas estejam sob controle do povo brasileiro.

por Mário Augusto Jakobskind, com a colaboração da Agência Petroleira de Notícias (APN)