sexta-feira, 28 de agosto de 2009

General Giap, que comandou a vitória sobre os EUA na Guerra do Vietnã, comemora 99 anos

Fonte: Anncol Brasil
Por: Susana Ugarte SolerHanoi


O general vietnamita Vo Nguyen Giap, heroi da campanha da Indochina contra o colonialismo francês e estrategista da guerra diante dos EUA, comemorou seu 99° aniversário com merecido reconhecimento.


Dirigentes do Partido Comunista (PCV), o governo, o Estado e o Exército Popular do Vietnã visitaram o heróico lutador pela libertação nacional desde a segunda década do século passado.


O Secretário Geral do PCV, Nong Duc Manh, desejou a Giap longa vida e a lucidez de sempre, ao mesmo tempo destacou sua continua contribuição com valiosas opiniões sobre a construção e renovação nacional.


Oriundo da província central de Quang Binh, e inseparável companheiro do presidente Ho Chi Minh, desde a adolescência Giap se incorporou às lutas estudantis e em 1929 fundou a Federação Comunista da Indochina, foi preso e sofreu a perda dos seus próximos nas mãos dos colonialistas franceses.


No inicio da década dos 40, seu encontro com o líder histórico do Vietnã, o tio Ho, marcou a longa luta que seguiu até a libertação definitiva em 1975, e no ano seguinte a reunificação desta nação do sudeste asiático.


Basta mencionar dois marcantes momentos da história nacional ligados ao general Giap: Diem Bien Phu, em 1954, em que se dá a derrota da França colonial na região, e a ofensiva do Tet, em 1968, que detonou o revês do poderoso exército norteamericano pouco tempo depois.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

SOLIDARIEDADE AO MST

O PCB hipoteca sua solidariedade fraterna e militante ao MST e a todos os seus militantes e denuncia a repressão e criminalização dos movimentos sociais
NOTA PÚBLICA SOBRE O ASSASSINATO DE ELTON BRUM PELA BRIGADA MILITAR DO RIO GRANDE DO SUL
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem a público manifestar seu pesar pela perda do companheiro Elton Brum, manifestar sua solidariedade à família e para:
1. Denunciar mais uma ação truculenta e violenta da Brigada Militar do Rio Grande do Sul que resultou no assassinato do agricultor Elton Brum, 44 anos, pai de dois filhos, natural de Canguçu, durante o despejo da ocupação da Fazenda Southall em São Gabriel. As informações sobre o despejo apontam que Brum foi assassinado quando a situação já encontrava-se controlada e sem resistência. Há indícios de que tenha sido assassinado pelas costas.
2. Denunciar que além da morte do trabalhador sem terra, a ação resultou ainda em dezenas de feridos, incluindo mulheres e crianças, com ferimentos de estilhaços, espadas e mordidas de cães.
3. Denunciamos a Governadora Yeda Crusius, hierarquicamente comandante da Brigada Militar, responsável por uma política de criminalização dos movimentos sociais e de violência contra os trabalhadores urbanos e rurais. O uso de armas de fogo no tratamento dos movimentos sociais revela que a violência é parte da política deste Estado. A criminalização não é uma exceção, mas regra e necessidade de um governo, impopular e a serviço de interesses obscuros, para manter-se no poder pela força.
4. Denunciamos o Coronel Lauro Binsfield, Comandante da Brigada Militar, cujo histórico inclui outras ações de descontrole, truculência e violência contra os trabalhadores, como no 8 de março de 2008, quando repetiu os mesmos métodos contra as mulheres da Via Campesina.
5. Denunciamos o Poder Judiciário que impediu a desapropriação e a emissão de posse da Fazenda Antoniasi, onde Elton Brum seria assentado. Sua vida teria sido poupada se o Poder Judiciário estivesse a serviço da Constituição Federal e não de interesses oligárquicos locais.
6. Denunciamos o Ministério Público Estadual de São Gabriel que se omitiu quando as famílias assentadas exigiam a liberação de recursos já disponíveis para a construção da escola de 350 famílias, que agora perderão o ano letivo, e para a saúde, que já custou a vida de três crianças. O mesmo MPE se omitiu no momento da ação, diante da violência a qual foi testemunha no local. E agora vem público elogiar ação da Brigada Militar como profissional.
7. Relembrar à sociedade brasileira que os movimentos sociais do campo tem denunciado há mais de um ano a política de criminalização do Governo Yeda Crusius à Comissão de Direitos Humanos do Senado, à Secretaria Especial de Direitos Humanos, à Ouvidoria Agrária e à Organização dos Estados Americanos. A omissão das autoridades e o desrespeito da Governadora à qualquer instituição e a democracia resultaram hoje em uma vítima fatal.
8. Reafirmar que seguiremos exigindo o assentamento de todas as famílias acampadas no Rio Grande do Sul e as condições de infra-estrutura para a implantação dos assentamentos de São Gabriel.
Exigimos Justiça e Punição aos Culpados!
Por nossos mortos, nem um minuto de silêncio. Toda uma vida de luta!
Reforma Agrária, por justiça social e soberania popular!
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

Colômbia: A política de segurança democrática não é de segurança nem é democrática; é de guerra. Por: Lilia Solano

ALAI AMLATINA, 13/08/2009.- A preocupação com a segurança é uma velha cartada que se dá na Colômbia para defender interesses e projetos, o investimento multinacional e o agora chamado "livre mercado".
Esta estratégia militar de guerra tem no coração um plano bélico contra os movimentos sociais e a insurgência, e mantém um fio condutor com antigas agendas de guerra contra o povo - como foi o "Plan Lazo", desenhado em 1964 para alcançar a então dita pacificação do país; assim como o "Plan Andes", que em 1968 defendeu a guerra contra a guerrilha; ou o "Manual Provisório para o Planejamento da Segurança Nacional" (1974); a "Estratégia Nacional" contra a Violência de Cesar Gaviria (1991); e ainda o "Plan Colombia" de Andrés Pastrana, que permitiu uma enorme influência militar estadunidense (1998), com um investimento militar de milhões de dólares.
Em 2002, junto com Álvaro Uribe, chega o programa militar da chamada "segurança democrática", incluído o que chamaram de "guerra total", que combina a doutrina da guerra de baixa intensidade com estratégias de guerra convencional; concepções militares baseadas em manobras massivas de artilharia, armamento blindado, grandes concentrações de tropas e organização do exército em corpos, divisões, brigadas, batalhões e outra vez o uso da população civil.
Quer dizer, o que cobre o manto da "segurança democrática" é outro capítulo da guerra que nos impuseram historicamente, uma política aparentemente exitosa porque tem as seguintes conquistas que a sustentam e os resultados que a justificam:
* Firma um modelo de governo criminoso, que se apóia nas forças armadas, nos paramilitares e nos narcotraficantes, pois lhes entrega o comando dos organismos de controle, administração, justiça, embaixadas, funcionalismo público etc.
* Protege os interesses das multinacionais europeias e estadunidenses, os negócios dos grupos empresariais locais, os mega-projetos e oferece Tratados de Livre Comércio.
* Converte os massacres do Estado em falsos positivos e promove os deslocamentos em massa, violência sexual, torturas e desaparecimentos, transformados em troféus da segurança democrática.
* Despreza o acordo humanitário, a saída política negociada ao conflito armado e rechaça a paz, a soberania, a autonomia e a integração da América Latina.
* Condena líderes à detenção arbitrária e os encarcera; viola seus processos e os princípios jurídicos, como a presunção de inocência, a investigação imparcial, o direito de defesa e o julgamento justo.
* Ignora obrigações relativas à promoção e à proteção dos direitos humanos, os quais viola com absoluta impunidade.
* Criminaliza as organizações camponesas, indígenas e afrocolombianas, estudantes, representantes de movimentos populares e sociais, feministas e militantes da oposição que lhes são incômodos, aos quais chama de terroristas.
* Aprova leis como a do Desenvolvimento Rural, legalizando a contra-reforma agrária impulsionada pelo narcotráfico, o paramilitarismo e os latifundiários para por a terra a serviço do grande capital financeiro.
* Agride violentamente a meninas, mulheres, adolescentes e a população GLBT.
* Assegura polpudas recompensas e premia a quem assassina líderes sindicais.
* Provoca o êxodo de milhares de colombianos para diferentes lugares do mundo, fazendo com que muitos deles vivam em condições de desproteção e vulnerabilidade.
* Persegue intelectuais dedicados ao pensamento crítico e os chama "bloco de intelectuais da guerrilha".
* Ataca as organizações de Direitos Humanos e as desqualificam por considerá-las "agentes do terrorismo".
* Combate a liberdade de expressão, convertendo a maioria dos meios de comunicação em antenas repetidoras do discurso oficial.
* Justifica o não cumprimento dos Convênios e Tratados Internacionais para a defesa dos Direitos Humanos assinados pela Colômbia.
* Cataloga como terroristas os países da região que não estão a serviço dos interesses estadunidenses, e, portanto, considera que sua doutrina da segurança democrática pode ser extraterritorial.
* Impõe bases militares estadunidenses para contribuir com a desestabilização da região, com a pretensão de transformar a Colômbia em uma espécie de Israel, contra o resto dos povos irmãos.
* Apaga da memória coletiva a história oculta da repressão na Colômbia e aniquila a dignidade dos povos e seu esforço por construir uma verdadeira democracia.
O que vivemos na Colômbia não é política, nem é segurança, e muito menos democrática. É uma guerra de proporções gigantescas que, em nome da "luta contra o terrorismo", pretende fazer com que ignoremos a pobreza e a miséria crescentes, o desemprego, o rearmamento de grupos paramilitares e narcotraficantes, o deslocamento forçado em níveis absurdos, a parapolítica, a delinquência organizada, a privatização dos serviços públicos, as torturas do DAS [Departamento Administrativo de Segurança] ordenadas pelos governos do momento, os assassinatos de jovens pobres por parte do exército e da polícia, a corrupção do governo e, em geral, a decomposição de um estado dedicado à criminalidade.
* Lilia Solano é professora e pesquisadora colombiana.
Tradução de Roberta Moratori

domingo, 23 de agosto de 2009

"A história se repete no Afeganistão" - Entrevista ao jornalista Robert Fisk



María Esperanza Sánchez, da BBC

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez do Afeganistão a sua maior prioridade na luta contra o terrorismo.
A nova estratégia dos Estados Unidos demanda aumentar o número de tropas e também colocar maior ênfase na reconstrução do país e no fortalecimento das instituições.
Entretanto, isto ocorre em um momento em que as forças do Talibã continuam ganhando terreno. Espera-se que este ano seja o mais violento e com o maior número de vítimas desde 2001. Neste contexto, quão efetiva será a estratégia dos EUA? Até que ponto ela oferece respostas aos afegãos?
BBC Mundo conversou sobre este tema com Robert Fisk, jornalista britânico veterano, autor de vários livros e correspondente do jornal The Independent no Oriente Médio.
Nos últimos anos, o Talibã experimentou um ressurgimento e hoje em dia tem o controle em várias regiões do Afeganistão. Como se explica que esteja ganhando tanto apoio?
Não é que esteja ganhando apoio. Deve-se tomar em conta que uma vez que uma força de ocupação passa certo período em um país há uma reação contra ela.
Recordo que em 2002 visitei alguns povoados no entorno de Kandahar e as pessoas nos diziam que estavam perdendo a paciência. "Vocês do Ocidente têm prometido muitas coisas que não têm cumprido", me diziam.
Então, não é simplesmente que o Talibã tenha começado, de uma hora para a outra, a ser uma força popular ou que o adorem. O fato é que eles começaram a representar a oposição à ocupação, ainda quando as suas políticas sociais, se é que se pode chamar assim, são horríveis.
Inclusive, quando as mulheres eram tratadas como objeto sob o governo do Talibã, este conseguiu impor uma ordem no Afeganistão.
Eu estive em Kandahar novamente no período do natal e nos hospitais chegavam muitas crianças famélicas porque não havia alimentos nos povoados e o hospital tinha uma incubadora para três prematuros.
Isto com sete anos após a ofensiva estadunidense no Afeganistão. Que tipo de progresso estamos levando ao Afeganistão? Estas são as necessidades cruciais às quais há que se responder caso se queira enfrentar ao Talibã.
Os Estados Unidos e a OTAN têm feito do Afeganistão a prioridade número um na luta contra o terrorismo e para isso, neste verão, mais de 90.000 soldados se somarão às operações no país. Você crê que esta estratégia funcionará?
Não. É uma loucura. Não entendo por que Obama fez do Afeganistão um tema tão crucial do ponto de vista militar.
A realidade é que o exército soviético, quando invadiu o país no final dos anos 70, tinha o dobro de soldados e não pôde com o Afeganistão. Tiveram que retirar-se. Como diabos os estadunidenses vão se virar com a metade de tropas? Terão que se retirar também.
Este é o cemitério dos impérios e será o cemitério das tropas estadunidenses se Obama não se der conta de que o que há a fazer é sair do Afeganistão.
É interessante que você diga isso porque acabo de ler um artigo de um jornalista e acadêmico da Fundação Nova América que sustenta que esta ideia de que o Afeganistão é o cemitério dos impérios não é mais do que um clichê.
Gostaria que fosse um clichê, mas lamentavelmente o exército britânico sofreu uma devastadora derrota no Afeganistão em 1882, os russos também foram derrotados nos anos 80 e este tem sido o cemitério de muitas potências desde os tempos de Alexandre Magno.
Desafortunadamente essa é a verdade e não podemos dizer simplesmente "isso é história; estamos agora em uma nova era". Se isso não for compreendido, essa história será repetida, e a história está se repetindo no Afeganistão.
É interessante que muitos soldados britânicos estão morrendo a apenas algumas milhas de onde se produziu, no século XIX, uma derrota britânica em uma batalha chamada Maywand. Até nisto a história está se repetindo no Afeganistão.
Mas há quem considera que alguns dos elementos desta nova estratégia foram aplicados no Iraque com êxito. O que você diria a este respeito?
O Iraque é um caso bem louco, do ponto de vista social e econômico. Nada tem funcionado para os iraquianos. Saíram de Saddam Hussein, mas não havia tantos mortos sob aquele governo.
O problema é: estamos no Afeganistão por razões morais? Para educar o povo? Estamos aí para trazer igualdade de gênero? Isso não acontecerá.
Uma das questões que me coloco constantemente, especialmente quando estou em qualquer lugar dos Estados Unidos, é esta ideia de que podemos andar pelo mundo injetando os nossos modelitos de democracia nos lugares afastados onde não existe esta tradição.
Quando eu converso com um homem do interior do Afeganistão, não das cidades, convencê-lo da importância da igualdade de gênero é como convencer Henrique VIII (monarca britânico que governou de 1509 a 1547) das vantagens da democracia parlamentar. Não se consegue.
Qualquer desenvolvimento que se produza no Afeganistão vai acontecer sem a intervenção estrangeira.
Em um discurso recente, o embaixador britânico David Milliband defendeu a necessidade de negociar com os elementos moderados do Talibã como um componente chave desta nova estratégia, e isso foi algo que também se fez no Iraque. Será viável no Afeganistão?
Por anos esta tem sido uma política britânica no Afeganistão, ainda quando não é feita publicamente. Mas o problema é que no Afeganistão não se trata de ter moderados e militantes de linha dura dentro da insurgência. A sociedade afegã é uma sociedade tribal.
Então, se paga aos Senhores da Guerra, como de fato se fez no Iraque, e dessa forma é que se poderia sair do Afeganistão: pagando a alguns inimigos para que recrutem outros inimigos e, assim, comprar influência.
Mas o fato é que isso foi feito no Afeganistão após a ofensiva estadunidense de 2001. Pagou-se a Senhores da Guerra para que estabelecessem espécies de quartéis tribais.
Muitos destes Senhores da Guerra estão agora no governo de (Hamid) Karzai, outra farsa democrática, e assim se seguirá fazendo. Ou seja, não há nada de novo no que Miliband diz.
Obama disse que quer uma estratégia de saída do Afeganistão, mas para ele isso significa sair com êxito. Pode-se prever algum nível de êxito ou será que o Afeganistão é o Vietnã de Obama?
Não é o caso de dizer que este será o Vietnã de Obama. Este sim é um clichê, mas trazer democracia e igualdade de gênero ao Afeganistão é um objetivo inalcançável.
Se há uma coisa que os afegãos querem é justiça. Mas nós não queremos lidar com o tema da justiça, queremos bombardear, ocupar, e decidir como os outros devem viver suas vidas.
Obama quer êxito para os Estados Unidos, não necessariamente para o Afeganistão - e isso não é necessariamente o mesmo.
Há várias coisas que ele pode dizer para medir este êxito, como terem conseguido tais objetivos militares, terem eliminado tantos militantes do Talibã, terem levado certo grau de democracia a alguns povos,... mas, o problema, é que vivemos com a ilusão de que estamos aí por boas razões e necessitamos uma outra ilusão para por fim a esta.
(tradução de Rodrigo Oliveira Fonseca)

O IMPÉRIO E OS ROBÔS - Por Fidel Castro


Há pouco abordei os planos dos Estados Unidos da América para impor a superioridade absoluta de suas forças aéreas como instrumento de dominação sobre o resto do mundo. Mencionei o projeto de contar em 2020 com mais de mil bombardeiros e caças F-22 e F-35 de última geração na sua frota de 2 500 aviões militares. Dentro de 20 anos, a totalidade de seus aviões de guerra serão operados por autômatos.
Os orçamentos militares sempre contam com o apoio da imensa maioria dos legisladores norte-americanos. Quase não há Estados da União onde o emprego não dependa, em parte, da indústria da defesa.
A nível mundial e valor constante, as despesas militares se dobraram nos últimos 10 anos como se não existisse perigo algum de crise. Nestes momentos é a indústria mais próspera do planeta.
Em 2008, ao redor de 1,5 milhões de milhões de dólares já eram investidos nos orçamentos dedicados à defesa. Correspondiam aos Estados Unidos 42% das despesas mundiais nesse domínio, 607 bilhões, sem incluir as despesas de guerra; ao passo que, o número de famintos no mundo atinge a cifra de 1 bilhão de pessoas.
Há dois dias uma mídia ocidental informou que em meados de agosto o exército dos Estados Unidos exibiu um helicóptero tele-dirigido, bem como robôs capazes de realizar trabalhos de sapadores, 2 500 dos quais foram enviados para as zonas de combate.
Uma firma de comercialização de robôs afirmou que as novas tecnologias iram revolucionar a forma de comandar a guerra. Foi publicado que em 2003 os Estados Unidos quase não tinham robôs em seu arsenal e “hoje conta ―segundo a AFP― com 10 000 veículos terrestres, bem como 7 000 dispositivos aéreos, desde o pequeno Raven, que pode ser lançado com a mão, até o gigante Global Hawk, um avião espião de 13 metros de cumprimento e 35 de envergadura, capaz de voar a grande altitude durante 35 horas”. Nessa notícia são enumeradas outras armas.
Enquanto essas despesas colossais, em tecnologias para matar, são produzidas nos Estados Unidos, o Presidente desse país envida esforços para levar os serviços de saúde a 50 milhões de norte-americanos que carecem deles. Tal é a confusão, que o novo Presidente declarou: “estava mais próximo do que nunca de conseguir a reforma do sistema de saúde, mas a luta se está tornando feroz.”
“A história é clara –acrescentou– cada vez que temos a reforma sanitária no horizonte, os interesses especiais lutam com todo aquilo que têm à mão, usam suas influências, lançam suas campanhas publicitárias e utilizam a seus aliados políticos para assustar o povo estadunidense.”
O fato real é que em Los Ángeles 8 000 pessoas ―a grande maioria desempregada, segundo a imprensa― se reuniram num estádio para receber o atendimento de uma clínica gratuita itinerante que presta serviços no Terceiro Mundo. A multidão tinha pernoitado ali. Alguns se deslocaram desde centenas de quilômetros de distância.
“‘Não me importa se é socialista ou não. Somos o único país no mundo onde os mais vulneráveis não temos nada’, disse uma mulher de um bairro negro e com educação superior.”
Informa-se que “um teste de sangue pode custar 500 dólares e um tratamento dental de rotina mais de 1 000.”
Qual esperança pode oferecer essa sociedade ao mundo?
Os lobistas no Congresso fazem seu agosto trabalhando contra uma simples lei que pretende oferecer assistência médica a dezenas de milhões de pessoas pobres, negros e latinos na sua grande maioria, que carecem dela. Até um país bloqueado como Cuba o conseguiu fazer, e inclusive cooperar com dezenas de países do Terceiro Mundo.
Se os robôs nas mãos das multinacionais podem substituir os soldados imperiais nas guerras de conquista, quem irá deter às multinacionais na busca de mercado para seus artefatos? Da mesma maneira em que têm inundado o mundo com automóveis, que hoje concorrem com o homem pelo consumo de energia não renovável e inclusive pelos alimentos transformados em combustível, também podem inundá-lo de robôs que substituam milhões de trabalhadores de seus postos de trabalho.
Ainda melhor, os cientistas poderiam igualmente desenhar robôs capazes de governar; dessa maneira lhe poupariam esse horrível, contraditório e confuso trabalho ao Governo e ao Congresso dos Estados Unidos da América.
Sem dúvida que o fariam melhor e mais barato


Fidel Castro Ruz
Agosto 19 de 2009
15h15

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

SEM TERRA ASSASSINADO EM DESPEJO NO RIO GRANDE DO SUL



"TODA A SOLIDARIEDADE AO MST.
HONRA AO COMPANHEIRO ELTON BRUM DA SILVA."


Sem Terra é assassinado em despejo na fazenda Southall

21 de agosto de 2009


O trabalhador rural Elton Brum da Silva foi morto na manhã desta sexta-feira (21/8) em São Gabriel, no Rio Grande do Sul. O trabalhador, que levou um tiro no peito, foi levado por policiais da Brigada Militar que faziam o despejo da Fazenda Southall à Santa Casa do município. No entanto, os funcionários do hospital se negam a dar informações e dizem que devem ser obtidas com a polícia, que também está omitindo o fato.
O MST lamenta com pesar o ocorrido e responsabiliza os governos e a Justiça. Afinal, é de conhecimento público a truculência usada pela Brigada Militar nas ações de despejo. Mesmo assim, os poderes públicos optam por tratar as questões sociais, como a Reforma Agrária, como caso de polícia.

Polícia bate e hospital é orientado a não atender Sem Terra

19 de agosto de 2009

Da Radioagência NP
Na cidade de São Gabriel, no estado do Rio Grande do Sul, 250 Sem Terra ocuparam a prefeitura do município, na última quarta-feira (12/8). Eles queriam denunciar a falta de direitos básicos, como saúde e educação, para 400 famílias assentadas na região. A resposta ao protesto veio de forma violenta: durante a retirada dos manifestantes, a Brigada Militar deixou ao menos 50 pessoas feridas, sendo que 15 precisaram ser atendidas no hospital.
A coordenadora do MST, Nina Tonin, relata a condição das famílias.
“Desde dezembro do ano passado, cerca de 650 famílias foram assentadas no município. Até o momento, tivemos graves problemas de saúde. Três crianças morreram por falta de atendimento médico. Além disso, cerca de 400 crianças em idade escolar estão perdendo o ano letivo.”
Para o MST, a Brigada Militar usou “tortura policial” na ação. Um “corredor polonês” foi montado para que os manifestantes levassem socos e chutes dos policiais. Nina relembra o episódio.
“A polícia utilizou armas do tempo da ditadura militar. Usaram pistolas que davam choque em contato com o corpo das pessoas, fazendo-as desmaiar de dor. Tivemos que acionar o Comitê Contra a Tortura para pressionar o hospital da cidade a liberar os boletins de atendimento.”
Segundo Nina, houve uma determinação para que os feridos não fossem atendidos no hospital, onde foram feitos apenas cuidados médicos rápidos. O hospital nega que recebeu essa orientação.
Esta não é a primeira vez que acontece repressão no Rio Grande do Sul. Sindicatos, movimentos estudantis, indígenas e Sem Terra acreditam que ocorre criminalização dos movimentos sociais no estado.
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Secretaria Geral
Escritório Nacional do MST/RJ
Rua Pedro I, Sl 803, Centro, Rio de Janeiro/RJ
Fone: (21) 2240.8496

O DESMANCHE DO PT – E DE LULA (Por Laerte Braga)


Há um pensamento dominante entre petistas que qualquer crítica ao governo Lula signifique apoio, ou consentimento, ou ajuda, a manobras tucano/democratas para eleger José Serra em 2010. Ou o tresloucado governador de Minas Aécio Neves. Petistas não têm o hábito de olhar para o próprio umbigo e perceberem os equívocos cometidos pelo governo Lula e pelo partido numa trajetória errática que, mesmo com os altos índices de aprovação do presidente, não o exime de críticas.

Uma coisa são as alianças podres do governo e outra coisa são os podres tucanos e fétidos democratas. Eu não votaria em Aluísio Mercadante para nada. Mas entendo sua decisão de renunciar à liderança da bancada do partido no Senado. Não votaria nele, mas há diferenças abissais entre Mercadante e Jereissati ou qualquer tucano. Mercadante é um sujeito decente, tucano não sabe o que é isso.

O problema é que Sarney é um dos cânceres da política nacional e como todo câncer precisa ser extirpado. Do contrário todo o organismo fica comprometido. E não há nenhum milagre no fato de Lula ser mais popular que FHC. Qualquer um que não seja tucano ou democrata em qualquer canto do mundo.

O xis da questão é que quando os eleitores se libertaram do jugo corrupto dos tucanos, do governo FHC, elegeram Lula para fazer o contrário. Lula não fez. Dourou a pílula, evitou uma ou outra das costumeiras besteiras de FHC, o caráter entreguista do governo, mas não foi além do “capitalismo a brasileira”, perfeita definição de Ivan Pinheiro.

E isso, evidente, porque há uma diferença de caráter entre o atual presidente e o ex-presidente. Lula não é bandido. Mas também não é mocinho.

A senadora Marina da Silva viveu na pele, sofreu, agüentou, tentou de todas as formas, que políticas ambientais – era o que lhe cabia no governo enquanto ministra – obedecessem ao programa do seu partido, o PT.

Esbarrou no pragmatismo de setores do governo e do partido, numa aliança inacreditável que levou, por exemplo, o norte-americano Henry Meireles (algumas pessoas chamam de Henrique) à presidência do Banco Central.

Em busca de uma “governabilidade” que não tinha nada a ver com os anseios e aspirações dos brasileiros que o elegeram, Lula juntou-se a partidos e políticos inaceitáveis em qualquer circunstância.

O que foi o mensalão? A jogada perversa, mas fria, planejada e pensada de um político ligado à ditadura militar, com postura de extrema-direita, mas corrupto confesso, Roberto Jéferson, em favor de tucanos.

Por detrás da postura de Jéferson havia apenas um jogo de interesses e o ex-deputado não fez nada daquilo por acesso de bom caratismo, até porque nada do que disse ficou provado até hoje. Ao contrário da compra de votos para aprovar a emenda constitucional da reeleição no primeiro governo de FHC. Mas Lula deixou-se enredar e cada vez mais foi atolando seu governo e seu partido num PMDB tucano, sob a batuta de Michel Temer e noutra faceta, a do coronelismo, sob a regência de José Sarney.

Existe algo maior que Lula e o PT. Não inventaram nem a esquerda e nem a luta popular. Se faz parte do governo uma figura com a estatura de Celso Amorim, ou do secretário geral do Itamaraty, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, do ministro da Saúde, que por sinal é do PMDB, José Carlos Temporão, fez parte até pouco tempo um embuste chamado Mangabeira Unger. Está no Ministério das Comunicações um político no mínimo complicado, Hélio Costa.

Quais os avanços reais e efetivos na reforma agrária? Por que a entrega de ponderável parte do pré sal?

A opinião pública foi iludida no governo FHC com a conversa fiada que privatizando o governo teria mais dinheiro para a saúde, a educação e políticas sociais de reais e efetivos avanços, na prática, o programa bolsa família, tocado com a competência e a seriedade do ministro Patrus Ananias (uma das exceções positivas), mas e daí?

O governo Lula caiu na armadilha da política rasteira de Brasília, uma espécie de ilha da fantasia e os aspectos positivos acabam se perdendo nessa “arraia miúda”, pagando o preço de defender um dos mais corruptos e venais políticos do Brasil contemporâneo, exatamente José Sarney.

O Senado todo é uma desnecessidade como afirma o jurista Dalmo Dalari de Abreu? Num projeto político de governo popular é sim. Não importa que existam cinco ou seis senadores decentes. A chamada Câmara Alta pratica a mais baixa forma de política.

Lula pensou pequeno.

A senadora Marina da Silva, à frente do Ministério do Meio-ambiente, tratou de defender interesses nacionais para além dos específicos de sua pasta.

A Amazônia é talvez o maior desafio para o País, ao lado do problema da Comunicação em poder de grupos controlados de fora. Por gente de fora. De olho na Amazônia.

Quando candidato a presidente Lula falava em projeto Brasil. Onde está? Nos acordos feitos com a MONSANTO para a produção de transgênicos? Na VALE privatizada? Na EMBRAER em mãos do capital estrangeiro?

Na PETROBRAS acossada dia e noite por bandidos do porte de Jereissati, FHC, Arthur Virgílio, de olho nas contas bancárias e nas contribuições das empresas estrangeiras do setor petrolífero?

Há dias a Marinha brasileira divulgou um comunicado oficial repudiando e desmentindo o jornal THE GLOBE (alguns conhecem como O GLOBO) sobre a questão dos submarinos movidos a propulsão nuclear. Já poderíamos ter pelo menos três desses submarinos tomando conta das costas, do litoral do Brasil e não o temos por conta do jogo de empurra e entrega do governo FHC e da falta de decisão do governo Lula. A decisão veio agora e como compensação política. Não como parte de um projeto de defesa da soberania nacional e da integridade de nosso território que passa pelo mar territorial brasileiro. São indispensáveis, os submarinos.

Pior ainda. A Aeronáutica brasileira está a mercê de interesses norte-americanos e de Israel no que diz respeito a ser reequipada com caças à altura das reais necessidades da segurança nacional. É um problema que rola desde os tempos de FHC e Lula não resolveu. Só procurou equilibrar-se na conversa de uma no cravo e outra na ferradura, ou em soluções paliativas.

Segurança não pode confundido com empregado do CARREFOUR levando um negro para um quartinho (a empresa é cúmplice, é bandida) pelo fato de ser negro e, portanto, suspeito de ser ladrão. Uai! FHC é branco. Sarney apesar de pintar cabelos e bigodes de preto é branco. E nunca ninguém levou os dois para quartinho escuro.

A política de Lula para a Amazônia, para além da questão ambiental, inexiste. Ou o que existe é um outro exercício de equilibrismo entre as mega concessões feitas a setores e grupos privados e as palhaçadas do ministro Minc com dados estatísticos que não comprovam coisa alguma no essencial.

Falta decisão política efetiva de uma integração latino-americana que exclui tropas no Haiti. E um monte de outras coisas.

Onde o governo Lula consegue avanços – e existem – é onde estão figuras que na verdade garantem o mínimo de credibilidade e visibilidade desses avanços. Do contrário seria só uma exibição fantástica de carisma de Lula, inegável, mas compreensível se comparado com alguém como FHC, uma figura que tipifica o ser amoral. Sem escrúpulos.

Ou você acha que Obama chama Lula de “o cara” por que?

O governo dá a sensação, outro ponto, que não atinou para a grave ameaça à soberania nacional e especificamente a Amazônia, no que diz respeito ao acordo militar entre a Colômbia e os Estados Unidos. Sete bases militares para “combater o narcotráfico”? Ora, o narcotráfico, segundo o departamento de combate às drogas do governo dos EUA, está no governo colombiano. Em Álvaro Uribe.

E é o que menos importa. Importa o controle da Amazônia. Quando a GLOBO e outros se referem às FARCs como “terroristas” estão apenas tentando criar na opinião pública – e criaram – o monstro que devora criancinhas, mata idosos, não permite a democracia, quando no duro, as FARCs são um ponto de resistência ao avanço dos EUA sobre a Amazônia brasileira ou não.

Em seguida ao cancelamento da visita do presidente do Irã ao Brasil, o líder sionista (sinônimo de fascismo) que ocupa o ministério das Relações Exteriores de Israel apareceu por aqui para deitar falas sobre cooperação, de olho em comunidades palestinas no sul do País e na água, no controle da tríplice fronteira, onde agem às escancaras terroristas do MOSSAD.

Por que o governo brasileiro não rompeu relações diplomáticas com o governo golpista de Honduras? Qual a razão da presença de tropas brasileiras no Haiti num processo de ocupação e repressão ao sabor dos interesses dos EUA?

Marina da Silva não é a ponta de um iceberg. É o próprio. Não agüentou digerir tantos sapos assim. E existem diferenças fundamentais entre ela e Heloísa Helena. A senadora Marina tentou de todas as formas resistir dentro do PT. Não é uma temperamental como a alagoana. E não vai aqui nenhuma crítica sobre conduta em relação a Heloísa Helena, só a forma, ao jeito.

A decisão de deixar o partido foi consciente. Pensada e pesada. O que vai fazer daqui para a frente é outra conversa. Se se deixar ludibriar pelo canto de tucanos e democratas joga fora sua história. Não creio que faça isso. A senadora não dá mostras, nunca, de assimilar a convivência com pústulas padrão José Serra.

O problema Marina da Silva não é só Marina da Silva, o tamanho da perda (imenso). É o processo autofágico de Lula e do PT.

Isso significa que presidente e partido são absolutamente irresponsáveis no que diz respeito à luta popular e pensam apenas e tão somente na política menor de um institucional carcomido pela corrupção e pelo entreguismo.

Não se pode exigir das pessoas que fechem os olhos a isso e apóiem incondicionalmente o governo e seu partido.

Apoio incondicional, um político mineiro dos velhos tempos dizia que a gente “só presta a mãe”.

O que está em jogo é bem maior que Lula e o PT.

Os caminhos são outros. Ou esse País vira estado norte-americano, república de bananas, com bases militares no Nordeste como querem os EUA, sob a batuta de bandidos tucanos democratas à frente José Serra e toda a corte FIESP/DASLU.

Na luta pelo Brasil soberano, independente e justo, Lula e o PT são episódicos. Essa construção está acima deles. E a resistência se estende a atitudes e posturas como a de aliar-se a figuras como Sarney. Não se trata de sobreviver a nada, mas tão somente de criar condições de governabilidade dentro de um processo corrupto e anti-nacional.

É abrir as portas para José Serra em 2010. Ou pior, o irresponsável do governador de Minas. O tal que não tem dinheiro, mas compra apartamento de 12 milhões de reais.

"...Há sinais de recuperação de algumas economias,
...até podemos explorá-los melhor que antes..."

Patrulhas fascistas nas ruas italianas

Segundo o blog insurgente.org, patrulhas fascistas já estão agindo na Itália.
A UJC não sabe se é verdade e recomenda que nossos leitores procurem outras fontes.


Las patrullas de corte fascista ya están en las calles italianas
InSurGente.- "No consentiremos que haya inmigrantes clandestinos que pululen por el barrio, los denunciaremos inmediatamente", asegura a Público Augusto Caratelli, presidente del Comité de Defensa Roma Caput Mundi.Caratelli dice que los Caput Mundi no suelen salir a patrullar en grupo por la noche, sino que han tejido una red de vigilancia "gracias a 250 voluntarios y 1.000 simpatizantes que, desde la ventana de sus casas o mediante paseos fijos, cotidianos vigilan cualquier movimiento sospechoso; es como si tuviéramos telecámaras en cada calle". Para ello, no necesita permiso de ningún decreto, afirma, porque denunciar posibles ilegalidades "es un deber de todo ciudadano". Se oponen a endosar el chaleco fosforescente previsto en el decreto "porque, si un anciano va a vigilar una escuela donde se reparte droga, es peligroso para él que se lo reconozca".Los Caput Mundi, nacieron en 1998 cuando en el barrio del Esquilino, en el centro de Roma, empezaron a multiplicarse las tiendas regentadas por la comunidad china. "En lo que es el triángulo de la cristiandad surgió una Chinatown que crecía sin reglas", cuenta Caratelli, consejero municipal, ex candidato de la Lista de la Derecha y ahora próximo al partido de Berlusconi. "Denunciamos a 350, y acreditamos que 80 no cumplían la ley".Hace dos años formaron la red de vigilancia del barrio que, según Caratelli, si vigila a los inmigrantes, es porque son la principal fuente de delincuencia en el barrio. Massimiliano Borgia, abogado de 30 años, se encarga de observar lo que pasa, sobretodo en la zona del mercado, "como uno de cada dos vecinos en mi calle". La florista de 48 años Antonella di Angelis se encara con las personas que hacen sus necesidades en plena calle.Fabrizio Lastei, consultor financiero de 45 años y miembro de Militia Christi, dice que su razón de ser es constituirse "en alternativa católica" a "las fuerzas de izquierda y filomasónicas que quieren construir un modelo laicista". Se aplica con celo a asegurarse de que no se construye una nueva mezquita "al lado de la histórica iglesia de San Vito, lo que es una provocación", y se queja de las manifestaciones religiosas distintas a la católica que se desarrollan al aire libre en lenguas distintas al italiano o en días señalados del calendario cristiano.Coinciden en que no quieren que el barrio sea "ningún laboratorio multiétnico", porque "la integración de los inmigrantes debe ser sostenible", y no tienen ningún reparo en señalar a inmigrantes clandestinos. Bien al contrario, celebran la nueva ley de Berlusconi que endurece su persecución. Ellos avisan a la Policía cuando descubren un piso-patera o una concentración de inmigrantes "que molestan a la gente" por la noche.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009


As pedras de Tegucigalpa

Honduras: a revolução nacional-libertadora tardia

Ivan Pinheiro (*)

Os dias que passei em Honduras, na fraterna companhia de Amauri Soares e Marcelo Buzetto, serviram para consolidar as impressões que, desde o Brasil, expusera no artigo “Contra a manobra do pacto de elites”.

Definitivamente, o golpe não só contou como ainda conta com o apoio material e político do imperialismo estadunidense, que foi obrigado a dissimular sua participação em razão dos erros cometidos na execução do golpe, sobretudo o fato de o mundo ter sido surpreendido com a prisão e a retirada à força de Manuel Zelaya do país, sem uma satanização prévia.

O golpe em Honduras é parte do plano imperialista para tentar frear a ALBA e os processos de mudanças sociais na América Latina. Honduras fica entre a Nicarágua e El Salvador, vizinhos hoje governados por antigos movimentos guerrilheiros de libertação nacional, agora em versão moderada, que se desmilitarizaram nos anos 90: a Frente Sandinista e a Frente Farabundo Marti.

Além disso, o país possui grandes reservas não exploradas de petróleo, minério abundante e outros recursos naturais, além da base de Soto Cano, a mais importante e estratégica para os ianques na América Central. Zelaya é o detalhe do golpe, que é muito mais contra a ALBA, contra Cuba, Venezuela, Equador, Bolívia e os dois vizinhos limítrofes.

Ao que tudo indica, está a ponto de se consumar o plano B que o império adotou a partir da repulsa mundial no início do golpe: a sua legitimação e, em seguida, legalização.

A cada dia que passa fica mais difícil a volta de Zelaya ao governo, ainda que apenas para presidir as eleições gerais de novembro com as mãos atadas, sem ALBA, sem Constituinte, nem mesmo o direito de se candidatar ao mais simples cargo eletivo.

Um dos mais importantes lances deste plano B se deu no dia 12 de agosto, quando os membros da Corte Suprema e do Tribunal Superior Eleitoral anunciaram oficialmente a manutenção das eleições gerais para o dia 29 de novembro próximo. Logo em seguida, simulando surpresa, o presidente golpista reconhece a decisão do judiciário, como se estivesse submetendo-se a um poder autônomo, ao “império da lei e da justiça, ao estado democrático de direito”.

Tudo isso em cadeia nacional de televisão. No horário nobre, como convém a uma boa novela. Em seguida, ainda ao vivo, Honduras ganha de quatro a zero da rival Costa Rica, pelas eliminatórias da Copa do Mundo.

A sinalização é óbvia: até a posse do novo Presidente, em janeiro, Micheletti preside o país, o TSE realiza as eleições, a Corte Suprema as preside, as Forças Armadas as garantem e os observadores internacionais escolhidos a dedo as legitimam. Tudo para passar um ar de legalidade. Se assim for, Zelaya não volta nem para passar a faixa ao futuro Presidente.

No mesmo dia, em entrevista coletiva após uma cúpula do Nafta, entre sorridentes presidentes do Canadá e do México, Obama fez uma jogada de mestre, abandonando Zelaya à própria sorte. Aproveitando-se das ilusões alimentadas por este, de voltar ao poder por iniciativa dos EUA, Obama lavou as mãos, apontando a incoerência das pressões para que intervenha em Honduras por parte dos que pedem o fim da intervenção dos EUA nos países da América Latina.

No mesmo evento trilateral, Felipe Calderón – eleito presidente numa monumental fraude contra López Obrador - anuncia o reconhecimento do México ao governo Micheletti, seguindo o exemplo pioneiro do Canadá, cujas mineradoras transnacionais com sede no país ocupam quase um terço do território hondurenho. Para os que ainda não se deram conta de que o capitalismo brasileiro é parte do sistema imperialista, a mais poderosa dessas mineradoras tidas como canadenses (a INCO) foi recentemente comprada pela “nossa” Vale do Rio Doce.

Tudo indica que o núcleo duro da oligarquia e da cúpula militar que assumiu o governo em Honduras há mais de cinqüenta dias - agora falando grosso pelo decurso de prazo no poder - está com força para impor seu próprio projeto de pacto de elites para superar a crise e legitimar o golpe. Não só rechaçou as propostas conciliadoras feitas pelo Presidente da Costa Rica, como, em 10 de agosto, não recebeu uma delegação de chanceleres latino-americanos que, em nome da OEA, iriam a Tegucigalpa tentar mediar a crise. E olha que eram representantes apenas de governos moderados ou pró-imperialistas: Argentina, Canadá, Costa Rica, Jamaica, México e República Dominicana. Os golpistas só admitiram receber a Comissão da OEA no próximo 24 de agosto, ganhando mais duas semanas sem “mediações”.

Os golpistas conseguiram unificar todas as instituições e personalidades das classes dominantes: as cúpulas das Forças Armadas, da Igreja Católica, das entidades empresariais, do Judiciário, a grande maioria do Congresso Nacional, incluindo parlamentares do próprio partido de Zelaya, aliás o mesmo de Micheletti, o centenário Partido Liberal, uma espécie de PMDB hondurenho.

Esta unificação se expressa na mídia. Estão com o golpe todos os quatro jornais diários e, com a intervenção militar no canal 36 e a repressão a jornalistas independentes, todas as emissoras de televisão. Apenas uma estação de rádio ainda resistia, mas quando escrevo, deve estar fora do ar.

Creio que presenciamos em Honduras os momentos cruciais para o desfecho desta batalha, um capítulo da luta de classes que se expressa no país. Nos dias 11 e 12 de agosto, não por coincidência, chegaram ao auge a mobilização popular e a repressão. Sinto expressar a impressão de que os golpistas saíram mais fortalecidos dessas dramáticas 48 horas.

No dia 11, os protestos em Tegucigalpa, São Pedro de Sula e outras localidades envolveram quase cem mil manifestantes. Na capital, a marcha tentou ir até a Casa Presidencial, sede do governo federal, que fica num bairro de elite afastado do centro, sendo reprimida por um aparato de milhares de soldados da Polícia Nacional e do Exército. Na dispersão, como expressão da revolta popular, as pedras das mal calçadas ruas de Tegucigalpa se transformaram em armas contra símbolos do capital: as vidraças de bancos e redes multinacionais de comida rápida.

Na noite do dia 11, o governo retoma o toque de recolher. Na madrugada, veículos sem placa percorrem a capital com atiradores em trajes civis metralhando os dois principais locais de reunião da direção da Frente Nacional Contra o Golpe de Estado: as sedes do Sindicato dos Trabalhadores de Bebidas e da Via Campesina.

Na manhã do dia 12, quando nova manifestação pacífica se dirigia ao centro da cidade, para um protesto diante do Congresso Nacional, a repressão já havia montado um aparato impressionante, destinado a evacuar todo o centro da cidade com violência contra quem estivesse nas ruas, fossem ou não manifestantes.

Sou testemunha ocular de que o pretexto para justificar a violenta repressão foi montado por agentes provocadores que, numa ação combinada, simularam uma agressão e logo em seguida a proteção do Vice-Presidente do Congresso Nacional, um dos principais articuladores do golpe. Exatamente na hora em que passavam os manifestantes, ele saíra sozinho à porta do Parlamento em plena sessão legislativa. Estas cenas, algumas horas depois, foram exibidas à exaustão em todas as emissoras de televisão hondurenhas e possivelmente no mundo todo.

Na dispersão desordenada, grande parte dos manifestantes se dirigiu ao quartel general da resistência desde o início das mobilizações, o até então inviolável campus da Universidade Pedagógica, onde se realizam as Assembléias da resistência e se alojavam os militantes que moram fora da capital. Mas o campus já estava tomado pelas tropas, que sequer permitiram aos alojados retirarem seus pertences pessoais, cuja apreensão ainda serviu para manipular a “descoberta” de coquetéis molotov.

É impressionante a combatividade, a coragem e a determinação do povo hondurenho. É digna de registro a unidade das forças que impulsionam até aqui a resistência, organizadas na Frente Nacional Contra o Golpe de Estado, apesar das debilidades políticas, materiais e organizativas dos movimentos sociais e grupos de esquerda. Não fossem estas debilidades, a história poderia ser outra. Nos momentos seguintes ao golpe havia um conjunto de fatores que poderiam configurar uma situação pré-revolucionária.

Os sindicatos ainda não têm a força desejável, sobretudo na iniciativa privada, onde a greve geral não vicejou. Os agrupamentos revolucionários só agora estão se reorganizando, recuperando-se da desarticulação das décadas de 80 e 90, em função da derrota da luta armada, da repressão e da crise na construção do socialismo. Para se ter uma idéia, dois partidos que se reivindicavam comunistas se dissolveram naquele período e só agora alguns comunistas estão refundando o Partido.

Mas as classes dominantes, para além do Estado, possuem uma arma decisiva numa batalha como esta: a mídia, sobretudo a televisão. É por este meio que os golpistas conseguiram calar, enquadrar e cooptar a grande maioria da pequena burguesia, restringindo a resistência aos setores proletários e parte minoritária das camadas médias.

Com muita competência, diuturnamente, todos os canais de televisão legitimam o golpe e satanizam a resistência. Jogam com o medo, mostrando cenas de violência nas ruas, em que as tropas só atacam para se defender dos “violentos” manifestantes, chamados de bárbaros e terroristas. Jogam com o risco de se perderem empregos e negócios, por conta da paralisação de parte importante da economia do país. Jogam com o sentimento de autodeterminação, acusando a resistência de ser dirigida e financiada pela Venezuela e pela Nicarágua.

Todos os meios de comunicação se utilizam do mesmo padrão de manipulação. Os manifestantes são “vândalos, terroristas”; o golpe é uma “sucessão constitucional”. Não há qualquer debate na mídia eletrônica, em que haja espaço para o contraditório. Como aqui no Brasil, todos os “especialistas” chamados a comentar os fatos têm a mesma visão de mundo. A manipulação midiática não é apenas o que noticiam, mas também o que não noticiam. A solidariedade internacional não é conhecida pelo povo hondurenho. Zelaya tem sido satanizado como um meliante político, que queria rasgar a Constituição, a serviço de Hugo Chávez. Nesta fase de legitimação do golpe, o noticiário sobre Honduras vai sumindo na mídia mundial.

Confesso que foi impossível resistir à atração de vivenciar pessoalmente os confrontos do centro da cidade, ao lado dos manifestantes e do povo, para ajudar no que fosse possível. Confesso que foi difícil reprimir o impulso que as mãos suplicavam, quando as pedras me olhavam do chão.

A ofensiva da direita pode levar a um natural refluxo do movimento de massas, sobretudo face ao cansaço, à falta de resultados, ao isolamento social e, de uns tempos para cá, a uma certa desconfiança sobre a determinação de Zelaya. Ainda por cima, a mídia legitimou a repressão, o que dá ao governo golpista mãos livres para radicalizar mais nas próximas escaramuças.

Há muitos indícios de que o imperialismo já selou o destino de Zelaya: a possibilidade de uma volta ao país, “anistiado”, após a posse do novo Presidente. Não há qualquer sinal da saída de Micheletti antes disso, nem com a assunção de um tertius para disfarçar o golpe. Se um fato novo não ocorrer, Micheletti passa a faixa para o novo Presidente, em janeiro, certamente um cidadão “ilibado, acima das classes, de união nacional”, ou seja, da absoluta confiança do imperialismo e das classes dominantes locais.

Sinceramente, gostaria de trazer de Honduras avaliações diferentes.

Um exemplo deste plano é que, em 13 de agosto, partiu de Honduras para os EUA uma comissão de “notáveis” indicados pelo governo golpista, para explicar as razões do golpe ao Departamento de Estado, a convite deste. Lembram-se do compromisso de Obama de não receber delegações do governo golpista?

Os golpistas estão trocando os representantes diplomáticos hondurenhos no mundo todo, como a Cônsul Gioconda Perla, do Rio de Janeiro, que ficou fiel a Zelaya. Salvo os que aderiram ao golpe. Preencheram todos os cargos federais. O governo funciona a pleno vapor. As estradas estão sendo desobstruídas, para escoar a circulação de bens e a exportação, reativando a economia. Os defensores de Zelaya na elite política se calaram, com raras exceções. O caso mais emblemático do oportunismo político é do Embaixador hondurenho no Brasil, que havia sido nomeado por Zelaya. Como já sentiu para onde os ventos sopram, simulou uma internação por problema cardíaco no dia da chegada de Zelaya em Brasília, quando este foi recebido pelo Presidente Lula.

Como se vê, vai de vento em popa a tática da legitimação do golpe, ajudada pelo quase fim do mandato de Zelaya e, agora, por uma agenda eleitoral que dominará a cena política hondurenha daqui a poucos dias. Para se ter idéia do processo eleitoral, haverá mais de 20.000 candidatos a cerca de 2.850 cargos (Presidente, Deputados, Prefeitos, Vereadores), inclusive do único Partido considerado de esquerda entre os cinco registrados, o social democrata UD (Unificación Democrática), que tem seis Deputados - nem todos participando publicamente da resistência - numa Câmara de pouco mais de cem.

A partir deste 31 de agosto, os partidos e os candidatos registrados já poderão divulgar suas campanhas em matérias pagas, inclusive na televisão. Isto mudará a pauta nacional.

Aliás, a participação ou não no processo eleitoral pode ser um fator de divisão da Frente contra o golpe, que reúne a Unificación Democrática e o Bloque Popular, em que se encontram as organizações sociais e políticas mais à esquerda. A UD já lançou publicamente um candidato a Presidente, enquanto o Bloque Popular defende a não participação nas eleições, com o argumento de não legitimar o golpe.

Enquanto isso, Zelaya, num comportamento pendular, abandonou seu posto em território nicaragüense, em Ocotal, na fronteira com seu país, de onde anunciara que iria comandar pessoalmente a resistência popular, exatamente nos dias 11 e 12 de agosto, para os quais estava convocada a jornada de luta. Nesses dias, Zelaya optou por um giro pela América do Sul, visitando o Brasil e o Chile, para sinalizar uma inflexão do eixo Chávez/Ortega para Lula/Bachelet.

Mas já ontem o presidente deposto havia voltado ao seu posto na fronteira, de onde divulgou ao povo hondurenho um comunicado conclamando à manutenção da luta de resistência contra o golpe e ao não reconhecimento do processo eleitoral convocado, nem dos seus resultados. E as manifestações continuam, ainda que com participação menor. Neste domingo, haverá um grande concerto musical contra o golpe.

Em verdade, mesmo assim, parece chegar ao fim um dos últimos capítulos da ilusão da revolução nacional-libertadora, que já há algumas décadas passou do prazo de validade.

Zelaya, eleito por um partido da ordem, representava o que ainda resta de setores da burguesia hondurenha, pequenos e médios empresários, que têm algum nível de contradição com o imperialismo. Sua aproximação com a ALBA e a Petrocaribe não tinha um sentido de transição ao socialismo, ainda que o difuso “socialismo do século XXI”. Tratava-se do interesse desses setores não monopolistas da burguesia hondurenha de fazer crescer o mercado interno e ter acesso ao mercado dos países da ALBA. Para isso, precisavam nacionalizar algumas riquezas nacionais, participar de uma integração não imperialista para importar petróleo e outros insumos mais baratos e mitigar as injustiças para aumentar o poder de consumo popular, através de políticas compensatórias e aumento do salário mínimo.

A realidade está mostrando que estes setores residuais da burguesia não têm a mínima condição de disputar com os setores monopolistas. Na fase imperialista do capitalismo, ainda mais em meio à sua crise, a hegemonia no Estado burguês pertence aos segmentos associados aos grandes monopólios. Quem manda em Honduras são os bancos, o agronegócio, os exportadores de matéria prima, e as indústrias maquiadoras voltadas, como no caso da Nike, para o mercado externo.

Mas em Honduras, nada será como antes, principalmente a esquerda e sua vanguarda. Amadurecem e formam-se nesta legendária luta milhares de militantes e quadros. O comando da Frente, em especial do Bloque Popular, já ajustou corretamente a linha política e a organização popular às necessidades desta nova fase da luta. A bandeira da convocação da Constituinte, livre e soberana, com ou sem Zelaya, é um dos eixos políticos principais. Em Assembléia neste domingo, a resistência resolveu priorizar a organização popular, a partir das bases.

A grande lição que os militantes hondurenhos aprenderam é que os proletários só podem contar com eles próprios. Para grande parte desta heróica vanguarda, acabaram-se as ilusões em alianças com a burguesia, nas possibilidades de humanização do capitalismo e de transição ao socialismo nos marcos da institucionalidade burguesa.

E a certeza de que não bastam as pedras de Tegucigalpa.


* Ivan Pinheiro é Secretário Geral do PCB.
Rio, 19 de agosto de 2009

sábado, 15 de agosto de 2009

Luta de Curitiba: PCB & UJC & Intersindical presentes!






















Nesta sexta-feira (14/08/09), o Partido Comunista Brasileiro e sua juventude, a UJC, mobilizaram-se com suas bandeiras, estandartes e idéias revolucionárias para lutar pela classe trabalhadora na capital paranaense. Denunciaram as decisões anti-populares do governo Lula, de favorecimento do capital e de ataque às classes populares, seja com o desemprego, seja com os baixos salários, seja com o ataque aos direitos trabalhistas, seja com o corte de verbas para as políticas sociais. Os revolucionários salientaram que a classe trabalhadora deve unir-se em oposição de esquerda ao governo Lula, deve lutar contra a crimibalização dos movimentos sociais, pela reestatização da Petrobrás e pela revisão das vis privatizações. O Partidão disse ainda que é necessário que a esquerda se mobilize numa FRENTE ANTICAPITALISTA para a construção revolucionária do socialismo. Os comunistas disseram ainda que o PCB completou 87 anos em 2009; assim, quem contar a história do povo brasileiro e de seus heróis terá que falar do PCB. Ou estará mentindo.

Os comunistas deixaram uma mensagem de esperança revolucionária que foi elogiada por militantes de diversas organizações: "Vivemos o fim de uma época. Confiamos na humanidade. Iniciamos um novo século de revoluções". Além disso, toda a militância presente se comoveu com as duas apresentações do grupo de teatro organizado pelo PCB & UJC, num primeiro momento fez uma apresentação d'A Internacional, o atualísssimo hino cantado pelos trabalhadores de todo o mundo, e, num segundo momento, fez a dramatização das condições de vida daclasse trabalhadora no capitalismo, marcada pela exploração, pela alienação, pela reificação, pela violência; este segundo ato mostrou ainda que só o socialismo poderá libertar os trabalhadores.

Por fim, houve o pronunciamento da Intersindical. Nossa camarada fez um belo discurso que empolgou a militância revolucionária, disse que a atual crise é inerente ao capitalismo e que se não derrubarmos o capitalismo, continuaremos sorendo com crises como essa, assim o socialismo é necessário para que a classe trabalhadora não sofra mais com o capitalismo.

Viva a reconstrução revolucionária do PCB!











quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Falar suavemente acompanhado de um porrete: De 'Teddy' Roosevelt a Obama

Por: Jorge Altamira
A revelação de que a Colômbia havia posto à disposição do Pentágono sete bases militares em seu território deu como que uma guinada violenta na crise internacional desatada pelo golpe em Honduras. Agora, a negociação para repor Zelaya na presidência desse país abarca um temário mais amplo. Na primeira fase, quando se estabeleceu a mediação do presidente da Costa Rica, Oscar Arias, o retorno de Zelaya ficou condicionado à aceitação da retirada de sua proposta de convocação de uma Constituinte, da formação de um gabinete de coalizão com os golpistas e até do adiamento das eleições convocadas para novembro. Curiosamente, Zelaya aceitou esta extorsão, pela qual se deve supor que o fez com o apoio dos governos da Alba, que Honduras integra por decisão do mesmo Zelaya.

Também curiosamente os golpistas rechaçaram a proposta, o que, se supõe, fizeram porque contavam com respaldo norteamericano, apesar de Obama exigir publicamente que se restabeleça a presidência de Zelaya. Como se vê, a verdade não se encontra atrás das palavras. Na trajetória deste assunto, o Congresso e a Corte de Honduras ratificaram logo a destituição de Zelaya, ou seja, torpedearam pela segunda vez os 'bons trabalhos' costarriquenhos. Tudo transparente como a água: a mediação de Arias serviu para ganhar tempo e para algo mais: para que o arco internacional do golpismo obtivesse a possibilidade de tomar a iniciativa.
É o que acaba de ocorrer com uma série de medidas que a Colômbia adotou: a denúncia de que as FARC financiaram a campanha eleitoral de Correa, no Equador; a denúncia de que Chávez entregou às FARC foguetes terra-ar comprados da Suécia para as forças armadas da Venezuela; a autorização para que os militares estadunidenses utilizem bases na Colômbia; finalmente, um giro de Uribe - que aponta fundamentalmente para o Brasil -, para deixar claro que a estabilidade regional depende de uma neutralização política da Venezuela de Chávez, muito antes que de uma solução ao golpe em Honduras. O colombiano Uribe, vinculado com o paramilitarismo e o narcotráfico, acusou a Venezuela, com o seu hábito de não pestanejar, de ser o corredor da droga para o Caribe.

Com a responsabilidade que têm os Estados Unidos na transformação do México em um Estado narcotraficante, a invenção de Uribe transforma=se em uma provocação - em especial quando o governo de Obama se declara satisfeito pelos resultados da colaboração com Cuba para a luta contra o narcotráfico. Em definitivo, quando a poeira baixar, a questão da reposição de Zelaya já estará 'prescrita'.
Evo Morales acredita que a coisa ainda vai mais longe: segundo a sua apreciação, uma vitória provável da direita nas eleições do Chile e do Uruguai 'aproximaria' os países bolivarianos. Talvez isso nem faça falta, já que as 'esquerdas' que se apresentam nestes países são tão fiéis à independência nacional como os gatos. O presidente da Bolívia, entretanto, se esqueceu de mencionar a crise política na Argentina e a passividade diante do golpe em Honduras manifestada pelo novo governo da FMLN em El Salvador. Enquanto isso, em Honduras, reapareceram os 'grupos-tarefas' com o assassinato de vários ativistas docentes e um camponês.
Onde foi parar, então, o alegado 'triunfo' do anti-imperialismo, como progressistas e bolivarianos disseram da resolução que pôs fim à exclusão de Cuba da OEA? Se a OEA não funciona como Ministério das Colônias dos ianques, ela simplesmente se enfraquece. Foi o que ocorreu, precisamente, há quase cinquenta anos, quando todos os governos que votaram contra a exclusão de Cuba foram atingidos por golpes militares, com a exceção do México. Inclusive depois da festejada resolução de dois meses atrás, Cuba segue excluída, pois somente pode reingressar a seu pedido, se for autorizada a isso ao cabo de uma negociação.
O jogo político desatado pela crise hondurenha se volta agora para o papel do Brasil, cujo projeto de aliança político-militar na América do Sul, a Unasul, foi desafiado pelo acesso do Pentágono às bases militares colombianas e pelo reforço político de sua grande base militar em Honduras, como consequência da vitória dos golpistas. O embaixador brasileiro questionou a instalação norteamericana na Colômbia como se ignorasse que isso já vinha ocorrendo em função do Plano Colômbia, cujo pretexto é combater a "narcoguerrilha" e o narcotráfico.
Alguns analistas sustentam que a ampliação da presença militar ianque na Colômbia atentaria contra a segurança da Amazônia. Neste caso, seria um excelente pretexto para reforçar a militarização que já se encontra em curso no Brasil. Mais adiante, talvez com outro governo, tudo poderia terminar com uma aliança militar entre Estados Unidos e Brasil.
Mas chama a atenção que o embaixador brasileiro associasse o tema das novas bases militares com a negociação comercial de Doha (onde o Brasil briga por um forte rebaixamento das tarifas que prejudicam as suas exportações) e com os altos impostos que exigem os Estados Unidos para vender o etanol nesse país - o "biocombustível" que deriva da cana de açúcar. Com isso temos outra peça mais na jogada e na negociação desatada pelo golpe em Honduras. Os fatores de choque poderiam ser estendidos ainda mais; a oposição patronal que ganhou as eleições na Argentina, em fins de junho passado, não esconde que a sua principal reivindicação de política exterior é a ruptura política com o chavismo. Para agregar às curiosidades: a Bush lhe "molharam a orelha" em 2005, em Buenos Aires, mas a vingança quem executa é Obama.
O último personagem a ingressar na cena é o governo do rei da Espanha, que pressionou a União Europeia para que não reconhecesse aos golpistas hondurenhos. Logo da nacionalização, ainda que a preço de ouro, do Banco Santander por parte de Chávez, isto deveria surpreender, assim como que isto ocorra depois da expropriação de um par de propriedades rurais de espanhóis. Mas estes acontecimentos recentes são já história velha, porque Rodríguez Zapatero acaba de obter suculentos contratos de obras públicas da parte de Chávez (bilhões de dólares para ferrovias e hidroeletricidade) e um par de acordos petroleiros para a Repsol na zona do Orinoco e para refinar o petróleo cru venezuelano em uma filial que o "polvo" tem no Equador. São negócios que um governo esquálido [burguês], na Venezuela, seguramente já teria reservado para os polvos norteamericanos. Do mesmo modo, a Repsol disse que o seu principal campo de investimentos na América Latina estará no Brasil. Do que se conclui que assistimos, em toda esta crise, a toda uma boa jogada interimperialista - ou seja, que a fatura será paga pelas massas. A 'resistência nac & pop' das pseudo burguesias nacionais derrete-se como neve na primavera; suas principais preocupações políticas são sobreviver às crises políticas em suas próprias casas.
Esta dilatação continental e internacional da fagulha hondurenha é uma consequência da bancarrota capitalista mundial; assistimos a um estreitamento das margens de negociação e a uma acentuação das crise políticas. Por isso, a luta contra o golpe hondurenho e contra as provocações do imperialismo exige uma reivindicação de conjunto. É esta a oportunidade para uma conferência latinoamericana de organizações combativas, independentes das burguesias nacionais e de seus governos, para desenvolver um plano de ação em escala continental.

BRASILEIROS EM HONDURAS
















Comunicado 3

Com a impressionante ampliação da resistência popular, após 46 dias de golpe, a repressão de ontem para hoje atingiu seu mais elevado nível, de acordo com nossos interlocutores e a própria imprensa burguesa.

A manifestação de ontem, da qual participamos, foi a maior de toda esta jornada. Aqui em Tegucigalpa, durante as quase oito horas de manifestações, participaram mais de 50 mil pessoas. Em São Pedro de Sula, cidade industrial a cerca de quatro horas de carro daqui, soubemos que os atos foram também expressivos. A greve foi ampla no serviço público, sobretudo entre os professores.

A nossa delegação foi carinhosamente recebida pelos manifestantes. Na concentração antes da passeata, fomos chamados a falar aos manifestantes. Deixamos claro que estamos aqui em representação de diversas instituições políticas e sociais brasileiras, solidárias com a resistência. Desfraldamos na manifestação uma bandeira brasileira, que apareceu em toda a cobertura da televisão e da imprensa em geral.

A manifestação de ontem terminou por volta das 16 horas. Na dispersão, houve ações contundentes contra algumas empresas de propriedade de oligarcas hondurenhos envolvidos com o golpe.

À noite, o governo decretou a volta do toque de recolher. De madrugada, a sede da Via Campesina foi alvo de um atentado a tiros por parte de agentes golpistas.

Apesar desta ofensiva da direita, nova manifestação se deu hoje, com dezenas de milhares de pessoas que - saindo da Universidade Pedagógica (onde estavam acampados os manifestantes vindos do interior do Estado) - se dirigiam pacificamente ao Congresso Nacional. Chegando ao destino, a passeata foi cruelmente reprimida pela Polícia Nacional e pelo Exército. Milhares de soldados, em grupos de cerca de trinta, percorreram as ruas do centro da cidade dispersando violentamente os manifestantes.

Grande parte dos manifestantes dirigiu-se então à Universidade Pedagógica, a fim de se reagruparem e se reorganizarem. No entanto, o Exército e a Polícia já haviam ocupado o campus universitário. Neste momento, a sede da Via Campesina, de alguns sindicatos e de organizações ligadas à Frente Nacional Contra o Golpe de Estado estão ocupadas pelas forças repressoras.
Quando escrevíamos este informe, ainda não se conhecia o número de vítimas da repressão que, entre presos e feridos, certamente se contam às centenas. Vejam algumas fotos que aqui apresentamos.

Amanhã devemos voltar ao Brasil, após realizarmos contatos políticos com as forças que impulsionam a resistência, de forma que possamos em nosso país dar continuidade à solidariedade.

Conclamamos todas as forças progressistas brasileiras a cerrarem fileiras em torno da solidariedade ao povo hondurenho. Até porque, pelo que sentimos aqui, a resistência deste valoroso povo não se curvará aos oligarcas locais e ao imperialismo.
Tegucigalpa, 13 de agosto de 2009

Amauri Soares - Deputado Estadual (SC)
Ivan Pinheiro - Secretário Geral do PCB
Marcelo Buzetto - Dirigente Nacional do MST
PS: chegou hoje à tarde aqui em Tegucigalpa o companheiro Dirceu Travesso, da Conlutas, que deverá ficar em Honduras até segunda-feira.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009


A CRISE NO SENADO É A CRISE DO SISTEMA BURGUÊS

Só o Poder Popular fará avançar a democracia!

(Nota Política do PCB
)
Os lamentáveis fatos que vêm ocorrendo no Senado Nacional, envolvendo seu presidente, José Sarney – as frequentes quebras de decoro parlamentar ou os inúmeros abusos de poder que se manifestam nas nomeações (sem concurso) de parentes de deputados e senadores para funções públicas, nos chamados atos secretos, ou nas denúncias de corrupção que a toda hora aparecem na mídia – geram um grande desgaste para as instituições políticas e contribuem para o aumento da descrença de grande parte da população nos partidos, nas ações políticas e mesmo na chamada democracia representativa.

Nas formações sociais capitalistas, a disputa pelo poder político, seja no executivo, no legislativo e mesmo no judiciário, por vias indiretas, se manifesta, principalmente, nas ações e interesses da classe dominante, com o apoio direto dos meios de comunicação privados, que traduzem a realidade conforme a ótica burguesa.

Os grandes grupos econômicos injetam volumosos recursos financeiros nos partidos da ordem. Destes, alguns se apresentam com linha política e base ideológica mais definida, voltada para a ordenação da sociedade pelos preceitos liberais e visando favorecer a acumulação capitalista. Outros se propõem a representar interesses privados mais localizados. As leis eleitorais reforçam o sistema, protegendo e viabilizando os grandes partidos burgueses e dificultando ao máximo a organização e a ação dos partidos e organizações formados por representantes e segmentos das classes trabalhadoras.

Se a Câmara dos Deputados representa de forma um pouco menos distorcida o conjunto da sociedade (com o voto proporcional dos eleitores), o Senado, com três representantes por estado, independentemente do seu tamanho, reforça os segmentos mais conservadores.

A contrapartida oferecida pelas representações parlamentares burguesas é o atendimento dos interesses privados, que se fazem representar diretamente ou por meio de pressões organizadas (lobbies). Os meios para o exercício do poder, por estes grupos, cobrem desde os procedimentos legais e formais da apresentação e aprovação de leis de seu interesse até o uso de esquemas diversos de corrupção (que, por sua vez, vão da compra de votos à apropriação privada de recursos e patrimônio públicos).

No Brasil, a prática da usurpação do patrimônio público por interesses privados vem desde a Colônia e se mantém até o presente na ação dos grandes latifundiários, dos chamados “coronéis” que compram votos com grande facilidade. Esta prática se estende aos “capitães da indústria” e aos grandes banqueiros. Os longos períodos de ditaduras contribuíram também para o enorme distanciamento entre a estrutura política representativa e a maioria da população, além de enfraquecer – muitas vezes com prisões e assassinatos – as representações políticas dos trabalhadores.

A saída imediata de José Sarney da presidência do Senado será, sem dúvida, um passo importante para a moralização daquela casa legislativa. Mas é preciso ir adiante. Sem qualquer ilusão de que seja possível chegar-se a uma democracia plena no capitalismo, é urgente avançar na legislação eleitoral para que a maioria da população – os trabalhadores – esteja melhor representada no sistema político.

Defendemos a mais ampla liberdade de organização partidária, o financiamento público das campanhas eleitorais, o voto em listas, a abertura dos espaços legislativos para o controle e a participação direta das diferentes entidades representativas da sociedade. O fim do Senado, com o fortalecimento de um Congresso unicameral e a construção do Poder Popular – eleito diretamente pela população em cada região – são medidas essenciais para o aprimoramento da democracia dos trabalhadores.

O PCB entende que estes avanços só poderão ser conquistados com muita luta, com a maior organização dos trabalhadores, no bojo da luta maior – a luta de classes – no caminho da construção revolucionária do Socialismo.

PCB – Partido Comunista Brasileiro
Agosto de 2009

BRASILEIROS EM HONDURAS


COMUNICADO 2

Hoje, 11 de agosto, Honduras foi palco de grandes manifestações populares. Diversos movimentos, partidos e organizações da Frente Nacional de Luta Contra o Golpe de Estado deram continuidade às lutas que tiveram início em 28 de junho, quando foi deposto o presidente Manuel Zelaya.

Milhares de trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade se uniram numa mobilização que reuniu cerca de 50 mil pessoas na capital, Tegucigalpa. Estavam presentes camponeses/trabalhadores rurais da Via Campesina, membros da Confederação Nacional Indígena-COPIN, diversos setores do movimento operário-sindical (com destaque para os professores que mantêm uma greve por tempo indeterminado), Federação Universitária Revolucionária-FUR e outros setores do movimento estudantil, Frente dos Advogados Contra o Golpe, Feministas Contra o Golpe, setores do Partido Liberal, setores da igreja católica, Igreja Luterana, parlamentares e militantes do Partido da Unificação Democrática – UD, do Movimento Nova Democracia e inúmeras outras entidades dos movimentos social-operário-popular-estudantil.

As diversas marchas foram se encontrando num local muito próximo da Casa Presidencial. Falaram as delegações internacionalistas do Brasil, da Argentina e dos EUA. A concentração durou 5 horas, aguardando os companheiros e companheiras que vinham de várias regiões do interior do país. Enquanto isso, milhares também se concentravam em San Pedro de Sula.

Durante a marcha até Tegucigalpa foram acontecendo manifestações locais, fechamento de rodovias, etc.

Quando uma das últimas das marchas chegou, centenas foram se dirigindo até o Boulevard João Paulo II, avenida da Casa Presidencial, e a Frente convocou o povo para se dirigir até lá.

Enquanto se avaliava qual seria o rumo da marcha, que agora já contava com muita gente, a situação ficava tensa por causa do crescimento do número de soldados, da polícia e do exército. As ruas em torno da Casa Presidencial foram fechadas para pessoas e veículos. Batalhões de Choque e atiradores da polícia e do exército se posicionavam enquanto o povo gritava “Nos tienen miedo porque no tenemos medo”.

Diversos companheiros e companheiras reconhecem que o nível de consciência política e de organização das massas se elevou neste último período (pós-28/06), mas que ainda é insuficiente para impor uma esmagadora derrota no projeto golpista.

A esposa e a filha de Zelaya também falaram nos atos.

Existe um esforço em se organizar, e a Comissão de Disciplina do ato identificou infiltrados que, a pé e de moto, acompanhavam as marchas. Logo foram tomadas as medidas necessárias.

A marcha foi impedida de se aproximar da Casa Presidencial, e aí viveu-se um momento de impasse. A polícia iniciou uma negociação para que ocupássemos uma faixa da avenida e seguíssemos por uma rua próxima da Casa, mas o exército foi contra e mandou mais soldados para fortalecer a barreira criada pelas forças da repressão.

A avaliação foi que era preciso evitar um confronto desnecessário naquele momento. Foi dada orientação para não confrontar com as tropas e seguir em caminhada até a Universidade Pedagógica, onde todos ficariam alojados. No caminho um grupo de policiais atirou, segundo militantes que testemunharam o fato, num jovem militante. Então setores do povo reagiram com ações contra estabelecimentos comerciais de propriedade de empresários golpistas e um ônibus. A polícia aproveitou para desencadear a repressão disparando contra o povo. O resultado foi aproximadamente 50 presos. Não temos ainda o número total de feridos. Neste momento, advogados e membros da Frente estão tentando libertar os companheiros. Em resposta à grande mobilização de hoje, o governo anunciou às 19h00 o retorno do toque de recolher das 22h00-05h00, podendo ampliar o mesmo caso considere necessário.

Lembramos que no dia que o presidente Manuel Zelaya tentou entrar no país pela fronteira com a Nicarágua o governo estendeu o toque de recolher até ás 12h00, para impedir o povo de se encontrar com ele, e houve muitos conflitos.

O bloqueio midiático é total, mas a consciência do povo está despertando no dia-a-dia das lutas.

Fortalecer as marchas e mobilizações, fortalecer a unidade na Frente, defender em qualquer situação uma Assembléia Constituinte, parecem ser essas as tarefas principais desse momento.

Tegucigalpa, 11 de agosto de 2009

Amauri Soares - Deputado Estadual (SC)
Ivan Pinheiro - Secretário Geral do PCB
Marcelo Buzetto - Dirigente Nacional do MST

terça-feira, 11 de agosto de 2009

BRASILEIROS EM HONDURAS

Comunicado 1

Chegamos hoje à noite a Tegucigalpa, capital de Honduras, formando uma delegação de brasileiros, organizada pela Casa da América Latina, para expressar a solidariedade de organizações políticas e sociais de nosso país que realizam amanhã (11 de agosto) manifestações de repúdio ao golpe de Estado perpetrado pelas oligarquias e o imperialismo neste país, com a destituição do Presidente eleito, Manuel Zelaya, nos marcos de uma jornada mundial de apoio ao povo hondurenho.

Ainda no trajeto, passando por El Salvador, mantivemos contato com dirigentes da Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional (FMLN), que hoje governa aquele país, onde conversamos com os companheiros Nídia Diaz e Elias Romero, deputados do Parlamento Centro Americano, que também manifestaram sua preocupação com a situação política de Honduras e suas conseqüências para a integração latino-americana.

Chegando ao aeroporto da capital, Tegucigalpa, fomos recebidos por uma representação da Embaixada brasileira no país. Em seguida, encontramo-nos com uma delegação da Via Campesina, em nome da Frente Nacional Contra o Golpe de Estado.

Já formalizamos nossa entrada no país e já estamos devidamente alojados.

Amanhã, vamos acompanhar as manifestações programadas pela resistência, que incluem uma greve geral e uma grande concentração na capital, para onde convergem desde sexta-feira hondurenhos vindos de todos os cantos do país. Juntamente com delegações de outros países, que também estão aqui para dar apoio e respaldo político às mobilizações, procuraremos contribuir, modestamente, para denunciar toda e qualquer tentativa dos golpistas de impedir a livre manifestação do povo hondurenho.

Reafirmamos nosso compromisso em dar continuidade à luta contra uma nova escalada golpista em nosso continente, e para que se reforce a unidade dos povos da América Latina na luta antiimperialista e por um mundo justo, livre e fraterno.

Tegucigalpa, 10 de agosto de 2009

Amauri Soares (Deputado Estadual de Sta. Catarina)

Ivan Pinheiro (Secretário Geral do PCB)
Marcelo Buzetto (Dirigente Nacional do MST)

Saiba mais sobre Honduras, clique aqui. Visite também o rebelión.org.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009


FORA IANQUES DA AMÉRICA LATINA! NÃO À INSTALAÇÃO DAS BASES MILITARES DOS EUA NA COLÔMBIA! (Nota Política do PCB)

O Partido Comunista Brasileiro (PCB) vem a público repudiar a intenção do governo dos Estados Unidos, com o apoio e beneplácito do presidente fascista da Colômbia, Álvaro Uribe, de instalar bases militares em sete pontos do território colombiano. A estratégia, negociada secretamente entre os dois governos nos últimos meses e agora tornada pública, visa substituir a base de Manta, no Equador, até então o mais importante centro de operações dos EUA na região, depois da devolução do Canal do Panamá, em 1999.
O governo democrático e popular de Rafael Correa recusou-se a renovar a permanência dos militares estadunidenses em seu país, em respeito à decisão aprovada na reforma constitucional referendada pelo povo equatoriano em setembro de 2008. A atitude de Correa também foi uma resposta à ação terrorista contra as FARC, montada a partir da base de Manta, sob comando dos EUA e com apoio de Uribe, responsável pelo assassinato do dirigente revolucionário Raul Reyes.
A Colômbia passará a ser ocupada oficialmente pelos EUA através de sete bases militares, conforme anunciado pelo general James Jones, assessor de Segurança Nacional do presidente Barack Obama. Se depender do desejo de seu ditador de plantão, os colombianos perdem em definitivo a soberania de parte de seu território, oficializando, assim, a condição do país de mera base de operações e cabeça de ponte do imperialismo no hemisfério sul.
As bases militares, que serão usadas pelo Exército, a Marinha e a Aeronáutica dos EUA, servirão para que as forças armadas ianques, a partir do território colombiano, vigilância e controle militar e aéreo sobre os próprios colombianos e os povos da América Latina e do Caribe e, possivelmente, até sobre nações da África banhadas pelo Oceano Atlântico, que ficarão sob o poder de fogo da aviação norte-americana.
Há algumas semanas, o embaixador estadunidense na Colômbia, William Bronfield (cérebro da operação militar de dezembro de 1989, realizada para resgatar o ditador Noriega, aliado dos EUA no Panamá, à custa de cerca de dois mil civis mortos), confirmou tratar-se da transferência da base de Manta para a Colômbia. A subserviência do governo colombiano é tanta que um dos pontos do acordo prevê a total impunidade dos militares e civis estadunidenses perante a justiça local. No Equador, 300 norte-americanos jamais puderam ser julgados, mesmo tendo cometido delitos como roubos e homicídios.
O objetivo do plano é que as bases militares possam servir como ameaça permanente aos "perigosos" países vizinhos, como o Equador e a Venezuela, onde processos eleitorais associados a movimentos sociais marcados por intensa participação popular conduzem a importantes transformações socioeconômicas, responsáveis pelo enfrentamento à burguesia e pelo progressivo controle sobre o antes intocado poder do capital nestes países. As ações militares, mais uma vez sob o falso argumento de ampliar a guerra contra o narcotráfico e de atacar o "terrorismo" - isto é, as guerrilhas e as lutas das massas contra o capitalismo, serão dirigidas, centralmente, contra populações em toda a América Latina, do Pacífico ao Caribe.
Desde a década de 1980, em nome da pretensa guerra contra as drogas, os governos dos EUA financiam, treinam e armam tropas colombianas para o combate às guerrilhas formadas a partir da grande revolta popular de 1948, El Bogotazo (que desencadeou inúmeros conflitos sociais entre 1948 e 1953, período conhecido como La Violencia, quando morreram 180 mil colombianos). A estratégia de ocupação foi ampliada com o Plano Colômbia, em 2000, visando o combate às FARC, que passaram a dominar grande parte do território colombiano. Mas, fundamentalmente, aumentava-se a presença norte-americana em uma região de grande interesse geopolítico, por sua posição estratégica e pela riqueza em recursos minerais e energéticos, como petróleo, gás e carvão.
Está claro que a iniciativa do governo de Obama faz parte da política imperialista, que, em favor dos interesses das corporações e da indústria bélica estadunidense, mantém seus tentáculos mundo afora. A face moderada de Obama busca ofuscar a política do big stick. Mas a máscara começa a cair, pois o silêncio sobre o massacre israelense na Faixa de Gaza, o recrudescimento da guerra no Afeganistão, a manutenção da ocupação do Iraque, as ameaças veladas ao Irã e ao Paquistão, assim como o apoio ao golpe civil-militar em Honduras, demonstram que as ações do imperialismo, unindo os interesses econômicos das transnacionais à ameaça constante da guerra, continuam mais vivas que nunca. Na América do Sul, à reativação da IV Frota na costa sul-atlântica vem somar-se agora o projeto de instalação de bases militares na Colômbia.
O PCB repudia o acordo criminoso entre Obama e Uribe, denunciando a iniciativa como uma ameaça concreta à paz e à convivência fraterna entre os povos do nosso continente. Conclamamos as forças de esquerda, democráticas e populares em nosso país a prestar solidariedade ativa aos trabalhadores e movimentos sociais em luta em toda a América Latina e ao protesto organizado contra mais esta ação agressiva do imperialismo estadunidense.
PCB - Partido Comunista Brasileiro
Comitê Central
Agosto de 2009