domingo, 26 de agosto de 2012

Ser jovem é ser revolucionário!


Cuba: Uma escola de solidariedade!

Documentário sobre os brasileiros estudantes de medicina em Cuba e o Projeto da Escola Latino-americana de Medicina. Essa é uma produção coletiva de diversos estudantes brasileiros em Cuba e do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva-NESC, que contou com o apoio do cineasta cubano Ruben J. Perez, que contribuiu com seu conhecimento e experiência sem cobrar um centavo, por pura convicção do caminho escolhido pelo povo Cubano há mais de 50 anos.
Viva ao Povo Cubano!
Viva à Revolução!
Viva a solidariedade entre os povos!


sábado, 11 de agosto de 2012

A CLASSE TRABALHADORA REAGE A UM ATAQUE HISTÓRICO - Por: Osvaldo Coggiola

Na greve do funcionalismo público federal (Andes, Fasubra, Sinasefe, principalmente) se concentram todas as contradições da política brasileira. Em inícios de agosto, até os servidores (funcionários) da Polícia Federal votaram sua entrada em greve. A oferta de “reajustes” salariais do governo Dilma não cobre sequer as perdas dos anos em que os salários permaneceram congelados, sem falar na destruição da carreira funcional. Uma vez descontada a inflação, mesmo usando índices modestos e otimistas, os reajustes médios propostos pelo governo até 2015 variam entre 0,36% e 5,52% negativos. A “economia de caixa” que o governo pretende com o arrocho salarial federal está a serviço de uma política de subsídios ao grande capital. Não se trata apenas do pagamento da dívida pública, que compromete cerca de 50% do orçamento da União, mas também, entre outras coisas, da utilização do endividamento público para repasse direto de recursos a empresas privadas, subsidiadas pelo BNDES (que acaba de comemorar o destino do montante de R$ 342 milhões a um dos maiores conglomerados industriais do mundo - a Volkswagen). 

Desde 2008, o governo (então Lula) abriu mão de R$ 26 bilhões em impostos para a indústria automotiva: cada carteira assinada pelos monopólios do automóvel custou um milhão de reais ao país. O resultado? A remessa, por essas empresas, de quase R$ 15 bilhões ao exterior, na forma de lucros e dividendos, para cobrir os buracos de caixa das matrizes “em casa” (EUA, Europa, Japão) e a onda de demissões que ora se desenvolve no setor automobilístico. A crise mundial não perdoou o Brasil, como irresponsavelmente Lula insistiu em dizer ao longo de anos. A produção industrial recuou por três meses consecutivos, e o investimento por três trimestres consecutivos, em que pese os generosos créditos ao capital do BNDES com taxas subsidiadas, configurando um panorama de recessão. Isto em que pese o pacote de estímulos industriais, que perfaz a soma de R$ 60 bilhões (desoneração fiscal, ampliação e barateamento do crédito, redução de 30% do IPI, subsídios para as tarifas elétricas, etc.). Em energia, houve 10% de redução para as grandes empresas; os grandes empresários já pagam por uma energia subsidiada, mas continuam pressionando o governo para uma redução da carga tributária. Não bastasse todos os incentivos já oferecidos, como as reduções tributárias para estimular a venda de veículos e reduzir o estoque das montadoras nos pátios, agora o BNDES também oferece recursos para elas brincarem de “inovação tecnológica”.

A crise mundial bate diretamente à porta do país: o saldo comercial favorável de US$ 31,3 bilhões de novembro de 2011 (quando as exportações brasileiras bateram recordes históricos) recuou para US$ 23,9 bilhões em junho deste ano. A desaceleração do PIB já bate as previsões mais pessimistas. A taxa de juros de longo prazo foi reduzida de 6% para 5,5%, e o governo anunciou compras (máquinas, caminhões, ônibus) por valor de R$ 6,6 bilhões. O resultado? Menos de 1% de investimento no PIB, que não alcança para compensar nem metade da queda do investimento durante o primeiro trimestre de 2012. E novas demissões no setor automotivo, começando pela GM de São José dos Campos, que anunciou 1.500 demissões e um plano de delocalizações (o processo de demissões também vem afetando outras montadoras: Volkswagen, Mercedes, Volvo).

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2013 prioriza o superávit primário e não assegura reajuste para o funcionalismo público além do que for negociado até 31 de agosto, proporcionando a garantia do superávit primário para remuneração dos parasitas financeiros (em 2012 a parcela do Orçamento Geral da União destinada aos juros e amortizações da dívida já supera os 47%) e criando todo tipo de obstáculo para a recuperação das perdas salariais dos servidores públicos. Desde o Plano Real (1994), enquanto os gastos governamentais ficaram congelados, a LDO garantiu atualização da dívida de forma automática, mensalmente, e por índices calculados por uma instituição privada, índices que tiveram variação muito superior ao índice oficial de inflação, o IPCA. Sobre essa robusta atualização ainda incidem elevados juros reais (a Lei de Responsabilidade Fiscal limita gastos e investimentos sociais, mas não estabelece limite algum para o custo da política monetária), por isso a dívida brasileira é a mais cara do mundo, uma política que foi acentuada pelos governos do PT. A dívida federal tem sido atualizada automaticamente, mensalmente, pelo IGP-M. A dívida dos estados (com a União) tem sido atualizada automaticamente, mensalmente pelo IGP-DI. Ambos são calculados pela FGV e suas variações no período foram muito superiores ao IPCA.

A dívida pública brasileira já supera R$ 3,2 trilhões (em valores de novembro de 2011), ou 78% do PIB, e consome quase metade dos recursos da Federação. Tudo é bom para pagá-la, até o imposto de renda das pessoas físicas, modificado sob a justificativa de simplificação: diversas deduções foram abolidas, e o trabalhador está cada vez mais onerado; enquanto desde 1996 as “pessoas jurídicas” (empresas) podem deduzir juros calculados sobre o capital próprio, despesa não efetivamente paga, fictícia, que beneficia empresas altamente capitalizadas, como os bancos. Houve fechamento de postos de trabalho em grandes bancos, principalmente Itaú e Banco do Brasil. A rotatividade de mão de obra continua alta nas instituições financeiras e é utilizada para reduzir a massa salarial. O salário médio dos trabalhadores contratados, em número menor às demissões, foi 38,2% inferior ao dos desligados.

O arrocho salarial público e privado é, nesse quadro, o primeiro patamar para um ataque histórico com vistas a que “os trabalhadores paguem pela crise”. O corte de salário dos grevistas das universidades, por exemplo, é uma medida inconstitucional, pois desrespeita o preceito pétreo da autonomia universitária. A resposta do funcionalismo (especialmente docentes e funcionários educacionais) não se fez esperar: em tempo recorde foram paralisadas 58 das 59 universidades federais, e foram organizadas massivas marchas e jornadas de luta em Brasília. Isto pese à forte atuação de um pseudo sindicalismo pelego (Proifes) favorecido e subsidiado pelo governo (e a CUT) nas universidades. Os auditores fiscais empreenderam medidas de luta em todo o país, por um reajuste salarial de 30%, que chegaram a paralisar o polo industrial de Manaus. Os professores estaduais da Bahia já completaram quatro meses de greve com assembleias multitudinárias. Nos servidores do Ministério da Saúde (ex-INAMPS) e do MTE a proposta de greve por tempo indeterminado não foi aprovada, mas está se realizando um dia de paralisação por semana.

E os trabalhadores do setor privado também começaram a reagir, com o corte da Via Dutra pelos trabalhadores da GM, contra as demissões e o “banco de horas” (flexibilização trabalhista); em São José há um processo de reação dos metalúrgicos, com uma passeata com 2.500 trabalhadores e duas paralisações de duas horas (foi votado o “estado de greve”), além de outras greves, por enquanto localizadas. E teremos agora a entrada em cena de categorias fundamentais como correios, petroleiros, bancários e metalúrgicos com suas campanhas salariais no segundo semestre. Fundamental, após mais de vinte anos sem realizar greve, os trabalhadores eletricitários das empresas do grupo Eletrobrás – Furnas, Chesf, Eletronorte, Eletrosul e outras 10 empresas – paralisaram a partir de 16 de julho. A decisão pela greve foi tomada em assembleias realizadas em todo país. Os trabalhadores não aceitaram a contraproposta da empresa referente ao reajuste salarial, reivindicando 10,73% (a Eletrobrás ofereceu apenas 5,1%). A categoria tem cerca de 30 mil trabalhadores; a greve atinge 14 empresas, sendo oito são geradoras de energia. Os petroleiros (FUP) também discutem a possibilidade de greve.

A revolta crescente dos trabalhadores é a revolta das forças produtivas contra a decomposição do capital e a submissão nacional. A postura do governo Dilma frente à greve nacional dos docentes e, mais recentemente, dos técnicos e administrativos das universidades federais não é uma simples “contenda trabalhista”, embora a greve possua pauta precisa e objetiva: carreira, malha salarial e condições de trabalho (mais concursos e recursos para as instituições). Em 13 de julho, quando a greve dos professores das universidades federais já estava a ponto de completar dois meses, o governo finalmente ofereceu à categoria uma proposta, rejeitada pelas assembleias de base da categoria. A partir dos dados do ICV/Dieese e de uma projeção futura, o Andes estimou o reajuste necessário em, pelo menos, 35%. Para a maior parte dos docentes, a proposta do governo significará, em 2015, um salário real menor que o recebido em 2000. A tendência é a greve continuar: na rodada nacional de assembleias gerais, entre os dias 16 e 20 de julho, para avaliar a proposta apresentada pelo governo, os professores rejeitaram a proposta de modo categórico; as 58 AGs realizadas rejeitaram a proposta, a maioria por unanimidade.

Depois de agradar o capital (financeiro, industrial, comercial e agrário) com todo tipo de “bondades”, ao longo da última década, acentuadas no governo de Dilma Roussef, garantindo o total apoio político daquele, o governo define agora a agenda de um ataque histórico ao trabalho, mediante as “novas regras do INSS” (destruição da previdência social pública e fator 85/95: concessão de aposentadoria quando a soma da idade e do tempo de contribuição for de 85 anos para as mulheres e de 95 anos para os homens; sem falar que desde a implantação do “fator previdenciário”, o governo “economizou” R$ 21 bilhões, dinheiro roubado dos trabalhadores) e a “flexibilização do mercado de trabalho” (adequação de legislação trabalhista às necessidades do capital em crise): “Reforma da previdência, flexibilização das leis trabalhistas e privatizações são temas da velha Agenda Perdida, elaborada por economistas quando da primeira eleição de Lula, em 2002”, de acordo com um comentarista do capital, com vistas a “desobstruir os investimentos produtivos e cuidar do crescimento da economia pelo lado da oferta”. O que quer dizer este enigmático enunciado?

Segundo Valor Econômico, “a presidente Dilma Rousseff prepara para depois das eleições municipais a negociação com o Congresso de duas reformas: a da previdência do INSS, em troca do fim do fator previdenciário, e a que flexibiliza a legislação trabalhista, cujo anteprojeto está na Casa Civil e que deverá dar primazia ao que for negociado entre as partes sobre o legislado, ampliando a autonomia de empresas e sindicatos”. Seriam tomadas “medidas de concessão do serviço público ao setor privado, redução dos encargos da conta de energia elétrica, reforma do PIS/Cofins e incorporação de mais setores na desoneração da folha de salários”. Dilma realizaria o “trabalho sujo” que o governo Lula deixou pendente.

Porque agora? Pelo impacto da crise (mundial): só no Estado de São Paulo, nas plantas de São José dos Campos e São Caetano do Sul, a GM já demitiu em quinze meses mais de dois mil operários, 1.400 só em São José dos Campos. Entre outras coisas, a idade mínima de aposentadoria seria elevada (acabando com a aposentadoria por contribuição e instituindo a idade mínima de 65 anos para homens e 60 anos para as mulheres) e a desoneração da folha salarial, já implementada, seria acrescida da facilitação para demitir e contratar precariamente, ou “Contrato Coletivo Especial”. O governo propõe o “Acordo Coletivo de Trabalho com Propósito Específico” (ACE), que regulamentaria a criação de Comitês Sindicais de Empresa (CSE), ignorando a legislação trabalhista e os próprios sindicatos por categoria. É um ataque histórico às conquistas dos trabalhadores.

E há um recrudescimento do processo de criminalização das lutas e organizações dos trabalhadores e da violência contra os pobres que se manifesta nos assassinatos de dezenas de jovens pobres e negros pela polícia na periferia de São Paulo; violenta repressão às greves dos operários da construção civil (há operários presos até hoje em Rondônia, devido à greve que ocorreu de Jirau, em abril); a violência da desocupação do Pinheirinho; ameaças de morte a dirigentes e ativistas de movimentos populares da cidade e do campo. Diante disso também há um crescimento das lutas populares, tanto no campo quanto na cidade, como se expressou na resistência do Pinheirinho, em diversas outras ocupações urbanas, na luta quilombola (como no Quilombo do Rio dos Macacos, na Bahia).

A reação operária e sindical provocou que, surpreendentemente, “a Central Única dos Trabalhadores (CUT) repudia(e) veementemente a publicação do decreto governamental 7777 que prevê a substituição dos servidores públicos federais em greve por servidores estaduais e municipais” (isto sem falar no corte de ponto do funcionalismo ordenado por Dilma) e até uma fração do PT, até aqui caracterizada pela obsequencia, manifestasse que “no governo Dilma os salários foram congelados no primeiro ano de governo e as reposições inflacionárias passaram a ser promessas, feitas de forma parcelada e após o período de apuração”, o que é menos do que uma parte da verdade (os salários foram congelados bem antes). Ora, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT) encaminhou ao governo e ao Congresso Nacional um Anteprojeto de Lei que modifica a CLT e cria o Acordo Coletivo Especial, cujo conteúdo essencial é “fazer prevalecer o negociado sobre o legislado” nas relações de trabalho. Certamente, a CUT nada faz para unificar as lutas, e menos ainda para organizar um plano de lutas de toda a classe trabalhadora, mas essas manifestações públicas anunciam uma crise na base política histórica do governo petista. 

Está colocada, portanto, a luta por uma frente sindical e política pela defesa da classe trabalhadora, pela unificação das greves e das lutas do setor público e privado, e pela independência de classe. Depois de uma década, a base política do governo está rachando: sobre a base da mobilização, e das plenárias de base estaduais e nacionais, devemos propor a frente única das organizações operárias e populares, por um Plano Unificado de Lutas para fazer com que os capitalistas, não os trabalhadores e a nação, paguem pela crise.
Osvaldo Coggiola

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Vale a pena viver quando se é comunista


Notícias de Caracas - Por: Igor Fuser

"Se em algum lugar do mundo a eleição expressa a luta de classes, esse lugar é Caracas."


Na condição de jornalista, viajei a Caracas várias vezes nos anos 90. Minha lembrança é de uma metrópole deteriorada e perigosa, com um contraste social chocante. Voltei agora, no contexto da disputa eleitoral de 7 de outubro entre o presidente Chávez, que concorre a um novo mandato, e o candidato da oposição direitista.

Deparei com uma cidade agradável, em que a população desfruta do espaço público – recuperado – em vez de ficar reclusa dentro de casa. Não vi uma única criança pedindo esmolas ou em situação de abandono. Ninguém dormindo na calçada por falta de abrigo.

Na região central, atividades culturais promovidas pela prefeitura (de esquerda) reúnem milhares de pessoas, de dia e de noite.Casais dançam salsa, em plena rua. Dois teleféricos recém-construídos levam moradores pobres até o alto dos morros onde vivem. Visitei uma das maiores favelas caraquenhas. Por toda parte, clínicas de saúde (operadas por médicos cubanos), escolas, quadras esportivas, centros culturais, mercados estatais que vendem alimentos a preços mínimos.

Cooperativas de moradores estão reformando, com dinheiro público, as casas precárias. Para superar o déficit habitacional no país, o governo Chávez está construindo centenas de milhares de novas moradias populares, de qualidade e bem localizadas. Um novo corpo de segurança, a Polícia Nacional Bolivariana, foi criado para substituir a polícia tradicional, corrupta e truculenta.

Mas a desigualdade persiste. Num dos bairros mais ricos, passei em frente a mansões com campo de golfe particular – um luxo incomum até mesmo no Brasil. É em defesa desse estilo de vida privilegiado que a burguesia venezuelana tenta outra vez barrar os avanços da Revolução Bolivariana. Se em algum lugar do mundo a eleição expressa a luta de classes, esse lugar é Caracas.

(Artigo publicado no jornal Brasil de Fato, na semana de 1/8/2012)

domingo, 5 de agosto de 2012

UJC 85 ANOS - NOSSOS SONHOS JAMAIS ENVELHECEM!

Ser jovem é
ser revolucionário!

VI CONGRESSO NACIONAL DA UNIÃO DA JUVENTUDE COMUNISTA (INFORME POLÍTICO)

UJC 85 ANOS - NOSSOS SONHOS 
JAMAIS ENVELHECEM!
Julho de 2012. A história dos comunistas brasileiros regressa, depois de 90 anos, à cidade de Niterói, através de um jovial e vigoroso instrumento político de 85 anos, a União da Juventude Comunista (UJC). Lá a juventude do PCB debateu, estudou e organizou seu VI Congresso sob as mesmas necessidades e princípios que nortearam os fundadores de 1922 e 1927: a liquidação revolucionária do capitalismo.
Nascemos em 1927. Somos a primeira organização juvenil de esquerda a se organizar em nosso país. Trazemos a experiência balizada pelos anseios e lutas de nossa classe e as opções estratégicas do Partido Comunista Brasileiro, com erros e acertos, vitórias e derrotas. E é com esta bagagem histórica e compromisso reafirmado com a classe trabalhadora que apresentamos nossas propostas à juventude brasileira.
Nós, os jovens comunistas brasileiros, reunidos entre 12 e 15 de julho, avaliamos que o modo de produção capitalista é o principal inimigo da juventude e que sua continuidade representa uma ameaça à espécie humana, restando-nos uma única alternativa: lutar por uma sociedade socialista! Uma luta legítima, pois contra a destruição da humanidade ocasionada pela barbárie do capital. E tendo o socialismo como processo transitório para a emancipação dos trabalhadores, a sociedade comunista.
Uma das principais demonstrações dos limites históricos do capitalismo é a atual crise mundial, que revelou de maneira profunda e didática os limites estruturais desse sistema. Enquanto os governos capitalistas injetam trilhões para salvar banqueiros e especuladores, os trabalhadores e a maior parte da juventude pagam pela crise com desemprego, retirada de direitos sociais básicos e aprofundamento das desigualdades.
A hegemonia imperialista mantém sua ofensiva para tentar recuperar as taxas de lucro e conter os avanços dos processos de luta popular pelo mundo. Promovem guerras contra os povos, como no Iraque, Líbia, Afeganistão e mais recentemente na Síria; armam Israel para ameaçar a população da região e expulsar os palestinos de suas terras. Solidarizamos-nos com a luta dos trabalhadores gregos, espanhóis, portugueses e outros, contra os efeitos da crise do capital e de seus governos.
Na América Latina, desenvolve uma política de isolamento e sabotagem a governos progressistas como na Venezuela, Equador e Bolívia, além de seu permanente bloqueio, ameaças e mentiras contra Cuba socialista.
Acompanhamos, em nosso continente, dois importantes eventos de resistência anti-imperialista: a importante luta pela reeleição de Hugo Chávez na Venezuela e a solidariedade a todas as formas de luta do povo colombiano, com destaque para o ascenso do movimento político e social Marcha Patriótica. A eleição de Chávez, com todas as limitações, representa a possibilidade de maiores transformações na sociedade venezuelana e a sustentação a outros processos anti-imperialistas no continente. O movimento Marcha Patriótica se notabiliza hoje como o maior movimento de massas na América Latina, um aglutinador de todas as organizações do povo colombiano que anseiam pela paz com justiça social naquele país. Este movimento já vem sendo fortemente reprimido pelo Estado narco-terrorista colombiano e o seu braço paramilitar.
A UJC continuará, no Brasil, com sua consequente solidariedade aos povos em suas lutas contra o capital e o imperialismo, independente das suas formas de atuação. Solidarizamos-nos com a resistência do povo paraguaio ao golpe e denunciamos a negligência do governo brasileiro ao povo paraguaio. Os setores golpistas e as empresas como a Monsanto e a Cargill, os latifundiários, o governo estadunidense e a mídia internacional burguesa colaboram com a ditadura vigente, mantendo os interesses do capital. Nesse sentido, a UJC chama atenção para a necessidade de organizar comitês locais em solidariedade à luta do povo paraguaio, dando força aos atos e debates públicos, dos quais a UJC já participa, na perspectiva de fortalecer a rede de apoio da luta contra o golpismo imperialista no continente.
Os efeitos da crise no Brasil começam a se acelerar: cortes orçamentários em serviços sociais básicos, privatização de recursos naturais e estratégicos de nossa economia, precarização e flexibilização de direitos sociais são algumas medidas que o governo Dilma vem adotando em plena sintonia com os interesses das burguesias internacional e brasileira. Entendemos que o capitalismo brasileiro é parte do processo de acumulação mundial e integrante do sistema de poder imperialista no mundo, ressaltando-se que as classes dominantes daqui estão entrelaçadas ao capital internacional. As contradições inter-burguesas se voltam fundamentalmente à disputa de espaços dentro da ordem do capital imperialista, ainda que se mantenha subordinada a esta.
Do ponto de vista político e institucional, o Brasil consolidou seu estado burguês: está em pleno funcionamento um ordenamento jurídico estabelecido, reconhecido e legitimado, as instituições estão consolidadas no Executivo, Legislativo e Judiciário. Consolidação fundamentada através do fortalecimento do caráter burguês enraizado na sociedade civil brasileira, mediante um processo de dominação burguesa nos meios de comunicação, educação e nas organizações culturais. Também é importante ressaltar o processo de cooptação e amoldamento de diversas organizações e entidades do campo popular à ordem dominante em nosso país.
No entanto, acreditamos que o atual cenário de crise e ataques aos direitos básicos da juventude e dos trabalhadores tende a expor, de maneira mais clara, as contradições de classe na sociedade brasileira.
No último período, mesmo que dispersos, cresceram os movimentos de luta por uma educação e saúde públicas e de qualidade, além de movimentos grevistas de categorias ligadas diretamente à precarização das condições de trabalho, tais como os setores de serviços públicos e construção civil. As contradições do desenvolvimento capitalista tendem a acirrar a luta de classes em nosso país, emergindo daí a necessidade da construção do Bloco Revolucionário do Proletariado, enquanto um processo de aglutinação das lutas anticapitalistas e anti-imperialista em contraposição ao bloco burguês e seus aliados, dentro da perspectiva do socialismo-comunismo.
Para nós, Jovens Comunistas, a forma capitalista é antagônica à vida humana. Para sobreviver, o capital ameaça a vida e, portanto, para manter as condições básicas de produção e reprodução da vida, devemos superar o capital. Não há mais espaço para conciliação! Não somos nem seremos mais uma organização a idealizar uma impossível humanização do capitalismo. Afirmamos, com toda a certeza, que é chegada a hora de criar as condições para a revolução socialista! É esta estratégia que norteia as ações cotidianas da UJC, com as devidas mediações, em suas frentes de atuação: Jovens Trabalhadores, Movimento Estudantil, Cultura, além do seu formato de organização e questões transversais.
Neste cenário, compreendemos a grande importância de avançarmos na organização da frente de jovens trabalhadores. Em um momento histórico de amoldamento de instrumentos historicamente vinculados aos trabalhadores e desorganização da classe, os eixos de formação e fortalecimento ideológico dos jovens trabalhadores são fundamentais para a articulação com o cotidiano de precarização, superexploração e desemprego com a necessidade de luta contra o capitalismo. São necessárias campanhas temáticas pela sindicalização dos jovens trabalhadores, contra a flexibilização dos direitos trabalhistas e a precarização do estágio. Outro fator importante é a integração desta frente e de suas demandas específicas com a Unidade Classista e a política sindical do PCB.
No movimento estudantil, seguiremos com a tarefa de reconstrução do movimento estudantil brasileiro pela base. Isto não se dará pela mera disputa pelos aparelhos e cargos nas organizações estudantis, tais como UNE e UBES. Participaremos dos espaços e fóruns dessas entidades enquanto espaços de denúncia do seu atual alinhamento da entidade ao consenso burguês na sociedade brasileira, divulgando a necessidade de luta por uma Universidade Popular, alinhada a outro projeto de sociedade pautado pelos trabalhadores.
O falso dilema, colocado pelas tendências dominantes, que polariza o movimento estudantil, entre as entidades nacionais hoje existentes, nomeadamente UNE e ANEL, imobiliza grande parte do movimento em torno de disputas burocratizadas, fazendo com que as ações do movimento sejam levadas, por essas entidades, com o único objetivo de acumular forças para a disputa dos aparelhos e não para a construção de um projeto de educação e sociedade. É necessária a incisiva atuação dos comunistas nas entidades de base, nas escolas e universidades, executivas e federações de curso, para que o movimento estudantil retome sua ação protagonista na luta por uma educação pública emancipadora e popular, capaz de produzir conhecimento a serviço da classe trabalhadora e contribuir para consolidação da contra hegemonia proletária.
A UJC priorizará a construção do movimento nacional de luta por uma Universidade e Educação Popular, fortalecendo a articulação entre estudantes, professores, trabalhadores da educação e movimentos da classe trabalhadora. Ressaltamos que a luta por uma universidade pública, gratuita e democrática é condição necessária, ainda que insuficiente, para a produção e socialização de conhecimento contra e para além da ordem do capital. Impreterivelmente, a luta por uma Universidade Popular, nos atuais marcos históricos, é uma luta anticapitalista, um projeto em disputa, vinculado às demandas concretas dos trabalhadores se contrapondo ao projeto em curso de educação da burguesia e seus aliados.
Esta disputa se faz no cotidiano das lutas em defesa da educação pública, nas greves dos três segmentos da universidade, nas ocupações de reitorias, na luta contra as demissões de professores e pela reestatização das instituições privadas, nas intervenções dos movimentos culturais contra hegemônicos e, principalmente, na UNIDADE ORGÂNICAcom as demandas e movimentos da classe trabalhadora.
Em resumo, concebemos este movimento como algo necessariamente além dos muros da universidade e do próprio movimento estudantil. Devemos fortalecer todos os instrumentos, forjados nas lutas, em defesa da Universidade Popular como o Grupo de Trabalho Nacional de Universidade Popular, desdobramento prático do grande sucesso qualitativo e quantitativo que foi o I Seminário Nacional de Universidade Popular.
Na Frente Cultural, devemos estreitar laços com artistas e grupos culturais nas periferias, em bairros populares e onde ela apresente um caráter anticapitalista. A arte, produzida e identificada com o ser humano, é também aquela que denuncia a desumanidade do capital e da ordem burguesa. A luta contra a mercantilização da arte e do conhecimento, resultante da constante industrialização cultural capitalista, é um eixo norteador da UJC nesta frente.
Devemos constituir, nos locais onde atuamos, Centros de Cultura que articulem todos os que desejam a real democratização da produção e acesso à cultura. Procuraremos também estreitar laços com movimentos populares e qualquer forma de resistência dos trabalhadores em seus bairros e locais de trabalho, reafirmando o caráter organizativo e de luta em torno da cultura, de sua produção e reprodução social.
Nas condições de acirramento da luta de classes no Brasil, compreendemos que as lutas específicas são transversais e se chocam com a lógica do capital. A luta das mulheres, dos negros, das comunidades quilombolas, índios, GLBT, imigrantes e migrantes se chocam com a violência do mercado, seja nas desigualdades de rendimentos, no preconceito e discriminação ou no acesso a serviços elementares, porque o capital precisa transformar todas as necessidades materiais e simbólicas em mercadoria para manter a acumulação, ameaçando a vida e destruindo o meio ambiente.
É com estas diretrizes que devemos associar os movimentos específicos com as lutas gerais que iremos travar. No entanto, compreendemos a necessidade da juventude comunista avançar nos debates específicos e na sua política para estes movimentos. Por isso, faremos um conjunto de seminários com estes e outros temas, como a questão das drogas na sociedade brasileira.
É com ousadia, firmeza, estudo e organização que somos a juventude na contramão ao capital e suas representações. Na contramão dos que apregoam o conformismo, conclamamos a rebeldia. Rebeldia porque o mundo está velho demais para nossos sonhos, mesquinho demais para abrigar nossa alegria, triste demais para receber nossa paixão. Acomodado demais para poder sonhar em conter nossa rebelião!
Na contramão daqueles que deixaram de sonhar com a construção de um mundo novo e de um novo ser humano, nós, da União da Juventude Comunista- UJC, aglutinamos jovens que entendam e que se coloquem na contramão do capital, da exploração, da alienação; jovens prontos para lutar, não pelo trabalhador, mas com ele, construindo o mundo dos trabalhadores.
São com estes princípios de prática que organizamos jovens que apoiam e que possam, conosco, lutar pela construção do socialismo na perspectiva do comunismo, afirmando que o velho não venceu. A UJC, ao completar os seus 85 anos e realizar o seu VI Congresso Nacional, comemora, nas lutas da juventude brasileira, as diversas batalhas pelo socialismo. E, com consciência de suas responsabilidades históricas, os jovens comunistas erguem bem alto a bandeira do comunismo! Porque os nossos sonhos jamais envelhecem!
VIVA O INTERNACIONALISMO PROLETÁRIO!
VIVA A UNIÃO DA JUVENTUDE COMUNISTA!
VIVA O PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO!
VIVA A REVOLUÇÃO SOCIALISTA!
FOMOS, SOMOS E SEREMOS COMUNISTAS!
1° DE AGOSTO DE 2012 - UNIÃO DA JUVENTUDE COMUNISTA

sábado, 4 de agosto de 2012

100 anos do Partido Comunista do Chile (PCCh)

Ser jovem, ser revolucionário... UJC: 85 anos de lutas

Vladimir Lênin

Para que o PCB disputa eleições?

(Nota da Comissão Política Nacional do PCB)
Pode parecer difícil entender por que o Partido Comunista Brasileiro (PCB) disputa as eleições com poucos candidatos, em chapa própria ou em algumas coligações com pouca densidade eleitoral, reduzindo nossas chances de vitória.
É porque o povo é levado a pensar que a “política” se reduz às disputas eleitorais e acontece apenas de quatro em quatro anos, ou de dois em dois, já que eleições nos municípios não coincidem com as estaduais ou federais.
A mídia faz com que as eleições se transformem num “show”, escondendo o debate sobre os problemas reais vividos pela população. Nós do PCB não somos um partido eleitoreiro; não queremos crescer a partir de alianças e/ou acordos oportunistas, incompatíveis com nossas ideias e convicções. Por isso, a história das lutas dos trabalhadores brasileiros não pode ser contada sem que se fale no PCB. São 90 anos de vida ativa e coerente em defesa da classe trabalhadora.
O PCB desenvolve uma linha política revolucionária, e acha que nas eleições deve ocorrer um debate profundo sobre a vida dos trabalhadores nas cidades e no campo, que não está descolada da situação do país e do mundo. Os candidatos do PCB não participam das eleições apenas para tentar ganhá-las, mas para fazer com que este debate exista, avançando a luta dos trabalhadores e a organização dos movimentos sociais.
O momento exige uma reflexão sobre a necessidade de uma mudança radical no “desenvolvimento” das cidades. Este deve existir a partir das necessidades dos trabalhadores e das camadas populares, maiores vítimas da exploração e do caos urbano gerado pelo capitalismo. Afinal de contas, sentimos na pele a queda da qualidade de vida pelo aumento da violência e das doenças, pela desigualdade de acesso à educação, ao conhecimento e à cultura, pela destruição do meio ambiente.
O PCB se recusa a fazer parte do jogo sujo que transforma os partidos políticos em meros fantoches de grandes grupos econômicos que não se importam com os trabalhadores. Não usamos as eleições para fazer falsas promessas e enganar o povo. Afinal de contas, o trabalhador vai sendo alijado dos fóruns de decisão e cada vez mais se tornando massa de manobra em favor dos interesses dos poderosos.
Não achamos que “é feio” perder eleições. Entendemos exatamente o contrário; feio é ganhar eleições através da compra de votos, de falsas promessas, de políticas inconsistentes que transformam tudo em jogo eleitoral e afastam a participação popular após o pleito, que trata o eleitor como “consumidor” de candidatos transformados em “mercadoria” pelo marketing e as conveniências do momento.
Nessas eleições, em todas as cidades em que tiver candidatos, o PCB falará uma só linguagem, pois tem um como princípio o compromisso com os trabalhadores. Queremos sim eleger alguns dos nossos candidatos, para que os comunistas transformem seus mandatos em instrumento a serviço da denúncia política, da crítica ao capitalismo, da apresentação de propostas objetivas para os interesses da classe trabalhadora e, principalmente, do apoio às lutas populares e defesa de seus interesses.
Para o PCB, a política não se esgota no voto, não se limita à época das eleições. Os trabalhadores devem fazer política o ano todo, organizando-se, lutando e debatendo tudo que lhes diz respeito como o orçamento público, a educação, a saúde, os transportes, a cultura, a assistência social, a reforma urbana e agrária, a preservação ambiental. E principalmente uma nova sociedade, sem explorados nem exploradores.
Para podermos construir o verdadeiro Poder Popular, só com muita luta e organização todos os dias, não apenas no calendário eleitoral. Convidamos você a fazer parte desse projeto, não apenas através de seu votoconsciente no PCB mas principalmente de sua participação nos movimentos sociais e políticos populares organizados.
Construa ao nosso lado a nova ordem socialista! Só a luta muda a vida!

Até quando sangrará América Latina?