domingo, 18 de janeiro de 2009

Palestina: um povo preso entre ruinas, mas a milícia não se rende (Safa Joudeh)


Êxodo de milhares de famílias para o Norte, a pé e em carroças puxadas por mulas
Agora ao lado de Hamas combate a facção armada de Fatah.


GAZA – No décimo oitavo dia de guerra é o dia do Juizo Final para Rafah. Debaixo dos bombardeamentos contínuos dos caças F-15 e F-16, a cidade na fronteira com o Egito foi destruída pela metade: os edifícios pulverizados são pedaços de cimento.
Filas de milhares de famílias se movem para o Norte, perseguidas pelas bombas e pelos panfletos israelitas com a advertência para evacuar. Avós, pais, mães, crianças, carregando trouxas avançam a pé ou em carroças puxadas por mulas: as ruas destruídas pelos bombardeamentos, os carros transformados em ferro retorcido. Outros, massas que nãoo encontram abrigo nos refugios improvisados pelo UNRWA (the United Nations Relief and Works Agency for Palestine Refugees in the Near East) e já transbordantes, acampam com maquinas de lavar, tabuas de passar, brinquedos, com tudo o que conseguiram salvar das ruínas de suas casas.
Reaparece o cenário de devastação da guerra do Líbano em 2006, com uma diferença: Que a população civil, apertada em uma faixa de dunas de areia, sitiada nas fronteiras, não tem uma via de fuga. A multidão humana oscila para um lado e depois para outro, na esperança de evitar os tiros da terra, do céu e do mar.
A ofensiva terrestre desacelerou. Difícil entender, por de trás da cortina de fumaça, o que a realmente pôs freio à ofensiva terrestre: se as divergências ao no governo de Israel, ou o fogo das facções palestinas.
Israel fala de uma "resistência em fuga", obrigada a se esconder nos subterrâneos. O braço armado de Hamas, ao contrário, comunica uma emboscada que matou 10 soldados israelenses. Aquilo que é certo, é que se combate na periferia de cidade de Gaza, em Sheikh Ailin, em Karama, e Zeitun é isolada. Ao fogo dos tanques israelenses se misturam os tiros das armas dos milicianos, que se reuniram em um fronte unido, juntando os arsenais e banindo as diferenças politicas.
Ao lado de Hamas agora combate a facção armada do Fatah, o partido do presidente palestio Abu Mazen.
Pensando na intensidade do fogo cruzado há mais de 24 horas, a Defesa israelense provavelmente subestimou a capacidade de resistência palestina e de todas as suas facções. O breve avanço das forças israelenses durante a noite, se concluiu na alvorada com a retirada nas posições iniciais. O Hamas e a Frente Popular pela Libertaçaoo da Palestina continuam a se opor a iniciativa egípcia de uma trégua definitiva. A resistência teria aceitado, se fossem realmente derrotados.
Depois do anúncio da terceira fase da Operação “Chumbo derretido”, a Faixa de Gaza foi divida, com uma presença sempre maior de gente nas zonas de fronteira. O pessoal da ajuda humanitária não podem passar; no rádio ecoa o seu apelo que acabaram sob o fogo da infantaria israelense no subúrbio da Cidade de Gaza. Deviam evacuar os feridos da zona mais atingida, mas os tiros não permitem que eles prossigam ou voltem. Pelo telefone pedem para serem socorridos, e avisam que estão ficando sem baterias nos celulares.
Não é claro se essa grande invasão prometida pelo Estado israelense se materializará.
(14 janeiro 2009)

(Traduzido pela correspondente da UJC na Itália Dyliane Gonçalves)

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