terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Cuba: Um povo culto é um povo livre - Por: Por Otávio Dutra*




Uma pitada de poesia é suficiente para perfumar um século inteiro (José Marti)

De 09 a 19 de fevereiro a capital dos cubanos e das cubanas se perfumou de poesia, de conto, de ciência e ficção.

O mundo tornou-se pequeno para as letras e a imaginação desse rebelde povo. Quando nos referimos ao número de visitantes da 21° Feira Internacional do Livro de Cuba não nos basta falar de milhares, mas sim de milhões de cubanos e latino-americanos que participaram desta festa de cultura e conhecimento. Os livros nas mãos do povo, vendidos a modestos preços, também ultrapassam as cifras milionárias, em um país com pouco mais de 11 milhões de habitantes. Crianças conduzidas por seus pais e professores transformam cultura em brincadeira, e seus olhos brilham nas salas de leitura infantis; sua imaginação aflora com cada nova estória. Cada uma das crianças cubanas ganhou um livro infantil a sua escolha.

Os caminhos do histórico Forte de La Havana, que por séculos serviram aos canhões dos dominadores (espanhóis ou estadunidenses), hoje conduzem todo um povo para o único caminho de liberdade: a cultura e o conhecimento. É dessa forma que a revolução cubana muniu seu povo com a mais eficaz arma contra a opressão e a dominação, os livros. Nenhuma outra arma poderia manter e revigorar permanentemente as mais de cinco décadas de construção socialista, décadas de ataques imperialistas incessantes, mas principalmente de criatividade e unidade de um povo que jurou jamais voltar a viver de joelhos. Um povo culto não se submete a ser enganado ou dominado.

Talvez seja este o grande segredo da revolução cubana, que ousou manter seus princípios quando o bloco socialista ruiu com as contra-revoluções dos 80 e 90. Desde a campanha nacional de alfabetização – uma das primeiras medidas revolucionárias – os livros não mais abandonaram a cabeceira dos cubanos e das cubanas. A partir de então, ainda que pobre e bloqueada política e economicamente pelo maior império que a humanidade já conheceu, Cuba transformou-se numa potência científica e no maior pólo de cultura da América Latina, ultrapassando as fronteiras impostas aos povos para levar letras e ações de emancipação ao mundo. Hoje é um dos países do planeta com o maior número de escritores e escritoras registrados per capita, número inigualável nas Américas, e omitido pelos meios de comunicação hegemônicos.

Dessa forma seguem seu caminho os cubanos e as cubanas, com as estantes carregadas de livros nacionais e internacionais, com os punhos preparados para lutar pelo mundo sonhado desde as primeiras revoluções populares, com a convicção científica de que é possível construir uma sociedade de riqueza coletiva e oportunidades iguais, com as mentes cheias de criatividade e com os corações transbordando solidariedade e amor aos oprimidos do mundo.

* Otávio Dutra é estudante da Escola Latino Americana de Medicina em Havana e militante da base Paulo Petry da UJC e do PCB.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A privataria petista - Por: Paulo Schueler*




Está para ser escrito o livro que relata as privatizações durante os governos do PT, elevadas a patamar superior com a concessão de aeroportos.

É recente a publicação do livro A privataria tucana, que desmascara os interesses e negociatas por detrás das privatizações que tornam a "biografia" do PSDB e de alguns de seus principais próceres numa ficha corrida de banditismo deslavado.

Sua publicação, aliás, demarcou mais uma vez campos anteriormente estabelecidos: foi amplamente ignorada pelos principais veículos de imprensa do país - aliados ideológicos do modus operandi e da visão de mundo do grão-tucanato, e divulgado com o fervor dos evangelizadores pela parcela da mídia, principalmente virtual, ligada aos interesses e defensora dos governos petistas.

A posterioridade deverá trazer o segundo capítulo dessa história, envolvendo outros canastrões como atores, o PT à frente. É o que podemos depreender do leilão dos 3 principais aeroportos do país, ocorrido na última terça-feira. Realizada em meio ao pregão da Bovespa, a operação dos vendilhões da pátria eleva a novo patamar o entreguismo de PT e aliados.

O PT, durante os dois mandatos de Lula, foi responsável pela privatização de cerca de 2,6 mil quilômetros de rodovias federais, para exploração do grupo espanhol OHL por 25 anos. Também foi responsável pela concessão, por 30 anos, de 720 quilômetros da Ferrovia Norte-Sul. A vencedora foi a Vale. O PT privatizou os bancos do Estado do Ceará e do Estado do Maranhão. O PT privatizou ainda as hidrelétricas Santo Antônio e Jirau. Aliás, este é o segundo leilão de aeroportos protagonizado pelo PT: o povo brasileiro já havia perdido o controle do terminal de São Gonçalo do Amarante (RN), em agosto de 2011.

Mais que isso, o PT - sob gerenciamento do PCdoB na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) - privatizou algumas vezes as reservas petrolíferas do país, para empresas nacionais e estrangeiras, e em alguns casos essa privatização foi direcionada a um vencedor, como pode demonstrar a recente descoberta de óleo em área da empresa de extração do milionário preferido do Planalto, Eike Batista.

É o que você acaba de ler: assim como no governo tucano, as privatizações petistas precisam beneficiar os amigos da corte. Não é por outro motivo que a economista Elena Landau, que comandou a Diretoria de Privatizações do BNDES entre 1993 e 1994, foi "fonte" do jornal Valor Econômico para elogiar a participação do banco e dos fundos de pensão no processo dos aeroportos.

O BNDES financiará em 80 % dos recursos dos investimentos totais previstos e até 90% dos itens financiáveis, com juros baixos, a entrega do controle dos três terminais que respondem por 30% do fluxo de passageiros e 57% da carga movimentada ao capital privado.

E a doação do patrimônio público será feita com prazo de 180 meses (para as vencedoras de Guarulhos e Campinas) e de 240 meses (para Viracopos). Apressado para dar satisfação aos interesses por detrás do negócio, Luciano Coutinho, presidente do BNDES, esteve na Bovespa, considerou o leilão um "sucesso" e disse que o banco está preparado para "auxiliar" os consórcios vencedores.

Se há tantas benesses para o setor privado, em momento de expansão do setor, por que não fazê-lo para a Infraero, reconhecida internacionalmente pela sua competência na operação da infraestrutura aeroportuária? Aliás, 85% dos aeroportos em todo o mundo são públicos, inclusive nos EUA. O que leva o presidente da estatal, Gustavo do Vale, mesmo com a participação de 49% garantida nos 3 aeroportos, a declarar que a empresa "não vai interferir na administração. Vai ser um sócio parceiro"?

Uma dessas "parcerias", aliás, é de longa data dos petistas. E é através dela que A privataria petista será escrita, quando o for: são os três maiores fundos de pensão do país, comandados por... petistas!

Senão, vejamos: o consórcio Invepar Investimentos e Participações e Infraestrutura, vencedor do leilão por Guarulhos (com participação de 90%, os outros 10% são da operadora Airport Company South Africa), tem 82,7% de seu capital controlado pelos fundos de pensão Previ, Petros e Funbcef. A OAS, braço privado da Invepar, tem apenas 17,67% do capital.

Finalizando de forma clara: o BNDES vai bancar a aquisição do principal aeroporto do país para os "capitalistas sem capital" que são filiados ao PT. Vale ou não vale um livro?

* Membro do Comitê Central do PCB

sábado, 4 de fevereiro de 2012

PCB participa de ato nacional em solidariedade ao Pinheirinho


Cerca de cinco mil pessoas participaram neste dia 2 de abril do ato nacional em solidariedade à comunidade de Pinheirinho, assentamento de sem teto composto por 1.600 famílias na cidade de são José dos Campos, em São Paulo. O assentamento foi invadido no mês passado pela Polícia Militar do governo Alckmin e todos os moradores foram desalojados brutalmente, tendo suas casas sido destruídas num verdadeiro ato de guerra contra a população.

O ato nacional contou com a participação unitária de quatro centrais sindicais, a Conlutas, as duas intersindicais, o MST, a CUT, o MTST, centenas de sindicatos e movimentos sociais e populares de vários Estados do Brasil, além de partidos políticos, como o PSTU, o PCB, o PSOL e o PT, delegações internacionais e outras organizações de esquerda e revolucionárias do país. Durante o ato foram lidas ainda mensagem de várias organizações sindicais e populares do Brasil e do exterior, além de organizações de solidariedade de vários países.

A manifestação começou com uma concentração na Praça Afonso Pena, quando falaram aos manifestantes as várias organizações do movimento popular. Depois os manifestantes seguiram por quatro quilômetros em passeata, cantando palavras de ordem contra a repressão e de solidariedade aos moradores de Pinheirinho, tais como “Quem luta, não está sozinho, somos todos Pinheirinho”.

Posteriormente, os manifestantes se concentraram em frente à prefeitura Municipal de São José dos Campos, onde falaram as organizações nacionais, como a Conlutas, as duas Intersindicais, Unidos Prá Lutar, representante dos moradores de Pinheirinho e os partidos políticos como o PSTU, o PCB, o PSOL e o PT. Representado no ato por uma delegação de companheiros, falou no ato em nome do PCB o camarada Edmilson Costa, membro da Comissão Política do Comitê Central, que afirmou que a repressão pode ter destruído as casas dos moradores, mas não destruiu a solidariedade e a resistência dos trabalhadores.

“Prova disso é este ato unitário está reunindo operários, camponeses, os movimentos sociais e os partidos de esquerda”.

O ato nacional significou um importante momento de unidade de ação das forças do movimento popular e dos partidos de esquerda e indicou concretamente que somente a unidade do bloco de forças populares e revolucionárias é capaz de derrotar as forças conservadoras e o capital no Brasil.