Caracas, 08 Jun. ABN.- O dirigente do Comitê de Defesa da Associação Inter-étnica do Desenvolvimento da Selva Peruana (Aidesep) Shapion Noningo denunciou nesta segunda-feira numa entrevista com YVKE que a cifra de mortos em Baguá, Perú, poderia superar os 100 após a repressão policial iniciada na sexta-feira passada.
Em sua declaração, o membro da organização esclareceu igualmente que ainda é difícil determinar a cifra definitiva de vítimas devido ao toque de recolher e à suspensão das garantias constitucionais impostos pelo governo de Alan García.
Os povos indígenas peruanos que habitam a região da Amazônia reclamam há 50 dias a derrogação de vários decretos que permitem a privatização das terras dessa zona.
Frente aos protestos das comunidades originárias, o Governo peruano ordenou uma violenta repressão contra as pessoas que participavam deles.
O presidente García acusou os indígenas de ter uma suposta colaboração estrangeira, ao que Noningo sustentou que a luta dos povos amazônicos não se subordina a nenhum outro país ou Governo.
A partir das comunidades aborígenes se está exigindo o respeito à constituição peruana e aos direitos dos povos originários, indicou o dirigente.
Recordou que sua luta se iniciou contra os decretos- leis emitidos pela administração de García, que lesionam a soberania do país e permitem a privatização das terras e a entrega dos recursos naturais do Peru.
Fonte: Agencia Bolivariana de Noticias
protestos contra a política do presidente Alan García.
Cúpula social amazônica culpa Presidente peruano por mortes
Lima, 8 jun. (PL) - Um encontro de organizações sociais da Amazônia peruana responsabilizou o presidente Alan García pelas dezenas de mortes registradas nos últimos dias nessa região.
A Cúpula Social Amazônica, realizada na cidade de Tarapoto, na região norte-selvática de San Martín, assinalou que o mandatário ordenou os atos de violência e anunciou denuncias ante instâncias internacionais como a Corte Penal Internacional.
Também declarou uma semana de dolo regional pelas mortes registradas na sexta-feira e no sábado no desalojo de uma estrada bloqueada por indígenas e de uma estação do Oleoduto Norte Peruano.
A reunião celebrada no fim de semana exigiu ademais a renúncia do gabinete ministerial encabeçado pelo primeiro-ministro Yehude Simon.
A cúpula acusou Simon, a ministra do Interior Mercedes Cabanillas e o presidente do Congresso Javier Velásquez de desenvolver uma campanha de desinformação para eludir a responsabilidade do presidente García.
A campanha sustenta que os fatos de violência seriam produto de um complô extremista desestabilizador e antidemocrático que manipulou os indígenas, no qual estariam envolvidos interesses estrangeiros, ainda que o governo não apresente nenhuma prova.
O encontro das organizações sociais denunciou ao mesmo tempo a perseguição desatada contra o presidente da Associação Inter-étnica da Selva Peruana (Aidesep) Alberto Pizango e rechaçou a criminalização dos protestos.
A captura de Pizango, acusado pelo executivo de sedição, rebelião e outros delitos graves, foi ordenada no sábado por uma juíza, após pressões governamentais denunciadas e condenadas pelo presidente da Corte Suprema Javier Villa.
O dirigente está na clandestinidade e não se entregará nem buscará asilo no exterior, segundo afirma seu advogado.
A Cúpula Social Amazônica declarou por outra parte heróis os civis caídos que, segundo o encontro, sacrificaram suas vidas em defensa dos direitos amazônicos e dos recursos naturais da Nação.
Os protestos indígenas, iniciados em 9 de abril, pressionavam pela anulação de nove decretos que entregarão a selva às transnacionais e que foram ditados em acatamento ao tratado de livre comércio (TLC) com os Estados Unidos.
Exige-se o levantamento do toque de recolher de 15 horas estabelecido em Baguá e na localidade de Utcubamba e do estado de emergência decretado em 130 províncias da região selvática.
A cúpula garantiu sua participação numa Jornada Nacional de Luta convocada para a próxima quinta-feira por um bloco de organizações sociais nacionais em solidaridade com os indígenas amazônicos.
Fonte: Prensa Latina
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