quinta-feira, 7 de maio de 2009

Unidade, organização e luta pelo 1º de Maio - Por Roberto De La Cruz - Secretário Geral do Partido Comunista Peruano


Vivemos uma nova época que corresponde a novos ideais frente ao desmoronamento ideológico fundamentalista do neoliberalismo, cuja concepção sustentava que os mercados resolviam tudo, sem necessidade de controle público, e do “consenso de Washington”, baseado na privatização, na liberalização, desregulamentação trabalhista e pagamento pontual da dívida externa; tudo isso acarretou o aumento da pobreza, a exclusão social de milhões de seres humanos, para beneficiar empresas transnacionais e governantes corruptos e assassinos.

O mundo enfrenta uma crise de grande magnitude cujos componentes – financeiros, militares, econômicos, energéticos, ambientais e moral – expressam uma crise sistêmica de duração prolongada.

A ofensiva ideológica do capitalismo nos anos 80 sustentava que “a historia da luta de classes tinha terminado”; “o capitalismo tinha triunfado sobre o comunismo de maneira definitiva” (Fukuyama); “os pobres não elegem, não decidem, os pobres simplesmente votam” (Edgar Jiménez). Este foi o conceito de democracia e liberdade política dos capitalistas, desenvolvido pelos meios de comunicação, que desenham os produtos políticos a serem consumidos (Lourdes, Castañeda, Fujimori, etc.), os únicos pelos quais se haveria de votar.

Esta campanha ideológica de satanização e destruição dos opositores estimulou também a invasão de territórios com o pretexto de perseguir terroristas. Esta guerra suja foi derrubada frente à vigorosa luta dos movimentos populares e ao avanço dos governos socialistas, patrióticos e progressistas no mundo (Cuba, Venezuela, Bolívia, Coréia do Norte, Equador, Paraguai, El Salvador, Nicarágua, etc.), paradigmas de modelos de sociedade com redistribuição da riqueza para as grandes maiorias, donas de seu futuro.

Agora os governantes do neoliberalismo em decadência pedem de joelhos que o Estado assuma a dívida de seus bancos, sendo que quando esta estiver sanada, eles continuarão no controle como se nada tivesse acontecido.

Neste contexto o movimento operário e os diversos movimentos sociais empreendem um combate direto aos governos fantoches do imperialismo, causando a queda dos governos da Bélgica, Islândia e Letônia, realizando greves e mobilizações na França, Hungria, Atenas, Haiti, Bélgica, Rússia, Roma e Saragoça, diante do crescente desemprego e da queda dos salários.

Na América Latina o impacto da crise será muito severo, em função da dependência de nossas economias e do papel que desempenham os grandes oligopólios transnacionais, as políticas de ajustes e redução de custos, que veem das matrizes e são aplicadas ao pé da letra em nossos países.

O ultraliberal Alan García governa com a direita (APRA – FUJIMORISMO – Unidad Nacional) impondo mais privatização, mais corrupção, mais repressão contra o povo, diante dos conflitos sociais que se expressam em mobilizações e paralisações nacionais: 11 de junho; 11 de novembro de 2007; paralisação agrária de 8 e 9 de julho; paralisação amazônica de 8, 9 e 10 de julho; e a paralisação nacional de 9 de julho de 2008. Ocorreram também as paralisações regionais de Moquegua e Tacna em defesa dos direitos trabalhistas, da soberania alimentícia, dos recursos naturais (água, bosques e as terras das comunidades nativas amazônicas) e em defesa dos mineiros.

Fica claro então que os governantes corruptos, aliados aos empresários parasitas de boa vida do Estado, socializarão as perdas e reabilitarão os grandes oligopólios à custa da fome do povo. Pretendem infligir uma esmagadora derrota ao campo popular, mediante uma recomposição reacionária de ordem burguesa.

O que fazer?

A tarefa de honra dos revolucionários é intensificar os esforços na organização e conscientização do campo popular. Desenvolver uma campanha ideológica para que aqueles que geraram a crise paguem por ela, que pela crise paguem os ricos e não os trabalhadores.

É preciso convencer a sociedade de que não existe solução dentro do capitalismo para a crise atual, mas somente paliativos. A solução verdadeira virá apenas através de uma alternativa socialista. Para isso a única arma com a qual o proletariado conta é a sua organização para derrotar o império em decadência e espremido pela crise em todas as esferas da vida.

Há que se coordenar e articular as lutas dos distintos grupos e setores sociais, respeitando suas tradições políticas e ideológicas, e a sua forma de organização autônoma.

Há que superar a falsa dicotomia entre partidos e movimentos sociais e organizações populares: a integração do vasto e complexo leque de demandas populares que fazem os partidos constitui uma contribuição indispensável para que encaremos uma exitosa luta anticapitalista. Por sua vez, deve-se aproveitar igualmente a enorme capacidade dos movimentos de receber e articular reivindicações populares e específicas dos distintos fragmentos do campo popular.

Impõe-se então desenvolver uma luta frontal contra o capitalismo, para a qual chamamos o movimento operário de nossa pátria e os diversos movimentos sociais do campo popular a fortalecer nossas organizações sindicais e populares, aprofundando a participação democrática na CPS [Coordenadora Político-Social] e na ANP [Associação Nacional dos Pensionistas do Peru], para defender a unidade de nossas organizações sindicais frente ao paralelismo propiciado pelo governo em cumplicidade com os fura-greves que servem à patronal.

Unidade, Organização e Luta para defender: o emprego e o salário; defender os recursos naturais das comunidades nativas e amazônicas; para reverter as privatizações; por uma reforma tributária para que pague aquele que tem mais; em defesa da água, dos portos e do petróleo como setores estratégicos de nossa economia; defesa da pequena e média agricultura, com créditos preferenciais através de um banco agrícola; elevação das pensões dos aposentados; defesa da soberania nacional; por educação e saúde públicas e de qualidade.

A unidade na diversidade e as lições das lutas empreendidas em nossa pátria nos convocam a dar um salto qualitativo, com unidade política para governar o país com os trabalhadores, os movimentos sociais, as regiões, os intelectuais, os partidos políticos da esquerda progressista, patriótica e nacionalista, por um governo democrático e antiimperialista rumo ao socialismo.

Será a melhor homenagem aos mártires de Chicago e aos mártires da esquerda peruana que ofereceram suas vidas pelas 08 horas e pela pátria nova.

Honra e glória aos mártires de Chicago e da esquerda peruana!

(tradução: Rodrigo O. Fonseca)

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