segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A União da Juventude Comunista – Os jovens Trabalhadores e Estudantes

Já passados quase 83 anos de sua fundação – em agosto de 1927 – a União da Juventude Comunista vem trabalhando, neste novo século, para cumprir seu papel histórico formulado por aqueles Jovens Comunistas, em 1927 no Rio de Janeiro: organizar, formar politicamente e mobilizar para as lutas, a juventude trabalhadora dos setores populares, jovens brasileiros e brasileiras explorados, oprimidos, que buscassem no socialismo uma alternativa real na sociedade capitalista.

Nossos camaradas que aceitaram esta tarefa no passado não vacilaram. Nos momentos políticos de maior intensidade de luta ideológica e conflito de classe, assim como na defesa do patrimônio do povo brasileiro, lá estava a Juventude Comunista ao lado dos trabalhadores e estudantes populares. Foi assim na luta contra o nazi-fascismo, no seu papel de protagonista da criação da União Nacional dos Estudantes, encampando com garra a campanha “O Petróleo é Nosso!”, na heróica luta de seus militantes contra a ditadura militar, pela redemocratização do Brasil e tantas outras frentes de luta que surgiram e que foram encaradas com firmeza.

No entanto, em sua história de lutas, a Juventude Comunista também sofreu os efeitos do desenrolar do século XX. Com a queda do muro de Berlim, o fim do Bloco Socialista do Leste Europeu e da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, os Comunistas – revolucionários e não oportunistas – sofreram um forte abalo na estrutura de organização e ação política, que não deixou de abalar também, a União da Juventude Comunista, a força jovem do movimento Comunista Brasileiro.

Porém, o Partido Comunista e sua juventude não poderiam deixar de existir onde ainda houvesse a injustiça, a exploração do homem pelo homem, o trabalho escravo, a mediocridade das relações humanas, a mesquinharia individualista e a falta de educação de qualidade no ensino público para os filhos da classe trabalhadora. Assim, enquanto existisse uma sociedade em conflitos e dividida em classes, os Comunistas lutariam para que ela deixasse de existir, lutariam pelo poder dos trabalhadores e pelo socialismo na perspectiva da construção do Comunismo.

Por esta razão, no limiar do século XXI, a UJC vem, mais uma vez, seguindo a tradição de luta dos Comunistas na história do Brasil, resistindo, da trincheira do povo, contra o imperialismo mundial exercido pelos EUA e seus lacaios. Desta maneira, lutando pela soberania do povo oprimido, pela soberania nacional, em especial nossos irmãos da America Latina, que resistem bravamente contra a pressão do império e seus representantes locais, e lutando pelo patrimônio natural do povo brasileiro - que está sendo entregue ao capital estrangeiro por um governo que apunhala a classe trabalhadora pelas costas a todo instante, e que nada faz senão o jogo da burguesia nacional e internacional.

Também, em apoio aos lutadores do povo, pela terra, pela reforma agrária e o grande movimento que resiste no campo, contra o latifúndio e suas ações de violência e agressão ao camponês e a todo trabalhador brasileiro. Ainda, na luta pela defesa intransigente dos direitos da classe trabalhadora em todo o mundo, frente à crise do capitalismo, a agressão ao emprego e ao salário, e ao resultado de anos de especulação financeira e neoliberalismo, que resultaram nesse monstro que é o capitalismo em sua face crua, que será enfrentado por esta classe, que não quer pagar a conta mais uma vez sozinha, com seu trabalho e sacrifício. E por fim, na luta contra o entreguismo do ensino público e da Universidade, na mão do capital privado ou no sucateamento tático, para que isso ocorra da mesma maneira. A Universidade é do povo e para ele deve servir.

Desta maneira, nossas lutas e nossas tarefas de hoje se confundem com as dos nossos camaradas de 1927: Organizar a juventude trabalhadora brasileira, Estudar cada vez mais para compreender a realidade do nosso povo e Lutar pela revolução socialista. Desde a sua fundação, a União da Juventude Comunista teve em seus militantes, jovens que levantaram estas bandeiras históricas e que construíram, com enorme sacrifício e coragem, a trincheira da resistência revolucionária no seio da juventude brasileira.

Se você acredita em uma sociedade onde o trabalho já não seja um sacrifício torturante, mas um complemento da vida em sociedade, se você acredita em uma educação popular que construa um novo homem em conjunto com o trabalho, se você já deixou de acreditar em jargões e slogans esquerdistas que na prática se mostram fruto do oportunismo e carreirismo político a serviço da burguesia, e se você acredita que a alternativa para a juventude é o tripé base: Organizar, Estudar e Lutar junte-se a nós nesta empreitada que se apresenta aos combatentes do povo.

A hora é essa! Ousar lutar, Ousar vencer!

União da Juventude Comunista – Curitiba – PR

Dyener Fracaro – Comitê Municipal

sábado, 29 de janeiro de 2011

Manifesto a todos os que lutam por uma sociedade justa e livre de qualquer tipo de opressão




(Nota Política do PCB)

A cada dia que passa, fica mais clara, para todos, a natureza excludente do capitalismo: aumentam as expropriações sobre o trabalho, reduzem-se os direitos sociais, desvaloriza-se a força de trabalho, diminuem as perspectivas para os jovens trabalhadores, pioram as condições de vida da imensa maioria da população mundial, enquanto um número cada vez menor de empresas obtém lucros crescentemente obscenos, ampliando o apelo ao consumo exacerbado e provocando mais destruição dos biomas e dos recursos naturais da terra.

A atual crise econômica, que não se esgotou nos Estados Unidos e se alastra pela Europa e por outras regiões do planeta, reafirma as tendências do capitalismo: as grandes empresas estão cada vez mais internacionalizadas, buscando explorar novas oportunidades de mercado, salários baixos, matérias-primas e outros insumos de produção mais baratos. Unindo-se aos grandes bancos e forjando fusões, trustes e cartéis dos mais variados tipos, com seus tentáculos espalhados pelo mundo, os oligopólios exploram mais e mais a classe trabalhadora, constituindo enormes e poderosas oligarquias, formando aquilo que Lênin chamou de imperialismo.

Os governos da socialdemocracia, em todo o mundo, se aproximam mais e mais do pensamento, das proposições e das ações políticas liberais e neoliberais, implementando cortes de gastos públicos, sucateando os sistemas públicos de saúde, educação, previdência, impondo a redução de salários e a precarização dos empregos; a lógica e a fundamentação essencial é a de que o mercado é a melhor estrutura para a organização da economia e da sociedade; o mercado é absoluto e intocável, cabendo aos "mais fortes, mais competentes e mais ousados", os lucros e frutos de seu esforço e, aos mais fracos, a desesperança.

Os valores e ideias que sustentam e apoiam tais políticas são os mesmos que justificam o individualismo, a exclusão e a desigualdade social como inerentes à vida em sociedade e ao "ser humano". Estas ideias e valores, apesar de sofrerem cada vez mais oposição em muitos países, ainda seguem hegemônicas na maior parte do planeta, contaminando, ainda, movimentos sociais e organizações de trabalhadores. O sistema político-eleitoral burguês mais e mais se torna refém dos grandes grupos econômicos que financiam as campanhas dos partidos da ordem e controlam a mídia capitalista. A participação popular fica restrita ao ato de votar.

Os estados capitalistas mais desenvolvidos, reunidos em blocos políticos e econômicos, apresentam crescentes contradições, oposições internas e disputas entre si, mas seguem sua escalada de ações políticas, econômicas e militares para defender seus interesses estratégicos por todo o mundo, buscando reprimir toda e qualquer manifestação contrária à ordem do capital. Daí a permanente ação de desestabilização, bloqueio e sabotagem de qualquer forma alternativa, sejam as experiências de transição socialista como Cuba, ou mesmo governos populares como os da Venezuela, Bolívia e outros. Esta ação do imperialismo é reforçada pela subserviência descarada de governos vassalos do imperialismo, como o da Colômbia, na América do Sul, e Israel, no Oriente Médio, mas também pelas alternativas moderadas que levam ao pacto social e à neutralização da capacidade de luta dos trabalhadores, como as que ocorreram no Chile com Bachelet ou no Brasil com Lula. Por isso a luta anticapitalista e anti-imperialista exige a solidariedade internacional, não como mero ato de solidariedade, mas como ativa participação na luta contra o império do capital.

O capitalismo, no Brasil, é monopolista, dispõe de instituições consolidadas e as empresas que aqui atuam estão, em sua grande maioria, perfeitamente integradas à economia mundial. O capitalismo brasileiro atingiu um grau tamanho de maturação que as lutas sociais e a resistência dos trabalhadores na defesa de seus direitos mais imediatos, como o salário, as condições de trabalho, os direitos previdenciários, o pleno acesso a uma educação pública de qualidade, ao atendimento de saúde, à moradia digna, aos bens culturais e ao lazer se chocam hoje não com a falta de verbas ou de projetos de desenvolvimento, mas com a lógica privatista e de mercado que transforma todos estes bens e serviços em mercadorias. Assim é que a luta pelos direitos, pela qualidade vida e dignas condições de trabalho é hoje uma luta anticapitalista.

O desenvolvimento do capitalismo brasileiro está, de forma profunda e incontornável, associado ao capitalismo internacional, sendo impossível separar onde começa e onde acaba o capital "nacional" e aquele ligado à internacionalização das grandes empresas transnacionais. O desenvolvimento dos monopólios, das fusões, da concentração e centralização dos principais meios de produção nas mãos de grandes corporações monopolistas, nos setores industrial, bancário e comercial, torna impossível separar o capital de origem brasileira ou estrangeira, assim como o chamado capital produtivo do especulativo, já que nesta fase o capital financeiro funde seus investimentos tanto na produção direta como no chamado capital portador de juros e flui de um campo para outro, de acordo com as necessidades e interesses da acumulação privada, sendo avesso a qualquer tipo de planejamento e controle. Não há, portanto, contradição entre o desenvolvimento do capitalismo nacional e os interesses do capitalismo central, pelo contrário, aquele passa a ser a condição do desenvolvimento deste. Por tudo isso, entendemos que a luta anticapitalista hoje é, necessariamente, uma luta anti-imperialista.

Não há perspectivas, pois, da formação, no Brasil, de alianças entre a classe trabalhadora e a burguesia com vistas à construção de um governo que pudesse desencadear um processo de pleno desenvolvimento social com qualidade de vida e bem-estar, com amplo acesso dos trabalhadores aos bens e serviços essenciais à vida; tampouco existe a possibilidade de uma união entre empresários e trabalhadores brasileiros para o enfrentamento ao "capital estrangeiro", dada a internacionalização das empresas e do capital em geral e da própria burguesia. Não passa de uma grande falácia a propaganda de alguns partidos ditos de esquerda em defesa de uma alternativa nacional em que se inclua a burguesia, ou seja, no sentido de um "capitalismo autônomo".

Somente a alternativa socialista, pela via revolucionária, nos aparece como o objetivo maior a ser alcançado, constituindo o norte balizador de todas as ações e iniciativas verdadeiramente transformadoras. Entendemos que a revolução socialista é um processo complexo e de longo prazo, que envolve múltiplas formas e instrumentos de luta. Para que este objetivo se viabilize, será necessária a união de todas as forças que identificam no capitalismo e no imperialismo as causas mais profundas do quadro excludente atual e os inimigos centrais a serem derrotados, sejam estas forças partidos políticos, grupos, entidades, movimentos sociais ou pessoas que se colocam em oposição à ordem burguesa hegemônica, que defendem a justiça e a igualdade social, que propõem caminhos e realizam lutas e ações políticas no sentido da mudança radical da realidade.

Faz parte da luta contra a hegemonia conservadora no Brasil a superação da divisão das forças socialistas, populares e revolucionárias. A fragmentação das nossas forças é alimentada não apenas pela capacidade de cooptação e neutralização estatal e governista, pela violenta manipulação ideológica imposta tanto pela grande mídia a serviço do capital quanto pela escalada consumista impingida às camadas trabalhadoras (não de bens e serviços essenciais, mas de bugigangas do reino mágico das mercadorias), mas também pelas dificuldades no campo da esquerda de produzir patamares de unificação mínimos que permitam passar à ofensiva contra a hegemonia burguesa.

É hora de dar um salto de qualidade na busca de unidade prática dos movimentos sociais, forças de esquerda e entidades representativas dos trabalhadores, no caminho da formação de um bloco proletário capaz de contrapor à hegemonia conservadora uma real alternativa de poder popular em nosso país. Como instrumento organizador coletivo e construtor do caminho revolucionário, propomos a criação de uma Frente Anticapitalista e Anti-imperialista.

Uma vez criada, esta frente não será propriedade de nenhum partido, organização ou grupo, constituindo-se como móvel estruturador das ações políticas e organizativas nos planos da luta das ideias, dos movimentos de massa e das lutas institucionais. Nem a linguagem a ser utilizada, tampouco as formas de luta a serem empregadas pela frente serão ditadas por esta ou aquela organização, mas construídas em conjunto: as decisões da Frente deverão ser tomadas por consenso.

O programa político da Frente deverá ser composto pelos grandes eixos de luta de cada plano de ação; não será, assim, apenas o somatório simples das lutas encaminhadas pelas organizações que a compõem, as quais continuarão a levar adiante as lutas específicas que empreendem.

Como bandeiras de luta, sugerimos que a Frente priorize:

  • a luta pela reforma agrária e pela reforma urbana;

  • a luta pela Petrobrás 100% estatal;

  • a luta pela reestatização da infraestrutura produtiva, da geração e distribuição de energia, das grandes empresas industriais e financeiras;

  • a luta contra a precarização do trabalho e pela ampliação dos direitos sociais;

  • a luta pela expansão da educação, da previdência, da assistência social e da saúde públicas, gratuitas e de qualidade para a totalidade da população;

  • a luta pelo controle estatal das comunicações, para a sua democratização;

  • a luta em defesa dos povos e governos progressistas da América Latina e de todo o mundo;

  • a defesa do povo palestino pelo seu direito à autodeterminação.

Rio de Janeiro, janeiro de 2011.

Partido Comunista Brasileiro – PCB
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