domingo, 27 de janeiro de 2013

DECLARAÇÃO CONJUNTA DAS FARC-EP E O PCB


Iván Marquez (Chefe da Comissão Internacional das FARC) e Ivan Pinheiro (Secretário Geral do PCB)


Reunidos em Havana, capital mundial da paz e da solidariedade internacional, representantes das FARC-EP (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo) e do PCB (Partido Comunista Brasileiro) passaram em revista a conjuntura mundial, sobretudo a da América Latina, e da Colômbia em particular, dedicando-se com afinco a estudar possibilidades e alternativas que contribuam para uma expressiva mobilização das forças políticas e sociais antiimperialistas do nosso continente e de outros países, com vistas à criação de um amplo, unitário e pujante movimento pela paz democrática com justiça social na Colômbia e pelo cumprimento do que venha a ser eventualmente estabelecido nos diálogos por uma solução política do conflito colombiano.
Coincidem as organizações políticas que firmam a presente declaração com a necessidade de conscientizar as forças progressistas de Nuestra America de que a solução política do conflito colombiano é  do interesse de todos os povos irmãos da região, inclusive para a continuidade e desenvolvimento dos heterogêneos processos de mudanças que fazem de nosso continente objeto de esperanças dos povos e, por isso mesmo, de projetos golpistas e intervencionistas do imperialismo.
A paz frente ao imperialismo na América Latina, requisito para o avanço dos processos de mudanças, no caminho ao socialismo, depende da paz democrática em Colômbia.
E depende, ao mesmo tempo, de uma firme unidade internacionalista de solidariedade militante:
- à Revolução Cubana - inspiração de todas nossas rebeldias e exemplo de que é possível vencer nossos inimigos – nossa saudação a Fidel e Raul, ao partido e ao povo cubano, confiantes nos ajustes para avançar no socialismo, no fim do bloqueio desumano e na libertação dos Cinco Heróis de todos os povos;
- à Revolução Bolivariana da Venezuela - que passa por um momento de consolidação e de possibilidade de trânsito ao socialismo – nossos votos de restabelecimento do Presidente Hugo Chávez, nossa confiança nos partidos que compõem o Pólo Patriótico e no protagonismo do proletariado venezuelano;
- aos demais processos diferenciados de mudanças na América Latina, onde se destacam os desenvolvimentos na Bolívia, no Equador e na Nicarágua;
- à reivindicação argentina em relação às Ilhas Malvinas e à defesa de sua lei sobre os meios de comunicação, exemplo de contraponto à manipulação da mídia burguesa;
- à luta dos povos paraguaio e hondurenho contra os golpistas que violaram a vontade popular, a serviço das oligarquias locais e do imperialismo;
- à luta de todos os demais povos de Nuestra America, das suas organizações antagônicas à ordem que se dedicam a empurrar seus governos para o caminho das mudanças progressistas ou para derrotá-los e substituí-los.
Como internacionalistas, não podemos deixar de olhar o mundo em seu conjunto, analisando o agravamento da crise sistêmica do capitalismo, que pode conferir vigência dramática à disjuntiva socialismo ou barbárie.
Assim, denunciamos a aliança entre os países imperialistas centrais, coadjuvados pelo sionismo que, pela força das armas, recolonizam o mundo, tendo no momento como prioridade a dominação do Oriente Médio e da África, por suas posições estratégicas e imensas riquezas naturais.
Desta forma, registramos nossa solidariedade militante à luta pela Palestina Livre, repudiamos a intervenção estrangeira na Síria, que tem como objetivo fortalecer o projeto expansionista de Israel e de colocar o Irã às portas de uma guerra imperialista. E repudiamos a atual intervenção no Mali, parte do projeto que começou com a ocupação da Líbia, com vistas ao domínio de todo o território africano.
Saudamos o renascer das lutas dos trabalhadores europeus e de outros continentes em face da ofensiva do capital para que paguem pela crise.
Diante do crescente aumento da repressão e criminalização das lutas populares, da retirada de direitos e das guerras de rapina, nada mais vigente que a consigna de Marx e Engels, no Manifesto Comunista:
Proletários de todo o mundo, uni-vos!
Havana (Cuba), 16 de janeiro de 2013
Assinam:
Iván Marquez – Chefe da Comissão Internacional das FARC
Ivan Pinheiro – Secretário Geral do PCB

Não às ingerências dos imperialistas sobre Mali e às provocações de seus agentes islâmicos na Argélia




(Partido Argelino pela Democracia e pelo Socialismo)
"A chave da resistência é a edificação de partidos revolucionários decididos a pôr fim à exploração e à dominação capitalista e imperialista."
O imperialismo francês busca incansavelmente a execução de seu plano de controle político e militar total de suas antigas colônias africanas. Após a Costa do Marfim, onde suas tropas depuseram Gbagbo à força, o enviaram a uma prisão em Haia e instalaram no poder sua marionete Ouattara, agora é a vez de lançar sua força aérea e de desembarcar suas tropas no Mali sob o pretexto de combater grupos islâmicos armados no norte do país e de defender sua integridade territorial.
Após uma semana, os imperialistas franceses tentam realizar um de seus objetivos: implantar suas tropas no Mali de forma durável, transformar este país em cabeça de ponte a fim de controlar as riquezas do Sahel, sob a bênção da ONU, instância de barganha e de repartição do mundo em zonas de influência das potências imperialistas. Graças à assim chamada legitimidade internacional conferida a esta ação pela ONU, o imperialismo francês obteve o aval da CEDEAO [Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental, N. do T.], seu instrumento neocolonialista, para bancar o policial da África Francófona, fazer e desfazer os regimes africanos ao sabor de seus interesses.
O pretexto é grosseiro e hipócrita. Seja sob um governo de direita, seja sob um de “esquerda”, o imperialismo sempre se apoia sobre movimentos reacionários que se camuflam sob a religião para se contrapor à vontade de emancipação dos povos da dominação imperialista e neutralizar os dirigentes que o desafiam.
É matar dois coelhos com uma cajadada. Suas tropas fincam pé no Mali, e ele camufla sob esta intervenção seu plano de cerco à Argélia pelo sul tendo em vista reforçar as pressões sobre nossos governantes e pressioná-los ainda mais a aderir à via do compromisso e da ruptura com suas orientações anti-imperialistas tradicionais. O Partido Argelino pela Democracia e pelo Socialismo condena a autorização dada pelo governo argelino ao sobrevoo do território nacional pelos aviões militares franceses.
O imperialismo engana o povo malinês, ao qual tenta fazer acreditar que busca proteger de hordas obscurantistas. É necessário ser muito ingênuo, cego ou estar agindo de má fé para esquecer ou não enxergar que durante dezenas de anos estes grupos e seus regimes têm sido os melhores auxiliares do imperialismo, como o foram no Afeganistão, Bósnia, Kosovo, Líbia, e agora na Síria.
Será possível que tenhamos esquecido que durante os anos 90 os dirigentes socialistasfranceses apoiaram a Frente Islâmica de Salvação na Argélia, exigindo o reconhecimento de sua pretensa “vitória eleitoral” e contribuindo para a propagação de mentiras visando a inocentar os grupos islâmicos armados dos massacres cometidos na Argélia? Como podemos crer que as potências imperialistas libertarão os malineses da ditadura dos grupos obscurantistas, se foram elas mesmas que mergulharam a Síria em fogo e sangue para colocar estes mesmos grupos no poder com o apoio dos regimes monarco-teocráticos da Arábia Saudita e do Qatar?
O imperialismo se confronta com a mais grave crise econômica estrutural em sua história. Ele necessita dividir os povos. Embora afirme que os combate em certos países, em outros ele sustenta os grupos religiosos fanáticos que, nos países árabes e muçulmanos, impõem práticas religiosas medievais por meio do terror. Estas práticas têm por objetivo e resultado desviar a atenção, impedindo as pessoas de refletir sobre questões políticas, econômicas e sociais e sobre as medidas a tomar para se libertarem da pilhagem de suas riquezas pelas multinacionais, para abalar a dominação imperialista, para transformar de maneira revolucionária as bases econômicas de seus países.
O imperialismo mantém, aberta ou veladamente, a existência e a influência destes grupos. Ele tira proveito deles para justificar a vigilância policial sobre todos os povos. Ele difunde o racismo islamófobo. Ele atiça guerras internas nos países árabes e islâmicos. Ele se apresenta em seguida com a máscara do “salvador”. Ele, de fato, tenta de todas as maneiras criar os pretextos para despachar seus espiões, seus agentes, seus mercenários, seus assassinos a soldo e seus militares para esses países, instalando nos governos as suas marionetes.
O que se passa em Mali e o que acaba de se passar no complexo de gás de In Amenas com a incursão de grupos fortemente armados a partir da Líbia, a prisão de dezenas de reféns estrangeiros, o massacre de certo número dentre eles, nada mais é que a consequência previsível da intervenção militar na Líbia das potências imperialistas, dos EUA, da Inglaterra, da França, da OTAN, da União Europeia. A liquidação pela força do regime de Kaddafi com o apoio das forças mais retrógradas de seu país faz pairar sobre a Argélia graves perigos, e a expõe a todas as provocações armadas pelos serviços subversivos daquelas potências. A referida liquidação encorajou em toda parte as forças obscurantistas em sua marcha sinistra pela tomada do poder.
São as potências imperialistas que organizam a insegurança generalizada na região para justificar sua ingerência. O emir do Qatar, amigo dos dirigentes franceses, não esconde que subvenciona e apoia abertamente os terroristas islâmicos fundamentalistas enviados da Líbia ao Mali. Nenhum governo, nem mesmo o argelino, o condenou. Os dirigentes franceses logo depois exploraram a presença de grupos terroristas para se imiscuírem nos negócios do Mali.
Sob pretexto de dar assistência na luta contra os bandos terroristas armados, as potências imperialistas fazem pressão para que o regime argelino aceite o princípio da presença de seus “experts” militares no Saara argelino, primeiro passo em direção à instalação de bases militares destinadas a minar o país por dentro. O povo argelino não é bobo. Ele rejeita a intervenção das potências imperialistas em seus problemas internos, e reage com indignação às tentativas de dirigentes da Grã-Bretanha, dos EUA e de outros países de ditar suas prescrições aos responsáveis militares argelinos sobre a maneira de neutralizar estes grupos criminosos.
São os dirigentes das potências imperialistas que carregam a responsabilidade da morte de numerosos trabalhadores, técnicos argelinos e estrangeiros do campo de gás de In Amenas. Os comunistas argelinos exprimem sua solidariedade às famílias de todas as vítimas da operação terrorista de In Amenas, sacrificados pelo imperialismo para realizar seu plano de dominação da região.
Estes acontecimentos não surpreendem os comunistas argelinos. O Partido Argelino pela Democracia e pelo Socialismo preveniu diversas vezes aos trabalhadores e ao povo argelino quanto às consequências que adviriam da agressão imperialista na Líbia, e, de maneira geral, de sua agressividade contra o mundo. Mas não há fatalidade. Os trabalhadores e os povos detêm os meios para resistir e infligir derrotas ao imperialismo.
Cabe aos povos, a suas forças revolucionárias e progressistas, combater com seus próprios meios as correntes retrógradas, as ingerências e as guerras imperialistas que favorecem a expansão destas correntes, reforçam a exploração e a opressão dos povos. Frente a esta coalizão reacionária interna e externa, eles devem contar com a mobilização interna das massas trabalhadoras e com a solidariedade das forças progressistas no mundo todo. A chave da resistência é a edificação de partidos revolucionários decididos a pôr fim à exploração e à dominação capitalista e imperialista.
Partido Argelino pela Democracia e pelo Socialismo
19 de janeiro de 2013
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

PCB lança concurso cultural para logomarca do Centro de Formação Astrojildo Pereira



O Partido Comunista Brasileiro acaba de lançar concurso cultural que visa escolher a logomarca do Centro de Formação Astrojildo Pereira, cuja sede foi adquirida no final de 2012. A participação é livre e as artes devem ser encaminhadas em formato digital para o e-mail pcb@pcb.org.br .
"Todos podem participar: desenhistas, artistas plásticos, designers gráficos, militantes e amigos do Partido", afirmou o secretário-geral do PCB, Ivan Pinheiro.
A arte vencedora, que será escolhida pelo Secretariado Nacional do PCB, receberá ampla divulgação e seu autor será premiado com uma coleção de todas as publicações já editadas pela Fundação Dinarco Reis.

Uma marca para a luta dos comunistas


Foi com satisfação e alegria que o Partido Comunista Brasileiro recebeu solicitação dos camaradas do Partido Comunista do Egito para uso da logomarca de nossa "Reconstrução Revolucionária", desenho estilizado de um militante agitando a bandeira vermelha com a foice e o martelo.
Pedido prontamente aceito, o PCB, através de seu secretário-geral, Ivan Pinheiro, manifestou aos camaradas egípcios o orgulho em poder compartilhar a imagem: "Que essa imagem contribua para a luta contra o capital e o imperialismo, no Egito e no mundo. Ela foi criada pelo PCB, mas não mais lhe pertence e sim aos comunistas que a desejarem usar nos diversos países".

domingo, 13 de janeiro de 2013

A grande virada da resistência palestina


Mais de 250 mulheres e homens, sob o intenso frio do fim de madrugada de 11 de janeiro, fundaram Bab Al Shams (Porta do Sol), a mais nova vila palestina. Ali, no platô pedregoso de al-Tur, eles montaram, com a ajuda de ativistas de várias partes do mundo, dezenas de barracas para evitar a construção de novas casas para colonos israelenses. A construção da vila é uma iniciativa única e marca uma nova fase da resistência. Os palestinos, segundo a declaração distribuída durante a fundação da vila, não estão mais dispostos a esperar que o confisco de seu país se consume. O artigo é de Baby Siqueira Abrão.


A resistência palestina acaba de entrar em nova fase. Com a fundação da vila de Bab Al Shams, em 11 de janeiro, ela mostra que a partir de agora vai criar fatos consumados para retomar, na prática, aquilo que é seu por direito

Logo depois que a maioria dos países presentes à Assembleia Geral da ONU de 29 de novembro de 2012 reconheceram o Estado da Palestina nos limites anteriores à ocupação militar israelense de 1967, com Jerusalém oriental como capital, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyhau, decidiu desafiar a decisão. Em represália às Nações Unidas, anunciou a construção de três mil unidades habitacionais para colonos judeus, duas mil delas, além de centro comercial e educacional, em al-Tur, área próxima a Jerusalém oriental que Israel denomina E1.

Al-Tur fica no Estado da Palestina. E é importantíssima do ponto de vista geoestratégico. Construir ali uma extensão da colônia judaica de Ma’ale Adumin – ela também erigida ilegalmente em território palestino –, como quer o governo israelense, significaria dividir a Cisjordânia em duas partes. 

A Palestina ficaria, então, com três blocos geograficamente separados: Cisjordânia do norte, Cisjordânia do sul e Gaza. Todas elas sem nenhum tipo de comunicação umas com as outras. E sem acesso a Jerusalém.

O impacto na população palestina, lembra o Alternative Information Center (AIC), organização fundada e dirigida por pesquisadores palestinos e israelenses que apoiam a causa palestina, seria “desastroso”. As comunidades ficariam isoladas, o crescimento natural seria impedido e, como consequência, os moradores começariam a deixar as áreas vizinhas a Al-Tur. O caminho estaria aberto para o governo de Israel anexar mais terras a seu território.

Além disso, cerca de 2,3 mil beduínos que vivem em pequenas comunidades entre Ma’ale Adumin (localizada na Cisjordânia) e Jerusalém seriam expulsos. A maioria deles, diz o AIC, é composta de refugiados forçados a deixar o deserto de Naqab (em hebraico, Negev), ao sul da Palestina, quando os sionistas tomaram a região à força para fundar Israel. 

Mais: aproximadamente 50 mil palestinos das cidades de Anata, Abu Dis e Azaria ficariam praticamente isolados do resto do mundo, espremidos entre a colônia judaica planejada em al-Tur do lado leste e o Muro do Confisco e do Apartheid a oeste. A única comunicação com seu próprio país seria feita por uma estrada que corta Belém e Ramala.

Hora de mudar as regras do jogo
Pois foi exatamente nessa área sensível, fundamental para a contiguidade do Estado da Palestina, que mais de 250 mulheres e homens, sob o intenso frio do fim de madrugada de 11 de janeiro, fundaram Bab Al Shams (Porta do Sol), a mais nova vila palestina.

Ali, no platô pedregoso de al-Tur, eles montaram, com a ajuda de ativistas de várias partes do mundo, dezenas de barracas retangulares de tecido emborrachado branco e creme, estruturadas com vigas de ferro. Uma delas abriga uma clínica médica. Outra anuncia, com letras enormes, em árabe e em inglês: “Bab Al Sham Village”.

A construção da vila é uma iniciativa única e marca uma nova fase da resistência. Os palestinos, segundo a declaração distribuída durante a fundação da vila, não estão mais dispostos a esperar que o confisco de seu país se consume. A união entre comitês populares, movimentos de jovens, organizações da sociedade civil e os verdadeiros donos daquela área, fortalecidos pela decisão da ONU de reconhecer a Palestina como Estado, efetuaram a ação não violenta mais importante e decisiva dos mais de 100 anos de resistência ao sionismo – o movimento político que tomou para si, na base do terrorismo e da força, a maior parte da Palestina. Mas o real objetivo, como Ben-Gurion deixou claro em carta escrita a seu filho, e como os sionistas jamais esconderam – o projeto faz parte do programa do Likud, o partido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e de outros partidos de Israel –, é tomar a Palestina inteira.

Até hoje de manhã, os palestinos vinham assistindo, impotentes, o governo de Israel levar adiante esse plano, roubando suas terras, destruindo suas casas e seus meios de vida. A construção de Bab Al Shams é o ponto de virada dessa história. Nem mesmo os helicópteros que passaram a sobrevoar a nova vila assim que a notícia chegou aos ouvidos do governo sionista, nem os numerosos soldados que cercaram o local podem mudar isso.

Os palestinos desistiram de esperar que seu direito à autodeterminação lhes seja concedido. Decidiram conquistá-lo por conta própria. Apropriaram-se, na prática, do que sempre foi seu. Mostraram, ao retomar suas terras, a disposição de lutar por elas centímetro por centímetro. Colocaram os sionistas contra o muro que eles mesmo construíram.

Em Bab Al Shams, em meio à montagem das tendas, Abdallah Abu-Rahmah, líder do Comitê Popular de Bil’in, declarava aos repórteres, fazendo eco ao conteúdo da declaração de Bab Al Shams, que “Israel impôs fatos consumados durante décadas, diante do silêncio da comunidade internacional. Agora é hora de mudar as regras do jogo. Somos os donos desta terra e imporemos a nossa realidade”.

Na Itália, Luisa Morgantini, ex-membro do Parlamento Europeu, aplaudiu a iniciativa, lamentando apenas não estar em Bab Al Sham. Em alguma parte do mundo, os hackerativistas do grupo Anonymous aprovaram a ação direta da resistência palestina: “Este assentamento é nosso”, declararam eles no Twitter. “E vai permanecer de pé até que os outros [as colônias ilegais construídas por Israel] tenham ido embora.”

Em Ramallah, a Dra. Hanan Ashrawi, membro da Comissão Executiva da OLP, parabenizou os organizadores e deu total apoio à ação: “Estimulamos a resistência popular não violenta contra a ocupação israelense em todo o Estado da Palestina”, disse ela, lembrando as privações que os palestinos enfrentam para viver em seu próprio país. “A iniciativa é uma ferramenta criativa e legítima para proteger a Palestina dos planos coloniais de Israel. Temos o direito de viver em qualquer parte de nosso Estado. Conclamamos a comunidade internacional a apoiar ações como essa e a dar proteção àqueles que são ameaçados pelas forças ocupantes por exercerem seu direito de resistir pacificamente à ocupação ilegal de Israel.”

A reação do governo israelense
Desafiado por uma ação baseada em seus próprios métodos – criar fatos consumados para tomar terras palestinas –, o governo israelense despachou soldados para instalar postos de controle (checkpoints) nos acessos à nova vila e para cercá-la, além de emitir uma ordem de “evacuação”, exigindo que os moradores deixassem a área. Nenhum deles fez um único movimento no sentido de sair dali, até porque naquele mesmo momento a Suprema Corte de Israel decidia favoravelmente a um recurso interposto pela resistência. Durante seis dias, declarou o tribunal, Bab Al Shams permanece onde está.

À medida que a noite descia, em torno de fogueiras, aquecidos por cobertores e pelo chá, a tradicional bebida palestina, os moradores receberam a boa notícia de que a instalação elétrica da vila estava pronta. Luzes foram acesas nas tendas, e notebooks, já sem bateria, ligados. 

Aconchegados uns nos outros, palestinas, palestinos e ativistas estrangeiros preparavam-se para a primeira noite da nova vila. A primeira noite de um dia muito especial, marco da virada de um povo até então imobilizado por circunstâncias externas.

Em 11 de janeiro os palestinos decidiram fazer as próprias circunstâncias. A nova fase da luta contra o ocupação prosseguirá, como afirma a histórica Declaração de Bab Al Shams, cuja tradução vem a seguir.

Declaração de Bab Al Shams
Nós, filhas e filhos da Palestina, de todas as partes do país, anunciamos o estabelecimento da vila de Bab Al Shams. Nós, o povo, sem permissão da ocupação, sem permissão de ninguém, estamos aqui hoje porque este é nosso país e habitá-lo é um direito nosso.

Poucos meses atrás o governo israelense anunciou sua intenção de construir cerca de 4 mil unidades habitacionais na área que denomina E1. 

Trata-se de uma área de 13 km2 que fica no território palestino confiscado de Jerusalém oriental, entre a colônia de Ma’ale Adumin, construída na Cisjordânia ocupada, e Jerusalém. Não permaneceremos calados enquanto a expansão das colônias e o confisco de nosso país continua. Portanto, pela presente declaração, estabelecemos a vila de Bab Al Shams para proclamar nossa crença na ação direta e na resistência popular. 

Declaramos que a vila permanecerá em pé até que os donos destas terras tenham o direito de construir nelas.

O nome da vila foi retirado da novela Bab Alshams, do escritor libanês Elias Khoury. O livro descreve a história da Palestina por meio do amor entre um palestino, Younis, e sua esposa Nahila. Younis deixa a esposa para unir-se à resistência no Líbano enquanto Nahila permanece firme no que restou da vila de ambos, na Galileia. Durante os anos 1950 e 1960 Younis sai às escondidas do Líbano e volta à Galileia para encontrar a esposa na caverna de Bab Al Shams, onde ela dá à luz os três filhos do casal. Younis retorna à resistência e Nahila fica na caverna.

Bab Al Shams é a porta para nossa liberdade, é nossa firmeza. Bab Al Shams é nossa porta para Jerusalém. Bab Al Shams é a porta para o nosso retorno.

Durante décadas Israel tem criado fatos consumados enquanto a comunidade internacional permanece calada em resposta a essas violações. Chegou a hora de mudar as regras do jogo, de estabelecermos fatos consumados em nosso país. Esta ação, envolvendo mulheres e homens de norte a sul [da Palestina] é uma forma de resistência popular. 

Nos próximos dias criaremos vários grupos de discussão, faremos apresentações educacionais e artísticas, passaremos filmes nesta vila. Os moradores de Bab Al Shams convidam todas as filhas e todos os filhos de nosso povo para participar e juntar-se à vila, a fim de dar apoio a nossa resistência.




terça-feira, 1 de janeiro de 2013

2013


A vida de marajá de uma blogueira mercenária em Cuba: os dólares e os euros que financiam a oposição da Yoani Sanchez à Revolução Cubana




"La Dolce Vita" de Yoani Sánchez em Cuba

Ao contrário do que afirma, dissidente possui padrão de vida inacessível para a imensa maioria dos cubanos


por Salim Lamrani*



Ao ler o blog da dissidente cubana Yoani Sánchez, é inevitável sentir empatia por esta jovem mulher, que expressa abertamente sua oposição ao governo de Havana. Descreve cenas cotidianas de privações e de penúrias de todo tipo. “Uma dessas cenas recorrentes é a de perseguir os alimentos e outros produtos básicos em meio ao desabastecimento crônico de nossos mercados”, escreve em seu blog Generación Y. [1]

De fato, a imagem que Yoani Sánchez apresenta dela mesma – uma mulher com aspecto frágil que luta contra o poder estatal e contra as dificuldades de ordem material – está muito longe da realidade. Com efeito, a dissidente cubana dispõe de um padrão de vida que quase nenhum outro cubano da ilha pode se permitir ter. 

Mais de seis mil dólares de renda mensal.

A SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), que agrupa os grandes conglomerados midiáticos privados do continente, decidiu nomeá-la vice-presidente regional de sua Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação [2] por Cuba. Sánchez, que como de costume, é tão expressiva em seu blog, manteve um silêncio hermético sobre seu novo cargo. Há uma razão para isso: sua remuneração. A oposicionista cubana dispõe agora de um salário de seis mil dólares mensais, livres de impostos. Trata-se de uma renda bastante alta, habitualmente reservada aos quadros superiores das nações mais ricas. Essa importância é ainda maior considerando que Yoani Sánchez reside em um país de Terceiro Mundo em que o Estado de bem-estar social está presente e onde a maioria dos preços dos produtos de necessidade básica está fortemente subsidiada.


Em Cuba, existe uma dupla circulação monetária: o CUC e o CUP. O CUC representa aproximadamente 0,80 dólares ou 25 CUP. Assim, com seu salário da SIP, Yoani Sánchez dispõe de uma renda equivalente a 4.800 CUC ou a 120.000 CUP.

O poder aquisitivo de Yoani Sánchez

Avaliemos agora o poder aquisitivo da dissidente cubana. Assim, com um salário semelhante, Sánchez poderia pagar, a escolher:

- 300.000 passagens de ônibus;
- 6.000 viagens de táxi por toda Havana [3]
- 60.000 entradas para o cinema;
- 24.000 entradas para o teatro;
- 6.000 livros novos;
- 24.000 meses de aluguel de um apartamento de dois quartos em Havana [4]; 
- 120.000 copos de garapa (suco de cana);
- 12.000 hambúrgueres;
- 12.000 pizzas;
- 9.600 cervejas;
- 17.142 pacotes de cigarro;
- 12.000 quilos de arroz;
- 8.000 pacotes de macarrão;
- 10.000 quilos de açúcar;
- 24.000 sorvetes de cinco bolas;
- 40.000 litros de iogurte;
- 5.000 quilos de feijão;
- 120.000 litros de leite (caso tenha um filho de menos de 7 anos);
- 120.000 cafés;
- 80.000 ovos;
- 60.000 quilos de carne de frango;
- 60.000 quilos de carne de porco; 
- 24.000 quilos de bananas;
- 12.000 quilos de laranja;
- 12.000 quilos de cebola;
- 20.000 quilos de tomate;
- 24.000 tubos de pasta de dente;
- 24.000 unidades de sabão em pedra;
- 1.333.333 quilowatts-hora de energia [5]; 
- 342.857 metros cúbicos de água potável [6]; 
- 4.800 litros de gasolina;
- um número ilimitado de visitas ao médico, dentista, oftalmologista ou qualquer outro especialista da área de saúde, já que tais serviços são gratuitos;
- um número ilimitado de inscrições a um curso de esporte, teatro, música ou outro (também gratuitos).

Essas cifras ilustram o verdadeiro padrão de vida de Yoani Sánchez em Cuba e dão uma ideia sobre a credibilidade da opositora cubana. Ao salário de seis mil dólares pagos pela SIP, convém agregar a renda que cobra a cada mês do diário espanhol El País, do qual é correspondente em Cuba, assim como as somas coletadas desde 2007.

Com efeito, no período de alguns anos, Sánchez recebeu múltiplas distinções, todas financeiramente remuneradas. No total, a blogueira recebeu uma retribuição de 250.000 euros, ou seja, 312.500 CUC ou 7.812.500 CUP, quer dizer, uma importância equivalente a mais de 20 anos de salário mínimo em um país como a França, quinta potência mundial.

A dissidente, que primeiro emigrou à Suíça depois de optar por voltar a Cuba, é bastante sagaz para compreender que o fato de adotar um discurso a favor de uma mudança de regime agradaria aos poderosos interesses contrários ao governo e ao sistema cubanos. E eles, por sua vez, saberiam se mostrar generosos com ela e permitiriam gozar da dolce vita em Cuba.

(*) Doutor em Estudos Ibéricos e Latinoamericanos pela Universidade Paris Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani é professor titular da Université de la Réunion e jornalista, especialista das relações entre Cuba e Estados Unidos. Seu último livro é intitulado Etat de siège: les sanctions economiques des Etats-Unis contre Cuba, París, Edições Estrella, 2001, com prólogo de Wayne S. Smith e prefácio de Paul Estrade. Contato: lamranisalim@yahoo.fr; Salim.Lamrani@univ-reunion.fr ; Facebook: https://www.facebook.com/SalimLamraniOfficiel


Referências bibliográficas:

[1] Yoani Sánchez, “Atacado vs varejo”, Generación Y, 5 de junho de 2012. http://www.desdecuba.com/generaciony/ (site consultado em 26 de julho de 2012).
[2] El Nuevo Herald, “Yoani nomeada na Comissão da SIP”, 9 de novembro de 2012.
[3] De Havana Velha até o bairro Playa.
[4] 85% dos cubanos são proprietários de suas casas. Essa tarifa é reservada exclusivamente para os cidadãos cubanos da ilha.
[5] Até 100 quilowatt-hora, o preço é de 0,09 CUP a cada quilowatt-hora.
[6] 0,35 CUP por m³.




Cuba socialista comemora seu 54º aniversário de revolução


Entre todas as revoluções populares anti-sistêmicas que sublevaram a América Latina nos séculos XX e XXI - e são inúmeras -, a de Cuba vitoriosa no dia primeiro de janeiro de 1959,  conseguiu fazer malograr a estratégia de dominação dos Estados Unidos, mesmo sendo por esse cruelmente sabotada, bloqueada e embargada prejudicando seu desenvolvimento e levando muitos sacrifícios ao povo. Cuba é um exemplo para o mundo como experiência de transformação social, política e econômica. E, sobretudo, um exemplo de moral humana, de ética, de solidariedade, de coragem política como governo e povo. E para garantir tais conquistas Cuba possui uma poderosa força armada, disciplinada, coesa, solidária com outros povos oprimidos, defensora do socialismo e pronta para enfrentar qualquer tipo de aventura bélica preconizada pelos seus inimigos sejam eles internos e externos. Viva o povo revolucionário de Cuba em seu 54º aniversário de construção socialista!
Jacob David Blinder
VEJA OS VÍDEOS ABAIXO:
Forças Armadas de Cuba - Verdadeiro Poder Militar
Cubanos comemoram na Praça da Revolução o 50º aniversario da vitoria da praia Giron e da proclamação de Cuba como país socialista.
Primeiro de Maio: Festa eminentemente civil onde desfilam os trabalhadores cubanos

PCB adquire sede do Centro de Formação Astrojildo Pereira


Escola Nacional de Quadros funcionará no local
O PCB adquiriu, na última semana, o imóvel que servirá de sede para o Centro de Formação Astrojildo Pereira. Após meses de pesquisa e levantamento das possibilidades, os Secretários Geral e de Organização, respectivamente Ivan Pinheiro e Edilson Gomes, assinaram a escritura de compromisso de compra de uma casa nos subúrbios do município de Cachoeira Paulista, na região de Cruzeiro (SP), cumprindo decisão da Comissão Política Nacional.
O local abrigará a Escola Nacional de Quadros do PCB e servirá ainda como espaço para diversas atividades das organizações e instâncias do Partido e da UJC, além de eventos da Unidade Classista, de entidades e movimentos parceiros do PCB. Será um local também dedicado à solidariedade internacionalista.
"Trata-se de um imóvel em localização estratégica, equidistante do Rio de Janeiro e São Paulo, e próximo também de Belo Horizonte, com linha regular de ônibus para essas três principais cidades do Sudeste", comentou Edilson Gomes.
Por que Astrojildo Pereira?
A escolha do nome, segundo o Secretário Geral, foi do Comitê Central do PCB e homenageia um dos fundadores do Partido. Astrojildo não era um intelectual diletante. Foi um militante que soube aliar teoria e prática, na perspectiva da revolução socialista: formulador, agitador e organizador. Mesmo quando num período da nossa história foi posto à margem da direção partidária, manteve-se sempre fiel ao Partido.
O PCB precisará da solidariedade dos militantes, amigos e simpatizantes do Partido, para podermos inaugurar e manter o Centro de Formação Astrojildo Pereira.
Uma das primeiras necessidades é a escolha de uma logomarca para o Centro. Estamos pedindo sugestões de arte para a logomarca, através do endereço eletrônico nacional do Partido ( pcb@pcb.org.br ).
Campanha de finanças e trabalho voluntário
O camarada Edilson anunciou ainda que o Partido lançará em breve uma série de iniciativas visando obter recursos para complementar o pagamento do imóvel e reformar, ampliar e equipar o centro, que ainda não está em condições de uso coletivo, apesar da boa estrutura de sua construção. A previsão é que o centro seja inaugurado daqui a um ano, em janeiro de 2014. Trata-se de uma modesta casa, que dispõe de um terreno livre com proporções suficientes para a construção de auditório, salas e alojamentos.
Além da captação de finanças, outra forma militante de contribuir para a inauguração do espaço será o trabalho voluntário, com a formação de brigadas, que contarão com o decisivo protagonismo da juventude comunista, sob orientação de especialistas qualificados.
Nas palavras de Ivan Pinheiro: "Nada para nós é fácil. Nunca foi, nesses 90 anos. Precisamos do apoio financeiro dos amigos e simpatizantes, além - é mais que óbvio - da garra de nossa militância para estruturar o local. Mas é até bom que seja assim. Basta pensar que, há exatas nove décadas, Astrojildo e poucos militantes dispersos por um país continental, com péssimas condições de transporte e comunicações, se dispuseram a fundar o PCB para fazer a revolução socialista. É um exemplo para cada um de nós, nesse momento. Vamos honrar o heroísmo de nossos fundadores e inaugurar e manter nosso Centro de Formação".

Dilma: gargalhando da nossa cara


Olhar Comunista fecha 2012 destacando as falas da mandatária da República, em entrevista a jornalistas, dentre as quais afirmou achar "ridículo" falar em racionamento de energia, pediu para que "gargalhem" se for dada a justificativa de raios e disse que a responsabilidade pelos apagões vindouros é "falha humana". Pelo menos nessa última fanfarronice, ela tem razão: a culpa é toda sua, presidente!

Ex-ministra de Minas e Energia, Dilma "só pode estar de sacanagem", como diz a gíria popular. Ao invés de tentar fazer gracinhas com a imprensa, a presidente deveria assumir sua parcela de responsabilidade pela manutenção de um modelo privatista que assassina trabalhadores na ponta do sistema (são muitos os casos, principalmente de terceirizados nas distribuidoras de energia entregues à iniciativa privada), não garantem o investimento necessário por parte das companhias (sempre com o pires na mão nas portas do BNDES, a espera de uma boquinha em momentos de crise), que fazem explodir bueiros no Rio de Janeiro, que garantem taxas de lucro abusivas para as empresas e torna as contas altíssimas para a população, mesmo o Brasil possuindo uma barata matriz energética, que destrói nossos recursos naturais e ameaça comunidades indígenas e ribeirinhas, etc e etc.
Enfim, um modelo excludente e - sabemos agora - cheio de "gambiarras" que podem deixar o país às escuras. Por isso, presidente, é melhor ficar calada. Pare você de gargalhar da nossa cara...